Implantação de sistema de videoconferência aplicado a ambientes de pesquisa e
de ensino de enfermagem
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Implantação de sistema de videoconferência aplicado a ambientes de pesquisa e
de ensino de enfermagem
Implantation of a videoconferencing system applied to nursing research and
teaching environments
Implantación de sistema de videoconferencia aplicado a ambientes de
investigación y de enseñanza de enfermería
Carlos Alberto SeixasI; Isabel Amélia Costa MendesII; Simone de GodoyIII; André
Lucirton CostaIV
IAnalista de Sistemas. Chefe da Seção de Informática da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto-USP, Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para o
desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Mestrando do Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem Fundamental da EERP-USP.
IIEnfermeira. Pesquisador 1A do CNPq. Professor Titular e Diretora da EERP-USP.
E-mail do autor: iamendes@eerp.usp.br
IIIEnfermeira. Mestre em Enfermagem. Especialista em Laboratório no Centro de
Comunicação & Enfermagem da EERP-USP.
IVEngenheiro de Produção. Professor Associado da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto-USP.
1 Introdução
A tecnologia vem impondo mudanças contínuas às organizações no desenvolvimento
de suas atividades nas últimas décadas. No setor educacional, este impacto
trouxe questionamentos acerca dos tradicionais métodos de ensino-aprendizagem e
possibilidades para seu desenvolvimento acontecer parcial ou totalmente mediado
pelas tecnologias de ensino a distância.
Procurando tais possibilidades aplicadas à pesquisa e ao ensino de enfermagem,
um grupo de pesquisadores de uma universidade pública do interior do estado de
São Paulo, idealizou o projeto denominado Enfermagem Virtual, Pesquisa &
Educação a Distância, Formação & Desenvolvimento de Recursos Humanos, cujo
foco central é estabelecer uma nova forma de interação entre pesquisadores,
docentes, sujeitos de pesquisa, alunos de graduação e pós-graduação, em
atividades de ensino-aprendizagem e de pesquisa em enfermagem, nos ambientes
acadêmicos e hospitalares(1).
Durante a idealização e implantação do projeto o grupo encarou o desafio de
definir a tecnologia adequada para o desenvolvimento das atividades nele
previstas. Para atender as características dos projetos do grupo foram
avaliadas as tecnologias de ensino a distância disponíveis e entre estas,
identificou-se que a videoconferência é reconhecida por proporcionar
interatividade nas transmissões entre um ou mais locais geograficamente
distantes, por meio da comunicação de áudio e vídeo.
No contexto dessa tecnologia, define-se que a videoconferência é uma conexão
entre pessoas em tempo real em posições remotas com a finalidade de
comunicação, geralmente envolvendo áudio, texto, assim como o vídeo. No seu
modo mais simplificado, a videoconferência fornece a transmissão de imagens
estáticas e texto entre duas posições. No seu formato mais sofisticado, fornece
a transmissão de imagens em vídeo full-motione áudio de alta qualidade entre
posições múltiplas(2).
A videoconferência pode ser dividida em dois tipos: de mesa ou de sala, sendo
que a primeira foi criada para utilização individual e a segunda para grupos de
tamanhos variáveis.(3)Nestes termos, propusemo-nos com este trabalho descrever
os resultados da pesquisa de mercado que nortearam a escolha da tecnologia
utilizada no desenvolvimento logístico e implantação do referido projeto, com
vistas a atender tecnicamente suas necessidades.
2 Metodologia
Para alcance do objetivo, o trabalho foi desenvolvido utilizando-se o método de
pesquisa-ação. Tipificada como pesquisa social com base empírica, a pesquisa-
ação é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo, em cujo processo tanto os pesquisadores como
os partícipes representativos da situação ou do problema envolvem-se de modo
cooperativo ou participativo(4).
Deste modo, num contexto organizacional, a ação objeto de análise visa
solucionar problemas de ordem aparentemente mais técnica, por exemplo,
introduzir uma nova tecnologia(4).
Este trabalho descreve as modalidades de videoconferência disponíveis no
mercado, especificações técnicas dos equipamentos e acessórios encontrados e a
implantação de sistema de videoconferência para pesquisa e ensino em
enfermagem. Nas descrições destes equipamentos formulou-se conceitos aplicados
à estrutura tecnológica utilizada no projeto Enfermagem Virtual, bem como os
critérios de decisão para escolha dos equipamentos. O período de
desenvolvimento do projeto foi de janeiro a dezembro de 2001.
