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BrBRCVAg0100-29452002000300030

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variedadeBr
ano2002
fonteScielo

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Reação de clones de bananeira(Musa spp.) ao nematóide Meloidogyne incognita (Kofoid & White, 1919) Chitwood, 1949, Raça 2 Reação de clones de bananeira(Musa spp.) ao nematóide Meloidogyne incognita (Kofoid & White, 1919) Chitwood, 1949, Raça 2.1

Reaction of banana clones (Musa spp.) to nematode Meloidogyne incognita(kofoid & White, 1919) chitwood, 1949, race 2.

Lenisa Cezar Vilas BoasI, 2; Renata Cesar Vilardi TenenteII, 3; Vilmar GonzagaII, 3; Sebastião Pedro da Silva NetoIII, 4; Herminio Souza RochaIII, 4 IBolsista CNPq, EMBRAPA/CENARGEN, C.P. 02372 (70770-900) Brasília, DF, Brasil IIEMBRAPA/CENARGEN, C.P. 02372 (70770-900)Brasília, DF, Brasil IIICompanhia de Promoção Agrícola (CAMPO) Paracatu, MG, Brasil

INTRODUÇÃO A banana é uma das frutas mais populares no Brasil, sendo este o segundo maior produtor do mundo, com mais de 10 milhões de toneladas (AGRIANUAL, 1999) e com área colhida superior a 500 mil hectares. A bananeira diferencia-se das demais espécies de plantas frutíferas, pois apresenta um fluxo contínuo de produção a partir do primeiro ano de cultivo, atraindo os produtores, que obtêm o retorno do capital investido rapidamente. Entretanto, ao longo de suas fases de crescimento e produção, a bananeira e seus frutos são afetados com grande intensidade por problemas fitossanitários que incluem os fitonematóides, que contribuem para o decréscimo na produtividade e na qualidade dos frutos .

Diversas espécies de fitonematóides têm sido identificadas associadas às raízes e ao solo da rizosfera de plantas de bananeira. Entretanto, apenas Radopholus similis, Helicotylenchus multicinctus, Pratylenchus coffeae e Meloidogyne spp., principalmente M. incognita e M. javanica, são espécies tidas como de maior importância (Bridge, 1991; Bridge et al., 1997; Collingborn & Gowen, 1997; Costa et al., 1998).

Em geral, os danos de fitonematóides em cultivos de bananeira são diretamente proporcionais ao aumento de suas populações, ocorrendo redução do tamanho, peso e atraso na maturação dos cachos, pouco perfilhamento e morte das plantas (Claudio & Davide, 1967; Davide & Marasigan, 1992; Patel et al., 1996; Costa et al., 1997; 1998). As estimativas de perdas causadas por Meloidogyne spp., em diferentes culturas no Brasil, são em média de 12,69 %, sendo de 8% em Musa spp. (Costa, 2000).

Os danos de necroses causados nas raízes e no rizoma por R. similis reduzem a capacidade de absorção e sustentação das plantas, ocorrendo freqüentes casos de tombamentos das plantas pela ação do vento ou pelo próprio peso do cacho. As perdas causadas por esse nematóide podem chegar a 100% entre as bananeiras do subgrupo Cavendish (Zem & Alves, 1981; Costa et al., 1998).

Entre as espécies de Meloidogyne, M. incognita e M. javanica são as que ocorrem com freqüência em todos os Estados brasileiros, onde se cultivam bananeiras.

Infestações mais expressivas ocorrem na Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro e São Paulo, devendo-se tal dispersão à comercialização indiscriminada de mudas infestadas entre os bananicultores ou pela introdução do parasita nas áreas, através de outras plantas hospedeiras (Zem, 1982). Somando-se a estas espécies, M. arenaria têm sido a causa de grande destruição das raízes nas regiões mais áridas do Brasil, podendo seus danos ser comparáveis aos de Radopholus similis, em determinadas áreas (Costa-Manso et al., 1994; Moreira, 1995).

Entre os problemas associados ao método convencional de controle de fitonematóides na bananicultura, o controle químico apresenta vários inconvenientes, como o alto custo dos produtos, os resíduos nos frutos, intoxicação pela exposição aos produtos, contaminações de fontes de água e destruição da microflora do solo (Gomes, 1996). Métodos alternativos de controle, como o escalpeamento de rizomas antes do plantio, tratamento térmico, plantio em solos virgens, inundação e pousio, foram investigados por Stephens (1995) sem resultados totalmente satisfatórios. Dentre os métodos de controle de nematóides, destacam-se a multiplicação in vitro, controle biológico e resistência genética. A utilização de mudas multiplicadas in vitro é eficiente em áreas virgens, garantindo a isenção da praga nos primeiros anos de cultivo.

