Uso da solução salina para manutenção de acessos venosos em adultos: uma
revisão
REVISÃO
Uso da solução salina para manutenção de acessos venosos em adultos: uma
revisão
Use of saline solutions for the mantenaince of venous catheters in adults: a
review
Uso de la solución salina para la manutención de sondas venosas en adultos: una
revisión
Francimar Tinoco de OliveiraI; Lolita Dopico da SilvaII
IMestranda do Programa de Enfermagem da UERJ. Enfermeira Monitora da Educação
Continuada do Hospital Pró-Cardíaco. Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva
do Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ
IIDoutora. Professora Adjunto e orientadora do Curso de Mestrado da Faculdade
de Enfermagem da UERJ, Rio de Janeiro, RJ. Enfermeira do Ministério da Saúde.
Coordenadora do Curso de Especialização de Enfermagem Intensivista da UERJ.
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1. INTRODUÇÃO
A terapia intravenosa (IV) é considerada como um importante recurso
terapêutico, sendo indicado para a maioria dos pacientes hospitalizados,
representando por vezes uma condição prioritária para o seu atendimento.
Entre todas as atividades realizadas pelos profissionais de enfermagem a punção
venosa periférica é uma das mais freqüentes, exigindo competência técnica para
sua realização, destreza manual e domínio de anatomia e fisiologia1. Assim,
fatores como habilidade prática, a escolha do dispositivo e da veia adequada, a
documentação e avaliação do cuidado com o acesso intravascular devem ser
consideradas pelo enfermeiro como resultantes de uma reflexão onde se objetiva
o melhor cuidado a ser prestado(1).
Verificando fontes de dados internacionais(2,3), encontramos relatos de
instituições hospitalares onde a presença de equipes de enfermeiros
especializada em terapia IV é justificada por contribuírem com a qualidade do
serviço oferecida a população, o que se procura garantir através do constante
desenvolvimento de práticas padrão, estabelecidas pela Infusion Nursing
Society.
A prática da irrigação (flushing) vem sendo realizada com solução salina ou com
solução heparinizada(3,4) com várias finalidades porém as principais são a
manutenção da permeabilidade e a prevenção de complicações decorrentes da
associação medicamentosa
Anteriormente, a manutenção da permeabilidade de acessos venosos era mantida
prioritariamente com soluções heparinizadas4. Sabe-se que a heparina inibe a
formação de coágulos de fibrina in vitro e in vivoe, que seu efeito
anticoagulante é praticamente imediato(5). Dadas essas propriedades, a solução
heparinizada pode ser utilizada como agente de manutenção da permeabilidade de
dispositivos intravenosos, tendo demonstrado sua eficácia há vários anos(4).
A prática da salinização tem sido pesquisada há alguns anos, apresentando como
vantagens à heparinização o baixo custo, ser um procedimento mais simples, além
de eliminar a possibilidade de incompatibilidade com as drogas e soluções
administradas(4,5).
O estudo de Epperson(6), realizado há duas décadas, afirmava não haver
diferença significativa na manutenção de CVP seja com solução salina ou
heparinizada, no entanto, a bibliografia consultada aponta que os dados
referentes à eficácia da salinização ainda são inconclusivos(4).
Diante das justificativas acima, estabelecemos como objetivo desta pesquisa
analisar as produções científicas sobre salinização em CVP, em bases
eletrônicas de dados primários (MedLine) e secundários (OVID).
2. MÉTODO
O objeto da pesquisa foi a produção científica existente nas bases eletrônicas
de dados primários, Medline, LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde) e bases eletrônicas secundárias, a OVID(7), sobre a
salinização em cateteres venosos periféricos (CVP) no período de 1995 a 2005.
O levantamento bibliográfico consistiu da primeira etapa de uma pesquisa que
está sendo realizada através do método da Prática Baseada em Evidências, de um
projeto de dissertação de Mestrado. Teve como finalidade não só apresentar as
justificativas de se pesquisar a prática da salinização em veias periféricas,
mas também determinar a magnitude do problema, além das evidências já
publicadas a respeito da prática da salinização.
Optou-se pelo acesso aos resumos para a análise dessa produção, pois a maioria
dos artigos não estava disponível nas bibliotecas regionais. Entendeu-se
pertinente a análise dos resumos, uma vez, que o conteúdo da maioria atendia
aos objetivos do levantamento.