Para identificação dos possíveis sistemas existentes no mercado foram
realizadas pesquisas na internet, estabeleceram-se contatos telefônicos com
equipes técnicas e de vendas de equipamentos e foram feitas visitas técnicas
aos fornecedores de equipamentos. As equipes de analistas de sistemas
responsáveis do campus da USP de Ribeirão Preto e de São Paulo foram
consultadas para se certificar sobre as normas adotadas para o uso de
equipamentos de videoconferência nas redes do hospital e da escola e o possível
impacto no tráfego já existente. Na internet foram pesquisadas informações
técnicas dos equipamentos disponíveis nos mecanismos de busca convencionais
(Google, Cadê, Yahoo e Altavista), utilizando como palavras-chave:
videoconferência, pesquisas em videoconferência, videoconferência em ambiente
hospitalar.
3 Resultados
Foram encontradas seis empresas que possuem equipamentos e acessórios para
videoconferência em duas modalidades de conexão: ponto a ponto e multiponto.
Dentre as classificações encontradas na literatura, encontra-se a descrição dos
sistemas subdivididos em dois grupos:
I. Videoconferência baseada em estúdio: realizada em salas especialmente
preparadas com modernos equipamentos de áudio vídeo e codecs (codificadores/
decodificadores) para fornecer vídeo e áudio de alta qualidade para reuniões,
palestras e cursos.
II. Videoconferência em computador: realizada em residência ou escritório,
usando computador pessoal equipado com hardware e software adequado. É mais
barata que a videoconferência baseada em estúdio e, portanto, mais apropriada
para o uso individual, ou para pequenos grupos. Porém, o compartilhamento da
largura de banda pelos sinais de áudio e vídeo com outros tipos de dados da
Internet faz com que haja uma sensível perda na qualidade da videoconferência,
causando problemas como retardos no som e vídeo tremido. Este tipo de
videoconferência é mais conhecido como videoconferência em desktop(5).
Existem diversas formas de classificar os sistemas de videoconferência. Alguns
autores classificam os sistemas pelo modo de conexão, descrevendo-os em três
categorias: ponto a ponto, multiponto e através de streaming. A seguir,
demonstra-se uma breve descrição destas categorias tendo como base as
informações dos principais fabricantes pesquisados.
3.1 Modalidades de Videoconferência Segundo o Modo de Conexão
a) Ponto a Ponto
Este tipo de videoconferência consiste em uma reunião entre duas (ou mais)
pessoas em localidades distintas, através da utilização de equipamentos
apropriados para a geração de imagem e voz, ao vivo e simultaneamente, com
recursos de gerenciamento da reunião, tais como: controle remoto da câmera,
rastreamento automático da voz (a câmera foca e segue automaticamente quem esta
falando), função câmera digital, zoom até 12 x, programação antecipada de até
10 posições em memória one touch no controle remoto.
No caso de utilização de dois monitores, num deles será apresentado o (os)
interlocutor (es) e no outro os slides da apresentaçãoMS-Powerpoint,documentos
editados por câmera digital, dados diversos e outros. Estes recursos conferem a
possibilidade de agendar e incluir outras tarefas além da imagem do
interlocutor, tais como apresentação de lay outs, embalagens, produtos, peças
diversas e outros documentos e objetos, ainda numa fase de brainstorm,
favorecendo a interação entre uma ou mais equipes, sem deslocamento e
aumentando a sinergia dos grupos de pesquisa.
Com estes recursos, é possível conectar o equipamento a uma rede local de
computadores, identificar automaticamente o endereço IP tornando-se uma estação
e, assim efetuar download de arquivos power point para apresentação em conjunto
com a reunião. Além disso, a partir desta conexão em rede, pode-se acionar
outros equipamentos instalados tais como servidores de cor (EFI, color pass,
X2) para gerenciar impressão remota de documentos e fotografias digitais
geradas durante uma sessão(6).
b) Multiponto
Este tipo de videoconferência consiste em conectar mais de um ponto distinto
para uma reunião de diversos grupos de pessoas em localidades distintas,
observando as mesmas características da videoconferência ponto a ponto.
A videoconferência multiponto consiste em uma estação dotada de MCU -
Multiconference Conference Unit que integra sinais gerados por outras estações
e lhes devolve o sinal recebido mais os sinais das outras estações conectadas.
