Comportamento de cultivares de uva sem sementes no submédio São Francisco
Comportamento de cultivares de uva sem sementes no submédio São Francisco1INTRODUÇÃO
A produção de uvas de mesa sob condições irrigadas, na região semi-árida do
Nordeste do Brasil, concentra-se às margens do Rio São Francisco, com uma área
plantada em 2000 de 4487 ha e uma produtividade de 30 toneladas/ha/ano em duas
safras, o que significa um rendimento econômico médio de 80 milhões de dólares
(Agrianual, 2001). A maior parte das áreas está ocupada por variedades com
semente, mas este quadro está mudando gradativamente. A partir da década de
noventa, foram introduzidas comercialmente variedades sem sementes que só
recentemente adquiriram expressão econômica, pela demanda do mercado externo,
preços elevados em relação à uva com semente e grande aceitabilidade pelo
mercado consumidor nacional e internacional.
O mercado para uva de mesa sem semente é extremamente atraente. O Chile
exportou, na safra 1999/2000, 76,2 milhões de caixas de 5kg de uvas de mesa,
sendo 42,3 milhões de caixas para os Estados Unidos (Bown, 2000). Nesse
contexto a produção de uva sem semente nesta região vem crescendo rapidamente,
resultando em uma maior mobilidade mercadológica para o viticultor do Vale do
São Francisco.
No entanto, as variedades sem sementes, devido às dificuldades de adaptação às
condições tropicais do semi-árido nordestino, apresentam produções reduzidas e
irregulares, resultado de sua baixa fertilidade de gemas, desgrane elevado e
suscetibilidade à rachadura do pedicelo em condições de chuva durante a fase de
maturação, além de elevada suscetibilidade a doenças, especialmente ao cancro
bacteriano, causando grandes prejuízos aos viticultores desta região.
Silva et al. (1998), em levantamento de demandas prioritárias de pesquisa para
o Vale do Rio São Francisco, identificaram, como um dos principais problemas
tecnológicos, a necessidade de desenvolvimento de novas variedades de uvas sem
sementes de acordo com a tendência de comercialização de uvas de mesa no mundo.
O presente trabalho teve como objetivos avaliar aspectos relacionados ao
crescimento vegetativo e produtivo das plantas e as características e
composição química dos frutos de treze variedades de uvas sem sementes durante
cinco ciclos de produção, a fim de selecionar-se aquelas melhor adaptadas às
condições tropicais semi-áridas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Campo Experimental de Bebedouro, pertencente à
Embrapa Semi-Árido, localizado no município de Petrolina-PE, latitude 9º09' Sul
, longitude 40º 22' Oeste e altitude média de 365,5 metros.
Segundo a classificação de Köeppen, o clima da região pode ser classificado
como tipo Bswh, que corresponde a uma região semi-árida muito quente. O índice
pluviométrico anual é de 571,5 mm. A temperatura média anual é de 26,4ºC, com
média das mínimas de 20,6ºC, e média das máximas 31,7ºC. Os dados climáticos
referentes ao período estudado são apresentados na Figura_1.
O vinhedo no qual se realizou o experimento foi composto por uma coleção de
variedades de uva sem sementes, implantado em setembro de 1994, utilizando-se
como porta-enxerto da cv. IAC 572 'Campinas'. O sistema de condução empregado
foi a latada, com espaçamento de 4 x 2 m (1250 plantas/ha), e sistema de
irrigação localizada do tipo gotejamento. O período considerado no estudo
correspondeu aos anos de 1997 e 1998, sendo efetuadas avaliações de cinco
ciclos de produção. As datas de poda foram 14-01-1997, 16-06.-997, 13-11-1997,
25-03-1998 e 10-08-1998.
A coleção foi composta por variedades de uva sem sementes procedentes do Banco
Ativo de Germoplasma (BAG) de videira da Embrapa Uva e Vinho, em Bento
Gonçalves-RS: Emerald Seedless, Flame Seedless, Ruby Seedless, Emperatriz,
Arizul, Paulistinha, Marroo Seedless, Saturn, Canner, A1105, Thompson Seedless,
Delight, CG 39915, Pasiga, Loose Perlette, Beauty Seedless, A1581, Vênus e
Moscatuel. Entretanto, Emerald Seedless, Flame Seedless, Ruby Seedless, A1105,
Delight e Moscatuel foram eliminadas da coleção, tendo em vista a sua alta
suscetibilidade à infecção causada pelo fungo Botriodiplodia theobromae e,
portanto, não foram incluídas nas avaliações.