As seguintes etapas foram seguidas para sua elaboração:a) estabelecimento de
critérios de seleção da amostra definindo critérios de inclusão e exclusão dos
estudos, b) definição das informações a serem extraídas dos resumos, c) análise
dos resultados do conteúdo dos estudos e d) destacar aqueles que fazem uma
associação da salinização em CVP com a manutenção da permeabilidade dos acessos
venosos.
A metodologia usada para a revisão utilizou os seguintes critérios de seleção:
a) resumos redigidos em inglês, espanhol ou português com os resumos
disponíveis na base de dados, b) detalhar com clareza a metodologia e a forma
de análise dos dados, c) terem sido publicados nos últimos 10 anos (1995-2005),
d) se referirem a estudos clínicos realizados em adultos acima de 19 anos, e)
se referirem ao uso da solução salina comparada ou não a outro tipo de solução
na associação com a permeabilidade de cateteres periféricos.
O levantamento foi realizado entre os meses de maio a julho de 2005. Apesar de
se ter definido, no formulário acessado, os critérios identificados, alguns
estudos foram excluídos por não atenderem as citadas especificações.
A revisão iniciou através do levantamento de estudos primários indexadosno
banco de dadosNational Library of Medicine (MedLine) no período de 1995 a 2005.
Esse banco de dados pode ser acessada via o site PUBMED, cujo endereço
eletrônico é www.ncbi.nlm.nih.gov, ou via site da Biblioteca Virtual em Saúde,
cujo endereço eletrônico é www.bvs.br . No site: www.bvs.br , acessou-se o
banco de dados Medline entre os anos de 1993 a 2005. Utilizou-se o formulário
avançado, onde na primeira linha se digitou o descritor de assunto "cateterismo
periférico", na segunda o descritor de assunto "solução salina" e na terceira o
descritor de assunto "heparina" usando o operador and. Obteve-se o resultado de
26 artigos, que ao serem selecionados de acordo com os critérios estabelecidos
forneceram uma amostra de tres estudos . Os três estudos selecionados foram os
de Fernandez; Griffiths; Murie(8), o de Niesen et al(9) e o de Meyer et al(10).
Ainda neste mesmo site, foi acessado o banco de dados LILACS (Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), sendo novamente utilizado o
formulário avançado onde na primeira linha se digitou o descritor de assunto
"cateterismo periférico", na segunda o descritor de assunto "infusões
parenterais" e na terceira o descritor de assunto "heparina" usando o operador
and. Foi obtido o resultado de apenas um estudo que apesar de tratar do tema da
manutenção de cateteres venosos periféricos com infusåo intermitente, abordava
o uso de água destilada e não da solução salina, sendo por esta razão excluído
de nossa seleção.
Logo a seguir no site da PUBMED, www.ncbi.nlm.nih.gov, foi utilizada a procura
no banco de dados MedLine ,com os descritores "saline solution and heparin", o
que levou a um resultado de 43 estudos. Após serem lidos e submetidos aos
critérios de seleção foi selecionado o estudo de Myrianthefs et al(11).
Em virtude do número pequeno de resumos encontrados na Medline, optamos por
ampliar a busca usando a base de dados secundária OVID. Esta base é acessada
pelo site http://gateway.ovid.com , através de senha pessoal. Nela utilizamos a
biblioteca virtual referente à enfermagem que se denomina CINAHL (Cumulative
Index to Nursing & Allied Health Literature). Foram utilizados os
descritores "saline solution and peripheral venous catheter", obtendo-se então
o resultado de sete estudos.
Destes somente um foi selecionado para a amostra, o de Artiolli et al(12). Os
outros seis foram excluídos por não atenderem aos critérios definidos.
Após a leitura e tradução de cada resumo, deu-se início à fase de análise dos
mesmos. As informações que foram extraídas de cada artigo foram; país onde o
estudo ocorreu, o delineamento do estudo, tamanho da amostra, periódico de
publicação e ainda a associação entre o tipo de estudo, população e se
apresentava resultados conclusivos ou não para permeabilidade de CVP. Os
resultados de cada produção foram apresentados de forma descritiva para
facilitar ao leitor a sua compreensão
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No quadro_1 está apresentado de forma esquemática os estudos encontrados,
associando o ano, país, autor, periódico, amostra, delineamento do estudo e se
o mesmo era conclusivo para a permeabilidade.