Deste modo, nos monitores estará disponível o sinal com todos os participantes,
apresentando-se uma tela dividida, ou uma tela única, alternada por comando de
voz.
Todos os recursos disponíveis na videoconferência ponto a ponto estão
disponíveis em multiponto, tais como gerenciamento remoto de câmera,
apresentação de Power point, conexão com LAN e outros.
A tecnologia de videoconferência multiponto oferece a possibilidade de integrar
até quatro localidades distintas, podendo gerenciar a reunião ou delegar para
qualquer uma das pontas o efetivo gerenciamento do encontro. Para a conexão em
multiponto é necessário ter instalado em linhas de conexão o mesmo número de
pontos que se pretende integrar.
c) Streaming
Através de estação dedicada, é possível distribuir o sinal em rede IP -
Intranet, Extranet ou Internet - para até 40 (quarenta) pontos distintos que,
cadastrados com usuário e senha, poderão assistir à reunião, palestra,
seminário ou sessão de treinamento em seus computadores pessoais, mediante o
uso de um microcomputador equipado com uma webcam e software de
videoconferência, podendo interagir mediante teclado, apresentando mensagens na
tela do monitor de apoio, na forma de chat.
Em todas as modalidades apontadas, estamos considerando a utilização em
conjunto de equipamento de edição e digitalização de imagens, com recursos de
projeção multimídia, onde é possível, ao mesmo tempo, efetuar apresentações de
slides, além de editar e modificar mediante caneta digital as imagens dados
demonstrados.
Para a correta manutenção das informações geradas, a estação central que
gerencia o broadcast, grava até duas horas de sessão, em formato MPEG, para
posterior utilização ou até mesmo disponibilizar em site internet para download
ou demonstração. Assim, as estações conectadas a internet podem participar da
videoconferência, com a utilização de players de mídia convencionais como Real
Player ou Media Player , recebendo sinal de áudio e voz e interagindo via
teclado.
A estação de streaming recebe as imagens de um equipamento de videoconferência
e gera streaming de vídeo e áudio.
Em síntese, os usuários assistem à apresentação através de seus
microcomputadores conectados em rede mediante uso de identificação e senha. A
apresentação pode ser simultânea, interna ou externa. A interação é feita via
teclado.
3.1.1 Recursos Auxiliares a Videoconferência
a) Dataconference
Dataconference ou conferência de dados é a modalidade de colaboração virtual em
que se trocam dados simultaneamente, mediante computadores equipados com
recursos para troca de arquivos e edição dos mesmos. Para tanto se utilizam
câmeras de documentos e outros instrumentos como softwares de apresentação.
Este equipamento pode ser utilizado em conjunto com o equipamento de
videoconferência e assim, efetuar apresentações com recursos de multimídia,
projetando os slides e/ou transparências internamente e também via sinal para
qualquer outra parte do mundo.
Os recursos de caneta com ferramentas, permitem escrever suas próprias notas e
demonstrar diversos documentos diferentes, através do recurso de câmera
digital, com alta resolução. Além disso, permite ser utilizado em conexão
direta com PCs via rede local ou até mesmo em linha analógica comum. Ém um
equipamento projetado para ser um recurso semelhante a uma ilha de edição, pode
visualizar documentos, escrever sobre os mesmos e permitir aos participantes
salvarem para utilização futura.
b) Desktop Videoconferencea e Acessórios
Nesta categoria encontra-se o equipamento que é formado por uma câmera pequena
que é conectada ao microcomputador e pode estar recebendo e enviando sinal de
áudio e vídeo para outros pontos.
3.2 Características do Equipamento Adotado no Projeto
Frente a esses resultados fez-se a opção de utilizar no projeto um equipamento
de modalidade ponto a ponto, com as seguintes características:
3.2.1. Captação de Imagem e Funções Remotas
Algumas funções presentes nos equipamentos:
- Câmera controlada por controle remoto com captação de 200 graus no plano
horizontal e mais de 90 graus no plano vertical com zoom de até 12 vezes;
- Ajuste de até 10 posições da câmera, agilizando a localização dos
participantes de uma reunião. Quando utilizado em conjunto com o sistema de
rastreamento de voz garante maior precisão na busca da pessoa que está
falando;
- Função SnapShot para fotografar objetos e/ou documentos posicionados em
frente a câmera;
- Tecla Mute para interromper a audição do interlocutor;
- A interface gráfica para operação do sistema através de menus interativos;
- Controle remoto com tecla slides para carregamento automático de
apresentações Ms - Power point, tecla Call-Hang-Up para iniciar e terminar
ligações e teclas Near e Farpara controle de câmera remota e local(6).
