Concepções teórico-filosóficas sobre envelhecimento, velhice, idoso e
enfermagem gerontogeriátrica
OBJETIVO DESTE ENSAIO
O aumento da população idosa brasileira e a formação de movimento em prol dos
idosos, organizado por eles próprios e por grupos específicos da sociedade
civil, como a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e mais
recentemente de enfermeiras brasileiras que trabalham para inserir a
Gerontogeriatria na agenda da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). A
urgência de formação de pessoal, principalmente na área da Saúde/Enfermagem,
com habilidades e competências direcionadas ao cuidado do idoso, ao
entendimento acerca do processo de envelhecimento e às especificidades
presentes na fase da velhice. A necessidade de terminologia apropriada aos
ramos específicos do saber, neste caso a Enfermagem Gerontogeriátrica, para que
seus trabalhadores/pesquisadores tenham uma linguagem aproximada. Todas essas
ações direcionaram ao objetivo deste ensaio que foi direcionar a reflexão/
criticidade acerca das concepções teórico-filosóficas sobre os conceitos de
envelhecimento/idoso/velhice e Enfermagem gerontogeriátrica.
ENVELHECIMENTO
O processo de envelhecimento provoca no organismo modificações biológicas,
psicológicas e sociais; porém, como já referido, é na velhice que este processo
aparece de forma mais evidente. As modificações biológicas são as morfológicas,
reveladas por aparecimento de rugas, cabelos brancos e outras; as fisiológicas,
relacionadas às alterações das funções orgânicas; as bioquímicas, que estão
diretamente ligadas às transformações das reações químicas que se processam no
organismo. As modificações psicológicas ocorrem quando, ao envelhecer, o ser
humano precisa adaptar-se a cada situação nova do seu cotidiano. Já as
modificações sociais são verificadas quando as relações sociais tornam-se
alteradas em função da diminuição da produtividade e, principalmente, do poder
físico e econômico, sendo a alteração social mais evidente em países de
economia capitalista.
Acerca do processo de envelhecer percebe-se que ao rejeitar a morte como
rejeita, recusando-a com todas as suas forças, o ser humano tende a rejeitar
também a velhice, talvez por esta fase da vida ser a que mais se aproxima da
morte e assim, torna a velhice um peso para sua vida. Sendo o ser humano
marcado pela consciência da tragédia da morte, ele tenta inventar os mitos para
negá-la ou para encontrá-la, pensando nos meios para aceitá-la e, aí se dá
conta de que o problema da consciência e do ser humano é atravessado pelo tempo
e tornado trágico pela morte. Esta ação se traduz em agonia para o ser humano,
principalmente, durante a velhice(1).
Outra questão, se "não encaramos as tragédias da idade, se não encararmos
diretamente a tragédia da morte"(2). Mesmo a aproximação com o lado espiritual
de alguns idosos, nesta última fase do processo de viver, surge, não para o
crescimento destes como seres humanos, não para angariar pontos para a vida
eterna, mas como uma defesa contra a morte.
Em outro momento, Morin afirma: "eu acredito que somente podemos aceitar a
morte se vivermos plenamente"(2). Com esta afirmação, lembra que é importante
assumir a dialógica vida-morte e compreender a fórmula de Heráclito viver da
morte, morrer de vida, que se encontra plenamente comprovada na medida em que,
para começar, nós vivemos da morte de nossas células, sendo a vida o que
resiste à morte. Para resistir, porém, ela utiliza justamente a morte e sendo
assim, este antagonismo fundamental comporta uma colaboração por parte da vida.
IDOSO
O conceito de idoso é diferenciado para países em desenvol-vimento e para
países desenvolvidos. Nos primeiros, são consideradas idosas aquelas pessoas
com 60 anos e mais; nos segundos são idosas as pessoas com 65anos e mais. Essa
definição foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas(3), por meio da
Resolução 39/125, durante a Primeira Assembléia Mundial das Nações Unidas sobre
o Envelhecimento da População, relacionando-se com a expectativa de vida ao
nascer e com a qualidade de vida que as nações propiciam aos seus cidadãos.
Apesar de ser dos menos preciso, o critério cronológico é um dos mais
utilizados para estabelecer o ser idoso, até na delimitação da população de um
determinado estudo, ou análise epidemiológica, ou com propósitos
administrativos e legais voltados para desenho de políticas públicas e para o
planejamento ou oferta de serviços.