O estudo mais recente é o de Myrianthefs et al(11) cujo objetivo foi investigar
a epidemiologia das complicações em veias periféricas e avaliar três métodos de
manutenção de patência e prevenção de tromboflebites. Um total de 300 pacientes
de pós-operatório eletivo ortopédico foram estudados prospectivamente, sendo
divididos em 3 grupos. Estes grupos eram o grupo controle, onde os CVPs não
recebiam irrigação após administração medicamentosa;o grupo solução salina,
onde os CVPs recebiam irrigação com 3 ml de solução salina após cada uso do
cateter e o grupo heparina, onde os CVPs eram irrigados com 3 ml de solução
salina heparinizada contendo 100UI/ml após cada uso do cateter.
Os resultados referem que ocorreram complicações em 36% dos pacientes e a
incidência de tromboflebites foi de 8%, sendo que destes 4% no grupo controle.
No grupo da solução salina, houve um aumento significativo no total de
complicações e obstruções juntamente com tromboflebites quando comparado ao
grupo controle. A curva de Kaplan-Meier demonstrou que o grupo controle teve
uma elevação significativa na proporção de cateteres sem complicações. O estudo
conclui que o uso de solução salina para a manutenção do cateter em pacientes
em pós-operatório ortopédico deve ser evitado. Em pacientes que estejam
recebendo heparina de baixo peso molecular, irrigação intravenosa deve ser
utilizada para prevenir a obstrução ou tromboflebite na intenção de reduzir os
custos e o trabalho de enfermagem.
O estudo de Artiolli et al(12) abordou a comparação do efeito da irrigação do
CVP com solução salina antes da oclusão e a cada 6 horas, com outro que
utilizou obturador após a suspensão da terapia de infusão. A comparação
avaliava a manutenção da permeabilidade e do aparecimento de complicações.
O estudo incluiu 83 pacientes, utilizando a técnica da randomização. Quarenta
pacientes foram incluídos no grupo da irrigação e os outros quarenta e três no
grupo do obturador. Os resultados do estudo afirmam que não houve diferença
significativa na manutenção da permeabilidade e no aparecimento de
complicações, entre o grupo que recebeu irrigação com solução salina antes da
oclusão do CVP com lavagens a cada 6 horas e com a oclusão do CVP com um
obturador sem a irrigação, na suspensão na terapia de infusão.
O estudo de autoria de Niesen et al(9) é um estudo prospectivo, randomizado,
duplo-cego, que teve como objetivo comparar a eficácia entre duas soluções
utilizadas para a manutenção de patência em acessos venosos periféricos em
gestantes. As soluções avaliadas foram: solução heparinizada 10UI/1ml versus
solução salina (1 ml). As pacientes elegíveis à pesquisa eram aquelas que
recebiam a inserção de um CVP para infusão intermitente, as quais eram
randomizadas para receber irrigações com solução salina ou heparinizada. Os
cateteres recebiam irrigações após cada administração medicamentosa, ou no
mínimo a cada 24 horas com a solução determinada (duplo-cego). Todos os sítios
também eram avaliados a cada 12 horas para o desenvolvimento de flebites. A
amostra de conveniência foi constituída de 73 gestantes hospitalizadas, entre a
24 e 42 semanas de gestação. Foram excluídas do estudo aquelas com
anormalidades na condição cardíaca fetal, dilatação cervical maior de 4 cm,
presença de hipersensibilidade a heparina, alterações na coagulação e uso de
terapia de anticoagulação (incluindo-se baixas doses de aspirina). Os dados
obtidos no estudo indicaram que não houve diferença estatística significante
nos CVPs relacionada à permeabilidade e presença de flebite entre as duas
soluções. Conclui que tanto a solução salina, quanto a solução heparinizada são
igualmente eficazes na manutenção da permeabilidade dos acessos, no entanto,
ressalta que devido a sua pequena amostra, outros estudos são necessários para
determinar a melhor terapia.