As plantas foram conduzidas com um braço primário e formação do tipo 'espinha
de peixe', isto é, braços secundários laterais dispostos simetricamente e
perpendicular ao braço principal. Foram realizadas podas de produção mistas com
varas e esporões, sendo as varas mantidas com aproximadamente sete a nove
gemas. Para a quebra de dormência, foram pulverizados todos os ramos podados
com cianamida hidrogenada (Dormex) à concentração de 5%. O manejo da copa
compreendeu ainda operações de desbrota, desnetamento, desfolha, desponte dos
ramos e raleio de bagas. As adubações, manejo da irrigação e tratamentos
fitossanitários foram realizados de acordo com as recomendações para a cultura
da videira nesta região (Souza Leão, 2000).
Os cachos foram caracterizados utilizando-se das seguintes variáveis: peso
médio (g), comprimento e largura (cm), formato e compacidade. Foram
identificadas, no início do primeiro ciclo de produção, três plantas para
avaliação do peso médio, comprimento e largura dos cachos, registrando-se os
dados de todos os cachos da planta. Para avaliação de formato e compacidade
predominante dos cachos, efetuou-se observação visual em uma planta que foi
mantida sem a realização de raleio de bagas para esta finalidade. Todas as
avaliações foram realizadas após a colheita dos frutos.
Para a avaliação das características das bagas, foram avaliados o comprimento
(mm), diâmetro (mm), peso médio (g), formato, sabor, consistência da polpa,
coloração, uniformidade de coloração e aderência ao pedicelo. O comprimento,
diâmetro e peso médio foram determinados em cinco cachos tomados ao acaso, nas
três plantas utilizadas para avaliação das características dos cachos.
Considerou-se como amostra para avaliação do comprimento, diâmetro e peso das
bagas a média de dez bagas de cada cacho, isto é, cinqüenta bagas por planta ou
repetição. O formato, coloração, uniformidade de coloração e aderência ao
pedicelo foram determinados por observação visual, enquanto o sabor e
consistência da polpa, por análise sensorial.
As análises do teor de sólidos solúveis totais (SST) e acidez total titulável
(ATT) foram realizadas após a colheita dos frutos no laboratório de Fisiologia
Vegetal da Embrapa Semi-Árido. Utilizou-se como amostra o suco extraído de
cinqüenta bagas por planta e três plantas ou repetições. Tomou-se uma gota
deste suco para leitura do teor de sólidos solúveis totais (ºBrix) em
refratômetro. A acidez total titulável foi determinada pela utilização de uma
alíquota de cinco ml do suco de uva misturado a quinze ml de água destilada.
Esta amostra foi titulada com NaOH a 0,1N padronizado, tendo como indicador a
fenolftaleína 0,1%, expressando-se os resultados em gramas de ácido
tartárico.100 ml de suco-1.
Com os dados obtidos, determinou-se a relação sólidos solúveis totais/acidez
total titulável ("ratio") que foi expressa pela relação ºBrix/Acidez.
O vigor das plantas foi avaliado através do peso dos ramos de poda em kg/
planta, determinados pelo peso médio de todos os ramos sem folhas da planta
coletados no momento da poda, considerando-se treze repetições (plantas) por
variedade.
A produção foi obtida pela soma total do peso de todos os cachos da planta (kg/
planta). Para determinação da produção média e número de cachos por planta,
foram utilizadas treze plantas ou repetições.