Os fenômenos do envelhecimento e da velhice e a determinação de quem seja
idoso, muitas vezes, são considerados com referência às restritas modificações
que ocorrem no corpo, na dimensão física. Mas é desejável que se perceba que,
ao longo dos anos, são processadas mudanças também na forma de pensar, de
sentir e de agir dos seres humanos que passam por esta etapa do processo de
viver(4). Complemento, acrescentando que o ser humano idoso tem várias
dimensões: biológica, psicológica, social, espiritual e outras, que necessitam
ser consideradas para aproximação de um conceito que o abranja e que o perceba
como ser complexo.
Considerando a relação do todo com as partes e vice-versa, o ser idoso não pode
ser definido só pelo plano cronológico, pois outras condições, tais como
físicas, funcionais, mentais e de saúde, podem influenciar diretamente na
determinação de quem seja idoso. Porém, ver-se como necessária uma
uniformização com base cronológica do ser humano idoso brasileiro, a ser
utilizada, principalmente, no ensino, considerando idoso, no Brasil, quem tem
60 anos e mais.
Vive-se todas as idades precedentes. Um autor(5) relata que envelheceu aos dez
anos com a morte da sua mãe, mesmo ainda sendo uma criança e, até hoje, com
mais de 80 anos, conserva a curiosidade e o questionamento da infância. Este
autor complementa que é agora, quando se misturam envelhecimento e rejuvenes-
cimento, que sinto em mim todas as idades da vida. Sou permanentemente a sede
dialógica entre infância/adolescência/maturidade/velhice. Evoluí, variei,
sempre segundo esta dialógica. Em mim, unem-se, mas também se opõem, os
segredos da maturidade e os da adolescência(5).
A velhice não é uma cisão em relação à vida precedente, mas é, na verdade, uma
continuação da adolescência, da juventude, da maturidade que podem ter sido
vividas de diversas maneiras. As circunstâncias históricas, que ele relaciona
tanto à vida privada, quanto à vida pública, exercem muita importância nos
determinantes da velhice(6).
Algo que se precisa pensar é a perda de autoridade que o idoso enfrenta à
medida que o desenvolvimento das civilizações acontece. Pois, os impulsos
juvenis aceleram a história, tornando-se mister, não mais a experiência
acumulada, mas a "adesão ao movimento"(7), o que torna a experiência dos idosos
desusada.
A partir da Segunda Guerra Mundial, os atores e atrizes que ultrapassavam os 50
anos passam a fazer sucesso, não significando, porém, que a juventude tenha
deixado de ser exigência do cinema, mas significando que "a idade do
envelhecimento recuou"(7). Estes atores e atrizes representam seres humanos que
cronologicamente envelheceram, mas que continuaram jovens física e psicologi-
camente, ou seja, continuaram ativos, aventurosos e amorosos(7).
Cria-se um novo modelo de ser humano, aquele "em busca de sua auto-realização,
através do amor, do bem-estar, da vida privada. É o homem e a mulher que não
querem envelhecer, que querem ficar sempre jovens para sempre se amarem e
sempre desfrutarem do presente"(7) . Assim, o rejuvenescimento se democratiza e
os seres humanos, cada vez mais correm em busca de meios para alcançá-lo
(ginásticas, dietas, cirurgias plásticas e outros), o que significa,
"metafisicamente, um protesto ilimitado contra o mal irremediável da velhice"
(7).
Percebeu-se, nos escritos de Morin, que mesmo não sendo idoso, na época em que
publicou essas percepções sobre envelhecimento ele correlaciona o processo de
envelhecimento e principalmente a fase de velhice com situações de perdas, com
a morte, enfim, com pessimismo. Outro autor(6), também e de forma sutil, lembra
as limitações e perdas que a velhice traz para os seres humanos. Na verdade
tenho me deparado com mais situações negativas do que favoráveis relacionadas à
velhice, isto a partir dos meus avôs e de outros idosos com quem convivi e
convivo. É complexo, mas desejável, admitir que envelhecer não é fácil e que
neste processo é possível verificar uma situação dialógica, onde convivem o
medo e as perdas com os ganhos e as boas expectativas.