O estudo de Fernandez; Griffiths e Murie(8) investigou as práticas
institucionais relacionadas a irrigação de CVP, tendo como objetivo identificar
as semelhanças e as diferenças referentes ao tipo e volume da solução de
irrigação e a freqüência da mesma para manutenção da permeabilidade. Foram
incluídos no estudo 83 hospitais públicos e privados em Sydney, Austrália. O
estudo teve o desenho tipo Survey. Buscou relacionar a manutenção da
permeabilidade dos CVPs que recebiam irrigação quanto ao tipo, volume e
freqüência desta irrigação. Dos 83 hospitais, 11 foram excluídos, 9 por se
tratarem de hospitais psiquiátricos e não utilizarem CVP e, dois estavam
fechados. Destes 72 hospitais inicialmente incluídos, 5 indicaram que não
estavam realizando irrigações em CVP para manutenção da patência. Então, apenas
67 hospitais foram analisados, obtendo-se os seguintes dados: Quanto ao tipo de
solução, a mais utilizada foi à solução salina em 96% nos hospitais públicos
(27/28) e em 89% nos hospitais privados (39/44). A solução heparinizada foi
utilizada em apenas um hospital privado representando 4% (1/28) e, cinco
hospitais públicos relataram não praticar a irrigação de CVP correspondendo a
11% da amostra (5/44).
Quanto ao volume da solução de irrigação, este variou entre as instituições.
Volumes inferiores a 5 ml eram utilizados em 5 hospitais, 4 hospitais públicos
e 1 hospital privado. Volumes de 5 ml foram usados por 17 hospitais públicos e
por 24 hospitais privados. Volumes de 10 ml foram usados por 13 hospitais
públicos e por 3 hospitais privados. Cinco hospitais públicos não tinham
informações precisas quanto ao volume da irrigação.
Sobre a freqüência das irrigações, 30 hospitais (17 públicos e 13 privados)
realizavam as irrigações a cada 4 horas, 18 hospitais (10 públicos e 8
privados) realizavam um intervalo de 6 horas, 4 hospitais (2 públicos e 2
privados) mantinham um intervalo de 8 horas entre as irrigações. Respostas
obtidas de 15 hospitais (10 públicos e 5 privados) indicavam que suas práticas
institucionais orientavam a realização da irrigação apenas quando requisitada.
O estudo não é conclusivo e recomenda que a padronização de práticas baseada
nas melhores evidências é extremamente necessária para guiar os profissionais
na provisão do cuidado ao paciente.
O estudo realizado por Meyer et al(10) tem uma proposta muito semelhante ao
estudo realizado por Niesen et al(9). Trata-se de um estudo clínico,
randomizado, duplo-cego, também comparando a solução de heparina e a solução
salina na manutenção da permeabilidade do cateter venoso periférico de uso
intermitente, em mulheres grávidas entre a 26-34 semanas de gestação, que
requisitavam flebotomias constantes. Era realizada a randomização do tipo de
solução que seria utilizada para irrigação, solução de heparina ou solução
salina, administradas em modo duplo-cego. Os sítios dos cateteres eram
acompanhados e as irrigações com a solução randomizada ocorria no mínimo uma
vez a cada 6 horas. O Tempo Parcial de Tromboplastina (PTT), era mensurado na
inserção do cateter e 48 horas após.
O trabalho concluiu que houve um aumento significativo da permeabilidade dos
cateteres no grupo tratado com irrigação de heparina, em 48 a 72 horas (26 de
31 versus 17 de 33, e 21 de 31 versus 9 de 33, respectivamente; p< 0.1). Também
houve uma significativa redução na freqüência das complicações no cateter neste
mesmo grupo ( 4 de 31 versus 13 de 33; p< 0.1). Não houveram diferenças nos
PTTs. O estudo conclui que durante a gestação, o uso de irrigação com heparina
para manter a permeabilidade em CVP de uso intermitente resulta em uma
excelente razão de manutenção da permeabilidade de 48 a 72 horas após a
inserção do cateter, também reduz as taxas de complicações com o cateter e não
altera o PTT.
Após a descrição do conteúdo dos resumos, serão apontadas algumas
características da produção encontrada.
No que se refere ao período de publicação, dentre os 5 artigos selecionados
nota-se o predomínio da produção científica sobre salinização em adultos a
partir do ano de 2001, que corresponde a 80% dos artigos selecionados.