3.2.2 Áudio
O equipamento possui sistema de rastreamento de voz, que focaliza
automaticamente a pessoa que está falando, ignorando o ruído de segundo plano e
propiciando a interatividade entre todos os participantes da videoconferência.
O controle interno de áudio é full-duplex, com supressão de ruído e
cancelamento de eco , adaptando-se às características do ambiente de reunião e
oferecendo, desta forma, clareza de som.
3.2.3 Sistemas Integrados
Além dos mecanismos convencionais de videoconferência os equipamentos adotados
no projeto incluem alguns recursos adicionais, como:
- Servidor de páginas Web incorporado e um hub Ethernet oferecendo recursos
para diagnóstico e gerenciamento de sistema remotos e atualizações fáceis do
software através da Internet ;
- Sistema de apresentação integrado que oferece uma forma de fazer
apresentações em Microsoft® PowerPoint® a partir de um computador local ou
remoto, eliminando a necessidade do uso de conversor VGA/NTSC acoplado ao
equipamento;
- Capacidade para duplo monitor de TV para ter em um monitor a imagem local e
no outro a imagem remota ou a apresentação em Microsoft® PowerPoint®;
-Permite a conexão de um videocassete e de uma câmera auxiliar; Suporte para
comunicação via IP permitindo conexões através de rede local ou internet.
3.2.4 Conectividade e Compatibilidade
Os equipamentos são totalmente compatíveis com as normas internacionais para
sistemas de videoconferência existentes, o que garante o controle total do
sistema remoto, mesmo que de outros fabricantes. Segundo dados do próprio
fabricante, a arquitetura de codec dá ao equipamento o tempo de retardo mais
curto no setor, possibilitando que a videoconferência ocorra de forma mais
natural.
No quadro_1 temos a representação das normas de videoconferência da ITU, que
asseguram que equipamentos de diversos fabricantes de todo o mundo possam
estabelecer conexão, independente do modelo ou marca.
3.2.5 Formas de Instalação dos Sistemas de Videoconferência
A conexão é efetuada através de rede padrão ethernet, utilizando protocolo
H.323 (quadro 1) que habilita o equipamento para uso em IP. Pode-se utilizar
também linhas digitais padrão RDSI (ISDN) - Rede Digital de Sinais Integrados -
oferecidos por operadoras telefônicas nacionais e internacionais. Também pode-
se optar pela linha Datafone 64, através da utilização de duas linhas para
formar 128 kbps. No projeto Enfermagem Virtual adotou-se tecnologia baseada em
IP, pelo fato de já existir uma estrutura de rede de dados instalada no campus
universitário no padrão fast ethernet.
As taxas de transmissão da imagem, voz e dados é que determinam o resultado que
se vê numa reunião de videoconferência. Usualmente se utilizam linhas de 128
Kbps, que permitem visualizar até 15 fps (frames per second), podendo também se
utilizar até 512 kbps (30fps - near TV quality) ou ainda 768 kbps (TV quality).
No caso de redes de banda larga, é possível estabelecer conexões com a máxima
taxa de transmissão, obtendo assim melhor qualidade de imagem e som.
3.3 Tecnologias Adotadas no Projeto
O projeto original foi elaborado utilizando-se tecnologias de videoconferência
baseadas num conjunto de ferramentas de diversos fornecedores e integrado em
ambiente Windows PC. Os riscos de travamento do sistema eram esperados, pois
estavam associados a falhas inerentes ao sistema operacional que ainda
apresentava problemas quando submetido à aplicações críticas.
Passada a fase de aprovação do projeto em agência de fomento, foi realizada a
pesquisa de mercado descrita e identificaram-se novas soluções que ofereciam
maior estabilidade e que integravam todos os recursos necessários em uma
solução que unia robustez no funcionamento e facilidade na operação. Além das
vantagens na operação e funcionamento, houve também ganho em praticidade no
transporte do equipamento, pois o equipamento escolhido é leve, compacto e
garante melhor qualidade de som e imagem.