Existe um conceito mais transdisciplinar do ser idoso(8) aponta que o idoso é
um ser de seu espaço e de seu tempo. É o resultado do seu processo de
desenvolvimento, do seu curso de vida. É a expressão das relações e
interdependências. Faz parte de uma consciência coletiva, a qual introjeta em
seu pensar e em seu agir. Descobre suas próprias forças e possibilidades,
estabelece a conexão com as forças dos demais, cria suas forças de organização
e empenha-se em lutas mais amplas, transformando-as em força social e política.
VELHICE
Quanto à velhice, o seu conceito necessita ser visualizado como a última fase
do processo de envelhecer humano, pois a velhice não é um processo como o
envelhecimento, é antes um estado que caracteriza a condição do ser humano
idoso. O registro corporal é aquele que fornece as características do idoso:
cabelos brancos, calvície, rugas, diminuição dos reflexos, compressão da coluna
vertebral, enrijecimento e tantos outros. No entanto estas características
podem estar presentes sem, necessariamente, ser-se idoso, como ainda é possível
ser idoso e através de plásticas, uso de cremes e ginásticas específicas,
mascarar-se a idade. Torna-se, então, difícil fixar a idade para entrar na
velhice, pois não dá para determinar a velhice pelas alterações corporais.
Embora se reconheça a velhice apenas no outro ser humano e não em quem a está
vivenciando, ou seja, no eu, no dono do corpo que envelhece, integrado na
dimensão temporal da existência, reconhece-se a cada momento e de forma
renovada que a velhice parece galgar novos limites. Estes poderão ser cada vez
mais altos se o idoso reconhecer-se, aceitar-se e integrar-se à sua família e
comunidade, até porque estas ações terminam por torná-lo reconhecido, aceito e
integrado por todos.
Seja qual for à ótica em que se discuta ou escreva acerca da velhice, é
desejável respeitar os direitos intangíveis ou intocáveis do cidadão idoso.
Essas situações que dizem respeito a quatro pontos especiais, que são:
tratamento equitativo, através do reconhecimento de direitos pela contribuição
social, econômica e cultural, em sua sociedade, ao longo da sua vida; direito à
igualdade, por meio de processos que combatam todas as formas de discriminação;
direito à autonomia, estimulando a participação social e familiar, o máximo
possível; direito à dignidade, respeitando sua imagem, assegurando-lhe
consideração nos múltiplos aspectos que garantam satisfação de viver a velhice
(9).
A velhice estar surgindo como uma possibilidade de se pensar uma nova maneira
de ser velho, justificada esta afirmação pelo fato de que os idosos estão se
organizando em movimentos que avançam politicamente na discussão de seus
direitos. A velhice, vista como representação coletiva, começa, mesmo que de
forma tímida, a mostrar outro estilo de vida para os idosos, que ao invés de
ficarem em casa, isolados, saem em busca do lazer, saem para os bailes, para as
viagens, os teatros, os bingos, os grupos, os clubes e universidades abertas à
terceira idade(10). O movimento referido emerge com uma força ainda
desconhecida por aqueles que o vivenciam, de seres humanos que tornam visível a
possibilidade de modificação da velhice, tirando os rótulos e contestando os
mitos.
Neste novo milênio, é desejável tomar consciência de que, para sobreviver, tem-
se de mudar o paradigma do desenvolvimento econômico para um paradigma de
desenvolvimento a favor do ser humano. Para alcançar tal intento a busca da
hominização, que é o desenvolvimento das potencialidades psíquicas,
espirituais, éticas, culturais e sociais(11), poderá ser uma saída. Para que
isto possa ocorrer, torna-se desejável se ter como meta do desenvolvimento o
viver melhor, o viver verdadeiramente, significando viver com compreensão,
solidariedade e compaixão.
Como começar esta reforma de pensamento na sociedade em relação à velhice, se
esta sociedade afirma que os idosos não aprendem? Surge, então, a possibilidade
de uma reforma do pensamento para os idosos, que pode ser possível através de
uma educação transformadora, para que estes seres humanos possam perder seus
medos e enfrentar seus envelhecimentos com muitas possibilidades diferentes das
que foram programadas e estigmatizadas.