Analisando os resultados expostos, percebe-se que os estudos exibem dados
heterogêneos quanto à eficácia da solução salina. De acordo com dois(10,13)dos
cinco artigos citados, a solução salina apresenta efetividade na manutenção dos
CVPs, não apresentando resultados inferiores quando comparada a outro método,
nesses casos a heparina. Porém chamamos a atenção ao fato de que no
levantamento dessas publicações encontramos populações diferenciadas, como
gestantes, pacientes em pós-operatório, pacientes internados em instituições
públicas e privadas.Talvez isto tenha contribuído para um viés de confusão dos
resultados o que provavelmente dificulte estabelecer evidencias entre a
permeabilidade do CVP e a solução salina.
Reforçando esta impressão, apontamos que Myrianthefs et al(11) recomendam que o
uso de solução salina seja evitado na manutenção de CVP de pacientes em pós-
operatório por terem verificado uma elevação nas obstruções e tromboflebites.
Por outro lado, Meyer et al(10) verificaram superioridade na manutenção da
permeabilidade dos cateteres nos grupos que receberam solução com heparina.
O estudo de Niesen et al(9) alerta para a necessidade de novas pesquisas sobre
o uso de solução salina na manutenção da permeabilidade dos cateteres venosos,
afirmando que os estudos tem utilizado uma amostragem pequena.
Os estudos encontrados também foram analisados quanto à metodologia empregada
na sua realização. Ressaltamos o fato de que mesmo se tratando de uma seleção
modesta, os estudos incluídos foram realizados com delineamentos de importante
impacto metodológico, conforme o quadro_1 explicita.
Ao analisar o desenho metodológico dos estudos selecionados, constata-se que
das cinco pesquisas, quatro foram estudos prospectivo, observacional com modelo
de intervenção e randomizado e destes, apenas dois foram duplo-cego. Sabe-se
que estes são os estudos nos quais a determinação da incidência do evento que
se avalia é a mais precisa. A randomização é um dos recursos para evitar os
diferentes tipos de viés que podem ocorrer nas pesquisas.
Resta destacar que acerca da população envolvida, há um total de 364 pacientes
envolvidos nos estudos que não correlacionam a patência do CVP à solução
salina. Por outro lado, a população pesquisada nos estudos que dizem haver
associação efetiva entre a permeabilidade do CVP e o uso de solução salina,
totaliza 156 pessoas.
Não foram encontrados na busca realizada artigos publicados em periódicos de
enfermagem nacionais que abordassem a temática deste estudo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de duas décadas após o início das pesquisas nesta área, algumas
limitações ainda são atribuídas ao método da salinização, provavelmente por
falta de conhecimento e/ou sistematização por parte dos profissionais de
enfermagem. É importante ressaltar que muitas instituições do nosso país nem ao
menos têm o conhecimento da prática da salinização. No que se refere à pesquisa
científica, as limitações desta prática são atribuídas à ausência de um maior
número de estudos controlados para validar sua eficácia(6).
Mesmo considerando o fato de que a escolha pela metodologia de pesquisa em
bibliotecas virtuais possa ter restringido os resultados obtidos, uma vez que
excluímos 06 artigos por falta da apresentação dos resumos, os resultados do
estudo mostram que a produção científica em grandes bases de dados, no que
tange a prática da salinização para manutenção da permeabilidade de CVP em
adultos ainda é modesta.
Os resultados encontrados, apesar de limitados a um número pequeno de estudos,
expressam que a prática da salinização talvez possa ser considerada uma opção
segura na manutenção da permeabilidade dos acessos venosos.
Levando-se em consideração o fato de dois estudos mostrarem-se opostos à
realização da salinização de cateteres periféricos e um apresentar-se como
inconclusivo, a presença de hipóteses relacionadas à efetividade da solução
salina, obstrução e manutenção da permeabilidade do CVP ainda indicam a
necessidade de mais estudos nesta temática.
De acordo com o estudo de Pereira e Zanetti(13), ainda não há produção
científica expressiva no Brasil abordando a terapia IV apesar desta fazer parte
de um intenso e cotidiano cuidado de enfermagem. Os estudos dessa natureza com
certeza estarão contribuindo com todos aqueles que procuram traçar os
resultados do trabalho da enfermagem assim como os seus indicadores de
qualidade da assistência(14,15) . Concluímos ao afirmar que a prática da
terapia IV além de nos conduzir a necessidade de um constante aperfeiçoamento
pode ser vista como um campo de pesquisa promissor na demonstração da melhoria
dos resultados ligados à prática e às intervenções de enfermagem principalmente
em cenários onde a maioria dos pacientes tem um acesso venoso periférico como
medida primária de atendimento.