Entretanto, o trânsito de máquinas e implementos, veículos e embalagens utilizados no transporte dos frutos entre lavouras e o uso de mudas infestadas poderiam contaminar e disseminar nematóides. O controle biológico seria um método alternativo, cuja eficiência depende de fatores ainda em estudo, bem como a conscientização e aceitação por parte dos produtores. Somente o uso do controle biológico de nematóides não é suficiente, dados os resultados obtidos para outras culturas, com espécies similares de nematóides. Portanto, a resistência genética é, entre todos os métodos de controle de nematóides, o mais eficiente e promissor, e constitui a medida mais econômica e viável para o produtor (Costa, 1998; 2000).

Neste contexto, têm sido observadas variações fenotípicas de diferentes magnitudes em clones de bananeira pertencentes à mesma cultivar. Estudos citológicos feitos por Shepherd & Alves (1984) revelaram que a bananeira é uma planta cuja natureza poliplóide do genoma favorece a ocorrência de mutações, o que em parte explica o grande número de clones observados dentro de uma mesma cultivar. As variações de natureza genética que influenciam os caracteres fenotípicos de alguns clones, podem estar relacionadas com sua respectiva resistência genética a nematóides.

Portanto, alguns clones têm sido selecionados com resistência a R. similis (Wehunt et al., 1978; Costa et al., 1998), mas pouco se conhece sobre a resistência de bananeiras aos nematóides formadores de galhas, Meloidogyne spp.

Com isso, o objetivo principal deste trabalho é verificar a reação de diferentes clones de bananeira em relação a M. incognita raça 2 sob condições de casa de vegetação.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido em casa de vegetação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília-DF. Foram testados 10 clones de bananeira em relação a M. incognita raça 2, sendo nove triplóides (AAB) e um tetraplóide (AAAB). Os materiais utilizados foram introduzidos ou desenvolvidos pela Embrapa Mandioca e Fruticultura e pela Companhia de Promoção Agrícola ' CAMPO. Os clones foram produzidos "in vitro" pela CAMPO, e passaram pela adaptação em vermiculita e aclimatação durante 30 dias. Após esse período, as mudas foram transplantadas para sacos plásticos de cinco litros de capacidade que continham uma mistura de solo, areia e esterco: (3:1:1), esterilizados em caldeira a gás a 100ºC, por duas horas, e foram mantidas em casa de vegetação, onde a temperatura variou de 24 a 29ºC, mantendo-se os tratos culturais necessários e utilizando-se do sistema de irrigação por aspersão. Após cinco dias do transplante, os clones foram inoculados com 20.000 nematóides de M. incognita (entre ovos e juvenis) por planta e este inóculo foi obtido de raízes de bananeiras infectadas e mantidas em casa de vegetação.

Decorridos 120 dias, as plantas foram colhidas, o sistema radicular foi separado da parte aérea, lavado e pesado separadamente, retirando amostra de 100 g de raízes para a extração de nematóides. Realizou-se a extração de nematóides segundo a técnica de Hussey & Barker (1973), com trituração das raízes em liquidificador, durante 20 segundos, usando a solução de hipoclorito de sódio a 0,5 %. O material triturado passou pelas peneiras de 100 (0,149 mm) e 500 (0,0275mm) mesh, sendo que o material da peneira de 500 mesh foi recolhido em um béquer e usado na quantificação do número de ovos e juvenis, sob microscópio estereoscópio. Do solo, foram retiradas amostras de 200 cm3 para a extração dos nematóides do solo, adotando-se a combinação das metodologias de flutuação + peneiramento + centrifugação (Jenkins, 1964). O fator de reprodução (FR) do nematóide foi estabelecido com base na relação entre a população final dividida pela população inicial (Pf/Pi), para cada combinação genótipo - nematóide.

Para avaliar as reações dos clones em relação a M. incognita raça 2, utilizou- se como padrão de suscetibilidade o clone CPA-34, pertencente à cultivar Grande Naine, por apresentar o maior FR (Tabela_1).