A importância da educação, não só para os trabalhadores que cuidarão dos seres
humanos idosos, mas para os próprios idosos e para a sua família parece ser uma
saída para se trabalhar melhor os estigmas que a sociedade e o próprio idoso
insistem em assumir em relação à velhice. Não é qualquer educação direcionada
aos idosos que vai trazer transformações necessárias para que o idoso e a
sociedade mudem de atitude. Há possibilidade de uma educação permanente,
planejada com base em um alicerce de equilíbrio dinâmico entre a sua imanência
e a sua transcendência. Por imanência entenda-se a expressão do idoso diante de
sua situação humana, do seu cotidiano, o que ocorre no seu círculo de vida
privada, nos afazeres domésticos, nos hábitos, nas tradições culturais, enfim
na dimensão inevitável de limitações e de sombras que marcam a vida e, por
transcendência, o fato do idoso mostrar toda a sua criatividade, sua capacidade
de romper barreiras, de sonhar, de transforma-se em luz.
ENFERMAGEM GERONTOGERIÁTRICA
A enfermagem gerontogeriátrica agrupa conhecimento teórico e prático da
enfermagem, da geriatria e da gerontologia(12). É ainda uma especificidade da
enfermagem que cuida do idoso em todos os níveis de prevenção, ou seja, desde a
promoção da saúde até a recuperação. Esta nomenclatura foi escolhida para este
estudo, por entendê-la mais completa e adequada.
Os objetivos da Enfermagem gerontogeriátrica partiram dos objetivos da
Enfermagem gerontológica, embasados na integralidade e autonomia do ser humano
idoso. São eles: cuidar do ser humano idoso, considerando sua totalidade
biopsicossocial e estimulando o autocuidado, autodeterminação, independência;
ajudar o ser humano idoso, sua família e sua comunidade na compreensão do
envelhecimento como integrante do curso de vida; minimizar os danos e
limitações, impedindo a velhice doente e realizando ações que promovam a saúde,
mantendo autonomia e independência; desenvolver ações educativas, não só
direcionadas à equipe de enfermagem, mas principalmente ao próprio ser humano
idoso, a sua família e à comunidade e sociedade.
O ensino da Enfermagem gerontogeriátrica ou disciplina com outra nomenclatura
vem se fazendo presente nos Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC) de Enfermagem,
essa necessidade vem sendo sentida e implementada pelos professores, até em
atendimento às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Curso de
Graduação em Enfermagem.
Porém, só procurar atender as DCN e inserir o ensino acerca da saúde do idoso
no PPC não é suficiente, outras necessidades se fazem necessárias: envolvimento
do professor e dos estudantes nas questões contextuais, na própria relação
professor e estudante, na educação que se trilha, no processo ensino/
aprendizagem(13), centrado nas necessidades do ser humano idoso/família.
A família cuidadora de idosos fragilizados também é objeto de cuidado dos
enfermeiros gerontogeriátricos, pois, a assistência ao cuidador familiar requer
um redirecionamento do olhar daqueles que planejam e executam ações
cuidadativas em seu favor, no sentido de implementar intervenções que venham
minimizar o impacto da condição de dependência do idoso sobre o cuidador. O não
reconhecimento dos seus problemas no sistema formal de cuidados, escamoteia
suas questões, limitando-as ao âmbito doméstico, onde, também, podem estar/
ficar igualmente obscurecidas(14).
Já há algum tempo professores refletem sobre temas importantes a serem
ensinados/apreendidos na formação do enfermeiro. Alguns temas são primordiais:
conceitos importantes (envelhecimento, idoso, velhice, gerontologia, geriatria,
enfermagem geronto-geriátrica), principais alterações fisiológicas,
psicológicas e sociais do envelhecimento, Política Nacional do Idoso e
dispositivos legais nacionais e estaduais, doenças mais comuns no idoso (Doença
de Alzheimer, depressão, osteoporose e quedas, com ênfase na promoção da saúde
e prevenção de incapacidades); sistematização da assistência de enfermagem
voltada ao idoso/família, terapêutica medicamentosa para o idoso, violência
contra o idoso, avaliação multidimensional do idoso.
Ainda na década de 1990, o Programa de Saúde do Idoso(15) recomendava uma
avaliação multidimensional, onde se utilizassem instrumentos, se possível, já
validados, de fácil aplicação, que facilitassem o trabalho da equipe
multiprofissional e o progresso das ações terapêuticas, além de propiciar
informações através de um banco de dados que sirvam para futuras pesquisas e
melhoria da qualidade da assistência ao idoso. Esta avaliação necessita
abranger: saúde física (diagnósticos presentes, indicadores de severidade,
quantificação dos serviços médicos usados, auto-avaliação dos serviços de
saúde), saúde psicológica (testes de função cognitiva e testes de função
afetiva), parâmetros sociais (recursos disponíveis e necessidades de suportes),
independência funcional e autonomia (atividades básicas da vida diária e
atividades instrumentais da vida diária).