As variedades foram caracterizadas utilizando-se como critério os descritores
propostos pelo International Plant Genetic Resources Institute (1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se observar, pela Tabela_1, que os menores pesos dos ramos foram obtidos
na variedade Vênus em todos os ciclos, indicando o menor vigor demonstrado por
esta variedade. A variedade Thompson Seedless apresentou uma média geral de 9,3
kg de ramos/planta, seguida pela CG 39915 com 7,8 kg, destacando-se como
variedades mais vigorosas. Albuquerque (1998) comenta que, em condições de
clima tropical, a variedade Thompson Seedless apresenta-se excessivamente
vigorosa com ramos que crescem em torno de dez metros de comprimento num
período de quatro meses, em detrimento da produção de frutos.
A variedade Vênus foi considerada uma variedade vigorosa, segundo Moore &
Brown (1977) e Camargo & Mandelli (1993); entretanto, nas condições em que
se realizou este trabalho, as plantas de 'Vênus' apresentaram baixo vigor
vegetativo.
As variedades Vênus, Marroo Seedless, CG 39915 e Saturn foram as variedades
mais produtivas, enquanto 'Emperatriz', 'Thompson Seedless' e 'Loose Perlette'
apresentaram as menores médias de produção e número de cachos por planta.
As variedades não apresentaram produção (peso de cachos e número de cachos por
planta) estável ao longo do tempo, alternando ciclos de maior produção com
outros de produção reduzida. Os valores obtidos para produção (número de cachos
e peso médio por planta) e vigor (peso dos ramos), em todas as variedades,
demonstram uma relação inversa entre produção de frutos e desenvolvimento
vegetativo da planta.
Considerando-se dois ciclos de produção por ano, obtêm-se os seguintes valores
para produtividade (t/ha/ano): 24 t/ha em 'Vênus'; 20 t/ha em 'Marroo
Seedless'; 18 t/ha em 'CG 39915'; e 17 t/ha em 'Saturn'. As variedades
apresentaram produtividades muito inferiores àquelas 30 a 40 t/ha mencionadas
para uva Itália no Vale do Rio São Francisco (Albuquerque, 1996; Silva et al.,
1998). Entretanto, pode-se observar, pela Tabela_1, que 'Vênus' e 'Marroo
Seedless' apresentaram produtividades satisfatórias de, respectivamente, 9,45 e
7,82 kg/planta. Essas variedades demonstram, portanto, um grande potencial para
cultivo no Vale do Rio São Francisco.
As produtividades (t/ha) obtidas nas variedades Vênus e Marroo Seedless são
inferiores àquelas observadas por Camargo et al. (1997) em 'Perlette' e
'Centennial Seedless', mas semelhantes à produtividade das variedades 'Flame
Seedless', 'Moscatuel' e 'Catalunha', nesta mesma região.
O peso médio dos cachos para os cinco ciclos de produção variou entre 73g na
variedade Paulistinha a 231 g na variedade Emperatriz.
Segundo a classificação proposta pelo International Plant Genetic Resources
Institute (1997), todas as variedades apresentaram peso médio de cachos baixo.
Isto realmente pode ser verificado quando estes resultados são comparados
àqueles obtidos em outras variedades no Vale do Rio São Francisco.
O comprimento e largura médios dos cachos demonstrou, em todas as variedades, a
mesma tendência de alternância entre os ciclos de produção ou datas de poda
observadas em relação ao peso médio de cachos, isto é, os cachos aumentaram os
seus comprimento e largura do 1º para o 2º ciclo, diminuindo nos dois ciclos
seguintes e voltando a aumentar no 5º ciclo.
De acordo com os descritores propostos pelo International Plant Genetic
Resources Institute (1997), pode-se observar que a maioria das variedades
apresentaram cachos curtos; apenas os cachos de 'Arizul', 'Beauty Seedless',
'Canner', 'Emperatriz' e 'CG 39915' podem ser classificados com comprimento
médio. Os comprimentos de cachos obtidos são inferiores aos 20,0 cm que
menciona Gayet (1993) como adequados em uvas para exportação.
Este comportamento oscilante na qualidade dos cachos e, conseqüentemente, na
produtividade ao longo de ciclos sucessivos de produção ocorre com freqüência
em condições tropicais. Alguns fatores que podem contribuir para esta situação,
são a redução da capacidade produtiva e vigor das plantas observadas após
sobrecargas de produção, deficiências no manejo e alterações climáticas
associados a maior incidência de doenças.