Entre os recursos buscados pela equipe, um dos mais importantes era o de
utilizar um protocolo de comunicação que tivesse compatibilidade com a
estrutura de rede de dados já instalada e que fosse uma referência dentro da
tecnologia de videoconferência a ser adotada pela Universidade. Além disso, o
sistema deveria utilizar pouca faixa de banda, para minimizar o impacto sobre
outras aplicações já em funcionamento no mesmo meio físico.
Para atender estes requisitos foram selecionados equipamentos de dois dos seis
fornecedores de equipamentos identificados e foi feito o levantamento de custo
das duas soluções. Um dos sistemas se mostrou bastante eficiente, mas com
custos muito superiores ao outro encontrado que, apesar disso, também mantinha
os mesmos padrões de qualidade de imagem e som procurados por nossa equipe.
Reunindo as informações necessárias sobre os dois sistemas optou-se pelo
sistema de menor custo que integrava todos os recursos em um compacto sistema
com grande potencial para transmissão e recepção de sinais de videoconferência
sobre rede em protocolo TCP/IP. Além deste tipo de tecnologia ponto a ponto,
também há possibilidade de, com este mesmo equipamento, realizar-se a
comunicação via linha digital ISDN.
Todos os recursos necessários estão presentes nas duas soluções escolhidas,
porém com sensíveis diferenças nos preços do hardware como também do software.
Na relação custo/benefício, o equipamento selecionado se mostrou mais
vantajoso. Para confirmar as condições avaliadas propôs-se a realização de
testes realizados na escola, em ambientes de ensino como salas de aula e
laboratórios de ensino que simulam um hospital.
Além do sistema adquirido, efetuou-se alterações na rede a ser implementada, já
que o projeto original previa a instalação de uma rede 100% sobre tecnologia
wireless (rede-sem-fio).
Na execução do projeto, avaliou-se as condições da rede da Universidade, em
termos de largura de banda e capacidade de inclusão de novos tráfegos de dados
de alto impacto. Verificou-se que no segmento de rede a ser utilizado havia
capacidade suficiente de transmissão e recepção de dados da origem até o ponto
final do canal de comunicação a taxa de 100 mbps (cem mega bits por segundo).
As tecnologias de rede sem fio, apesar de oferecerem ao sistema montado em rack
móvel, a capacidade de se movimentar sem estar ligada fisicamente a tomada de
rede, oferece velocidade máxima de 10 mbps, ou seja, dez vezes mais lenta que a
estrutura já montada. Portanto, a equipe técnica decidiu montar uma solução que
unisse a praticidade da rede sem fio e a rapidez da rede já instalada.
Modificou-se a utilização de tecnologia de rede wireless outdoorb para ligação
via fibra-óptica e usando a tecnologia wireless somente na forma indoorc.
Utilizou-se para isso, a solução de bridgesd internas que podem gerenciar até
24 pontos de rede sem fio no interior de um prédio.
Passou-se então, a segunda etapa, que é a de orçamentos e testes sobre
equipamentos de conectividade em wireless dos diversos fabricantes entre eles:
Lucent (Orinoco), 3Com e Intel. Nos testes realizados os equipamentos Lucent e
Intel obtiveram boa performance, quando utilizadas as bridges. Apenas quando
testamos a comunicação utilizando uma bridge e um ethernet convertere obteve-se
resultados negativos, em termos de performance mínima para realização de
videoconferência.
Concluiu-se então que, para manter o mesmo padrão de qualidade no canal de
comunicação na rede-sem-fio, seria necessária a utilização de, no mínimo, duas
bridges. Os equipamentos Intel foram adotados por terem boa performance e
melhores preços.
3.4 Desenvolvimento do Sistema
Escolhido o modelo mais adequado, realizou-se a compra e montagem dos
ambientes. Assim que os equipamentos e móveis para montagem dos racks foram
adquiridos, realizou-se uma série de testes de comunicação fora do ambiente do
hospital, para definir a estratégia ideal para o processo de montagem diária
dos sistemas.
Além da forma de montagem dos racks, definiu-se também o posicionamento dos
sistemas de radio-frequência dentro do andar de um dos ambientes. Para isso,
realizamos outros testes para identificar a distância ideal entre os dois
sistemas, já que existem obstáculos que podem interferir no bom funcionamento
desta parte dos equipamentos.
Concluída esta etapa, iniciou-se o processo de documentação do sistema. Nesta
etapa definiu-se as formas de montagem dos equipamentos e também os métodos
empregados para montagem dos ambientes.