O Ministério da Saúde, tendo como objetivo o treinamento dos trabalhadores que
atuam na Estratégia de Saúde da Família (ESF) lançou, inserido na Série
Cadernos de Atenção Básica, o número 19 correspondente ao Envelhecimento e
Saúde da Pessoa Idosa(16), que traz instrumentos acerca da avaliação
multidimensional à pessoa idosa. Sendo de fácil utilização, mais direcionado à
ESF, porém adaptável a qualquer situação de avaliação realizada com a pessoa
idosa.
Em experiência, desde o ano de 1996, no ensino da Enfermagem em Saúde do Idoso,
percebe-se que os futuros enfermeiros tornam-se mais atentos ao cuidado ao
idoso, em qualquer situação onde se passa o cuidado; passam a se preparar para
o próprio processo de envelhecimento; tendem a iniciar uma melhor relação
intergeracional com seus avôs ou idosos próximos. Esses são ganhos importantes,
sendo primordial o fato de sensibilizá-los no cuidado ao idoso.
Não se espera que os enfermeiros recém-formados atuem com idosos, ou seja,
trabalhem em Instituições de Longa Permanência (ILP), por exemplo, porque as
oportunidades são poucas e os salários menores ainda. Mas, cada um atuará, sim,
junto aos idosos, pois os maiores de 60 anos compõem a maior clientela em
qualquer situação de cuidado: serviços básicos de saúde (ESF), unidades gerais,
clínica cirúrgica, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), bloco cirúrgico, serviço
de pronto atendimento (SPA), unidades obstétricas (não esqueçamos a influência
das mulheres idosas mães, sogras, no processo grávido-puerperal), unidades
pediátricas (muitas vezes os acompanhantes das crianças internadas são as avós
ou bisavós, pois os pais estão trabalhando).
Na pesquisa vem se constatando avanço na Enfermagem Gerontogeriátrica, porém
com algumas possibilidades a serem desenvolvidas, tais como as relacionadas ao
quantitativo de pesquisas apresentadas em eventos e principalmente publicadas
em periódicos indexados. Os CD-ROMs dos eventos ainda são a maior fonte dos
trabalhos publicados em forma de resumo, até porque esta se torna uma via de
fácil acesso para alguns trabalhadores. Na academia existem alguns livros
nacionais publicados sobre a Gerontogeriatria e também acerca da Enferma-gem
Gerontogeriátrica, que dão conta de nossa realidade e contexto.
Na assistência ao idoso percebem-se algumas limitações. Como o ensino/formação
sobre cuidado de enfermagem direcionado ao idoso se faz há pouco tempo, alguns
enfermeiros sentem dificuldades e apontam essas limitações, em ações
gerontológicas e geriátricas(17). Na ESF existe um esforço para que
trabalhadores, incluindo o enfermeiro cuidem do idoso(18), desenvolvendo ações
de promoção da saúde e prevenção de doenças, porém isso ainda se mostra um
processo em construção. Existem ações voltadas ao diabético, ao hipertenso, mas
ao idoso em uma perspectiva de envelhecimento ativo e manutenção de autonomia e
independência, ainda se faz necessário.
A Enfermagem Gerontogeriátrica vem crescendo e unindo os enfermeiros sensíveis
às questões dos idosos, tendendo a tornar-se um conhecimento mais fortalecido e
com linguagem própria.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Gerontologia ainda continua sendo uma ciência nova no Brasil. É uma temática
emergente e em ascensão, caminhando para a necessidade de se implementar e
implantar ações voltadas à melhoria da qualidade de vida dos que estão
envelhecendo e dos que já integram a velhice. Por conta disto a Gerontologia
apresenta um razoável processo de aceleramento quanto às questões relacionadas
à pesquisa; à realização de eventos específicos, onde os vários trabalhadores
possam perder a afonia e passem a perceber a importância de se trabalhar em
rede, considerando à multi/inter/transdiciplinaridade como sendo elementos
imprescindíveis para seu crescimento.
Muito ainda há por ser feito, mas o caminho trilhado parece ser um caminho
possível. Portanto, uma reflexão sobre os principais conceitos que cercam a
Gerontologia torna-se relevante e apropriado, principalmente no meio acadêmico,
tendo sido este o objetivo deste estudo.