Os resultados obtidos para as características de peso médio, comprimento e
largura dos cachos foram inferiores àqueles encontrados na literatura em outras
regiões para estas variedades, evidenciando que as condições climáticas do Vale
do Rio São Francisco (Figura_1) não permitiram uma plena expressão das
características varietais.
As variedades não apresentaram um tamanho semelhante de bagas nos cinco ciclos
de produção. As épocas de poda que foram mais favoráveis ao crescimento de
bagas em uma determinada variedade, nem sempre repetiram este efeito nas demais
variedades. Apesar disso, pode ser observada uma tendência de o 1º ciclo
resultar em bagas de maiores comprimento e diâmetro para a maioria das
variedades.
Conforme pode ser observado pela Tabela_1, as variedades Emperatriz e A1581
destacaram-se com os maiores comprimentos médios de bagas, apresentando,
respectivamente, para os cinco ciclos, uma média de 23,0 e 22,6 mm. Por sua
vez, as variedades A1581 e Marroo Seedless apresentaram os maiores diâmetros,
ou seja 19,5 e 18,3 mm, respectivamente. O maior tamanho das bagas da variedade
A1581, em todos os ciclos de produção estudados, pode ser justificado pelo fato
de a mesma ter apresentado sementes, favorecendo a produção de hormônios de
crescimento no interior da baga. Estas diferenças observadas entre as
variedades quanto ao tamanho de bagas eram esperadas, uma vez que esta
característica possui elevado controle genético e depende do formato da baga de
cada variedade. Os tamanhos de bagas obtidos são semelhantes aos encontrados
por Camargo et al. (1997) e Souza Leão et al. (1999) em outras variedades de
uva sem sementes, na mesma região deste estudo.
É possível, de acordo com os resultados obtidos para comprimento de bagas,
classificar as variedades Vênus, Arizul, Beauty Seedless, Marroo Seedless,
Pasiga, Paulistinha e Loose Perlette como variedades de tamanho médio de bagas,
enquanto 'Canner', 'Thompson Seedless', 'CG 39915', 'Saturn', 'Emperatriz' e
'A1581' podem ser consideradas de tamanho mediano a grande.
O diâmetro das bagas, geralmente, é a principal variável utilizada como medida
para avaliar-se o tamanho das bagas de uma determinada variedade. Segundo
Carraro & Cunha (1994) citados por Gonçalves (1996), as normas de qualidade
para exportação de uvas de mesa para os Estados Unidos, na classe US Extra,
exigem um diâmetro de bagas mínimo de 17,5 mm para variedades de uva sem
sementes. De acordo com os resultados apresentados na Tabela 3, as variedades
Vênus, Marroo Seedless, Pasiga, Saturn, Emperatriz e A1581 atendem a estes
padrões de qualidade.
As variedades A 1581, Marroo Seedless e Vênus destacaram-se com as maiores
médias para peso de bagas (Tabela_1). De acordo com os descritores do
International Plant Genetic Resources Institute (1997), todas as variedades,
com exceção de 'Vênus', 'Marroo Seedless', 'Pasiga', 'Emperatriz' e 'A 1581'
apresentaram baixo peso médio de bagas. Estas, por sua vez, podem ser
classificadas com peso de bagas mediano.
As diferenças observadas no tamanho das bagas, nas diferentes épocas de poda,
pode ser devido a influência da temperatura (Figura_1) sobre o crescimento das
bagas.
É importante salientar que os resultados podem ser considerados satisfatórios,
uma vez que não foram utilizados reguladores de crescimento para aumentar o
tamanho das bagas, ou seja, eles exprimem apenas o potencial genético de cada
variedade e sua interação com o ambiente.
As médias para teor de sólidos solúveis totais e acidez total titulável, de
maneira geral, apresentam comportamento inversamente proporcional, pois durante
a fase de maturação dos frutos, enquanto ocorre a degradação e redução da
síntese, principalmente dos ácidos málico e tartárico, observa-se uma
acumulação contínua de açúcares, especialmente glicose e frutose (Carvalho
& Chitarra, 1984; Calò et al., 1996). As épocas de poda exerceram grande
influência na composição química dos frutos. Entretanto, foram encontradas
respostas diferentes das variedades em relação às condições ambientais
predominantes em uma determinada época de poda ou ciclo de produção. Estas
variações eram esperadas, pois, de acordo com Calo et al. (1996), a expressão
quantitativa dessas características que são qualitativas, dependem
principalmente da interação entre genótipo e clima, e por este motivo é muito
difícil encontrar-se respostas semelhantes em diferentes épocas.