3.5 Descrição do Sistema Implantado
A forma de comunicação através de videoconferência predispõe o entendimento de
três partes distintas da comunicação: o protocolo de rede adotado, o padrão de
comunicação de dados, e o meio físico (rádio-frequência, par-trançado ou fibra-
óptica)
Para o sistema adotado buscamos uma solução que pudéssemos fazer a mais simples
combinação de pontos de comunicação: adotando a videoconferência ponto a ponto.
Os ambientes são: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP e Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
No sistema adotado apenas dois lados coexistem na comunicação, ou seja, somente
dois lados participantes atuam. Futuramente será possível, realizarmos o
formato ponto-multiponto, onde até quatro localidades à 128 kbps ou três
localidades à 256 kbps se comunicam. Nesse último formato poderíamos ter que
todos os pontos conectados visualizem as demais localidades, independente do
equipamento de videoconferência utilizado em cada localidade. Esta solução de
multi-conferência só é possível graças à MCU integrada que opera com quatro
acessos básicos ISDN ou sobre IP.
O sistema implantado visa a comunicação, através de um canal de áudio e vídeo,
de um dos andares do hospital, a um dos laboratórios de pesquisa da escola de
enfermagem.
Para realização da comunicação entre os dois pontos foi construída uma rede
padrão fast ethernet com utlização de protocolo TCP/IP. A tecnologia de rede
empregada utiliza recursos de radio-frequência para possibilitar maior
mobilidade do sistema nos ambientes internos do Hospital. A rede, portanto, tem
uma parte operando em radio-frequência e outra integrada a rede USP net, o que
torna o sistema acessível de qualquer ponto no campus de Ribeirão Preto, e
futuramente, fora dele.
Para o lado do hospital foi desenvolvida uma torre de comunicação montada em um
rack móvel equipada com uma TV de 14" , duas câmeras de vídeo, microfone de
ambiente e sistema de videoconferência ViewStation 128 da marca Polycom. Este
sistema capta todas as imagens e os sons emitidos durante as pesquisas e
transmite para o outro lado do canal de comunicação.
Na Escola está a segunda torre de comunicação equipada com câmera digital com
zoom 12x e programação de até 16 posições previamente programadas. Ainda para o
ambiente na EERP foi adquirido um projetor de LCD Infocus de 1000 lumens e
televisor de de 34" Sony ligado a outro ViewStation 128 que apresentam as
imagens geradas das duas câmeras posicionadas no Hospital. Além disso, a imagem
gerada pelo projetor, oferece a possibilidade de autovisualização dos
participantes.
O projeto integrado de pesquisa prevê a gravação dos vídeos captados durante
cada sub-projeto, sua edição e regravação em formato digital, formando assim
uma coleção de CD's com vídeos digitais. Este conteúdo será catalogado com a
utilização de um banco de dados com interface Web, para consultas e
aproveitamento nas aulas e pesquisas futuras.
Com a conclusão dessa primeira etapa, a equipe de investigadores tem como meta
a ampliação da infra-estrutura de pesquisa para outras enfermarias do Hospital
e também para outros laboratórios.
4 Considerações Finais
Para realização deste projeto foram feitas pesquisas nas áreas de
videoconferência, telecomunicações e tecnologia de rede de dados wireless.
Parte considerável de seu desenvolvimento consistiu também na operacionalização
da montagem dos sistemas, já que eles devem preservar a característica de
mobilidade e adequação hospitalar. Além disso, o sistema foi projetado para ser
de fácil manuseio, e sua preparação para o uso pode ser feita de forma rápida,
sem causar transtornos ao ambiente do hospital.
Além dos aspectos técnicos envolvidos na instalação dos equipamentos, também
foram tomadas todas as providências administrativas para uso deste tipo de
recurso dentro do ambiente hospitalar. Para isso, foram consultadas todas as
instâncias envolvidas desde a equipe técnica de informática, passando pela
chefia de enfermagem, a assistência jurídica do hospital e então submetê-lo às
estruturas decisórias para permissão de uso desta tecnologia em pesquisas na
área de enfermagem.
A fase final de implantação dos sistemas culminou com um workshop, em dezembro
de 2001, aberto a comunidade científica, demonstrando todas as características
do sistema e seu potencial de expansão.
Agradecimentos: projeto financiado pelo CNPq.