O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições. Foram realizadas as análises de variância dos resultados obtidos para os seguintes parâmetros: peso das raízes, peso da parte aérea, número de ovos + juvenis e fator de reprodução(FR) dos nematóides, para os clones inoculados e não inoculados. Foi feita a comparação de médias dos genótipos testados através do teste de Tukey, a 1%. Os dados originais referentes ao número de nematóides foram transformados em raiz Ö(x + 0.5) (Zonta & Machado, 1981).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela_2, verifica-se o número de nematóides em 100 g de raízes e em 200 cm3 de solo e o fator de reprodução (Pf/Pi), como também a reação apresentada pelos clones testados em relação à população de M. incognita raça 2. Observou-se uma variação na população de nematóides, variando de 39.368,55 (CPA-34) a 2.952 (CPA-58) indivíduos. A reação dos clones testados com base no padrão de suscetibilidade do clone CPA-34 revelou uma predominância de pouca resistência (PR) em 80% dos clones, ou moderada resistência (MR), com os fatores de reprodução inferiores a um, variando de 0,129 a 0,985 (Tabela_2). Com a aplicação do teste de Tukey (1%), verificou-se que somente o clone CPA-58 diferiu estatisticamente do clone-padrão (CPA-34), quanto ao número de nematóides. Em relação ao fator de reprodução, somente os clones CPA-58 e CPA- 54 diferiram do clone-padrão, verificando-se que M. incognita raça 2 apresentou uma capacidade multiplicadora pequena, 1,968 (CPA-34) a 0,129 (CPA-58), assemelhando-se aos dados obtidos por Costa et al. (1998), onde a maioria dos clones testados apresentou resistência intermediária ou moderada resistência a esse nematóide. Entretanto, os resultados deste trabalho e os de Costa et al.

(1998), que mostraram resistência dos clones a M. incognita, contrastam com os encontrados por Zem (1981) e Lordello (1981), que observaram, em condições de campo, visível suscetibilidade das cultivares Pacovan, Prata e Mysore a M.

incognita e M. javanica, também observados por Patel et al. (1996), que encontraram somente reações de alta e moderada suscetibilidade em genótipos de bananeira em relação a uma população mista de M. incognita e M. javanica.

Contudo, os resultados da Tabela_2 indicam que a maioria dos clones usados pode manter a multiplicação do nematóide, embora o fator de reprodução seja inferior a um, mas muito próximo de um, estimulando a sobrevivência da população. Também se observaram diferenças entre o peso das raízes das plantas infectadas comparadas às não-infectadas e no peso da parte aérea, mostrando que a maioria dos clones inoculados diferiu significativamente (1%) dos não-inoculados (Tabela_3), observações estas citadas em alguns trabalhos anteriores (Claudio & Davide, 1967; Costa et al., 1998)

Dentre os três clones da cultivar Pacovan testados, verificou-se que os mesmos são pouco resistentes ao nematóide, com fatores de reprodução baixos, de acordo com a classificação do grau de resistência (Tabela_1); verificou-se, também, que apresentam o mesmo tipo de genoma (AAB). Diferenças foram encontradas entre os resultados deste trabalho comparados àqueles obtidos por Costa et al.

(1998), onde todos os clones de "Pacovan" foram considerados com resistência intermediária. Tais diferenças podem ser atribuídas à população de M. incognita usada em cada trabalho; ou ao nível de inóculo utilizado; ou, ainda, devido às condições de temperatura, fatores estes importantes no desenvolvimento dos nematóides das galhas. Entretanto, os clones triplóides de "Maçã", com o mesmo genoma (AAB), apresentaram diferenças entre si: dois foram pouco resistentes, com FR igual a 0,8 e 0,9, e um terceiro (Maçã 49) mostrou-se suscetível, com FR igual a 1,4 (Tabela_2).

Contudo, neste trabalho, somente dois clones, CPA-58 e CPA-54, podem ser considerados resistentes à população de M. incognita raça 2 em relação aos demais clones, pois apresentaram baixos valores de FR, concordando, em parte, com os resultados de Costa et al. (1998), que testaram 17 clones e encontraram 88,23% dos genótipos com resistência intermediária ou moderada a Meloidogyne incognita, constatando que muito mais genótipos devem ser testados, usando diferentes populações ou raças dessa espécie de nematóide, bem como que se faz necessária uma avaliação no campo, para confirmar a verdadeira reação dos genótipos quanto ao parasitismo e danos causados por esta espécie de nematóide.

CONCLUSÃO 1 - Dos dez clones testados, apresentaram-se como resistentes a M. incognita raça 2, somente dois: CPA-58 (Caipira) e CPA-54 (Prata-Anã).

2 - Verificou-se que a presença do fitonematóide Meloidogyne incognita raça 2 afeta significativamente o crescimento do sistema radicular de bananeiras e da parte aérea das plantas.

3 - Portanto, os resultados sugerem que, entre os clones de bananeira testados, se podem obter fontes promissoras de resistência à Meloidogyne incognita raça 2.


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