'Vênus' destacou-se com a maior média para sólidos solúveis totais (Tabela_1).
Apenas as variedades Pasiga, CG 39915 e Canner apresentaram teor de sólidos
solúveis totais inferior ao mínimo recomendado de 15°Brix para a região do Vale
do Rio São Francisco (Gayet, 1993; Albuquerque, 1996).
Quanto à acidez total titulável, Carvalho & Chitarra (1984) comentam que
valores acima de 1,5% podem ser considerados elevados; entretanto, as médias,
em todas as variedades, foram inferiores a 1,0 g de ácido tartárico.100 ml de
suco-1, o que significa que todas elas apresentaram baixa acidez, conseqüência
também das elevadas temperaturas da região, que, segundo Calò et al. (1996),
favorecem a redução da acidez dos frutos.
As variedades Vênus, Marroo Seedless, Saturn e CG 39915 apresentaram as maiores
médias para a relação SST/ATT, enquanto em 'Arizul', 'A1581'e 'Emperatriz'
foram obtidos os menores valores. De acordo com as médias apresentadas na
Tabela_1, pode-se observar que todas as variedades, com exceção de 'Arizul',
'A1581'e 'Emperatriz', apresentaram valores de relação SST/ATT iguais ou
superiores àqueles mencionados por Gayet (1993). O equilíbrio entre açúcares e
ácidos totais obtidos neste trabalho, segundo Carvalho & Chitarra (1984)
permite inferir-se do sabor agradável apresentado pelas variedades.
De acordo com os descritores do International Board for Plant Genetic Resources
(1997), as variedades Vênus, Thompson Sedless, Saturn e Paulistinha são
classificadas com médios teores de sólidos solúveis totais, enquanto, em
'Beauty Seedless', 'CG 39915', 'Pasiga', 'Canner' e 'Emperatriz', estes teores
foram baixos. Em relação à acidez total titulável, as médias obtidas para os
cinco ciclos indicam que todas as variedades, com exceção de CG 39915 e Saturn,
apresentam conteúdo médio de acidez.
Pode-se observar que as condições climáticas do Vale do Rio São Francisco, com
temperaturas médias elevadas durante a fase de maturação, favorecem uma maior
concentração de açúcares e a redução da acidez nos frutos, contribuindo para a
melhoria do sabor e qualidade da uva.
Em relação às características qualitativas dos cachos e bagas, pode-se observar
pela Tabela_2 que as variedades apresentaram colorações verde, amarela, rosada
e preta. O formato das bagas pode ser classificado como ovóide, elíptica ou
globosa, e a consistência da polpa, segundo a variedade, foi mucilaginosa,
fundente, carnosa ou crocante. As variedades apresentaram ainda variações
quanto à sua resistência ao desgrane de bagas, destacando-se a 'Pasiga',
'Arizul', 'Beauty Seedless', 'Canner' e 'Marroo Seedless' pelo seu baixo
desgrane.
CONCLUSÕES
1. As variedades Vênus e Marroo Seedless demonstraram grande potencial para
cultivo nas condições do Vale do São Francisco, com produtividades superiores a
20 t ha/ano.
2. Nas condições de cultivo, o vigor excessivo inviabilizou a produção
comercial das variedades Emperatriz, Thompson Seedless, Loose Perllete e
Canner, e as produtividades médias evidenciam boas possibilidades para Vênus e
Marroo Seedless.
3. Quanto aos cachos e bagas, verificou-se que, com exceção da 'Vênus', as
demais variedades produziram cachos com características inferiores aos
respectivos padrões varietais. As variedades Vênus e Marroo Seedless
apresentaram cachos que atendem aos padrões de qualidade para exportação. O
teor de SST e ATT foram satisfatórios na maioria das variedades.