Home   |   Structure   |   Research   |   Resources   |   Members   |   Training   |   Activities   |   Contact

EN | PT

BrBRCVAg0100-29452002000300032

BrBRCVAg0100-29452002000300032

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2002
Issue0003
Article number00032

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

Espaçamento para o cultivo da bananeira 'Comprida verdadeira' (Musa AAB) na zona da mata sul de Pernambuco ( Ciclo) Espaçamento para o cultivo da bananeira 'Comprida verdadeira' (Musa AAB) na zona da mata sul de Pernambuco ( Ciclo)1INTRODUÇÃO O Brasil destaca-se como o terceiro produtor mundial de banana, com uma produção de 6,34 milhões de toneladas, segundo dados da FAO (2001). Não se sabe, entretanto, quanto desse total corresponde às bananas de cozinhar e fritar do grupo AAB, conhecidas mundialmente como "plátanos". É certo que as regiões Nordeste e Norte concentram os maiores plantios desse tipo de banana, que é importante fonte de alimento para todas as camadas sociais da população.

Embora Pernambuco seja um dos maiores produtores de banana do País [36,9 milhões de cachos, em 2000, conforme IBGE (2001)], cerca de 86% das bananas do tipo "plátano" que consome, são importadas de outros Estados, como Alagoas e Bahia (Ceagepe, 1996). Existem poucas informações acerca do cultivo desse tipo de banana no Brasil, e o uso de tecnologias é extrapolado a partir de outras variedades. Com relação ao manejo de touceiras, os estudos são ainda exíguos, possivelmente devido aos problemas peculiares da própria conformação genética do subgrupo Plátano (afloramento de rizoma e elevada suscetibilidade à broca- do-rizoma e nematóides), que faz com que a condução das plantas se torne bastante trabalhosa.

A maioria dos trabalhos sobre densidade de plantio e espaçamento foi realizada em outros países, sobretudo da América Latina e África. Tézenas du Montcel (1987) recomenda, para os países africanos, densidades que vão de 1.500 até 3.000 plantas/ha, dependendo do tipo de "plátano" cultivado. O espaçamento pode variar de 2,0 x 1,8 m até 3,0 x 2,0 m, sendo usado o sistema tradicional de condução de touceiras. Añez et al. (1991) testaram na Venezuela 11 diferentes distâncias de plantio e concluíram que os rendimentos do "plátano" 'Hartón' aumentaram proporcionalmente com o aumento das distâncias. Na Colômbia, Belalcazar Carvajal et al. (1994a, 1994b) constataram que, para o "plátano" 'Dominico Hartón', o espaçamento de 3,0 x 2,0 m, e a densidade de 1.666 plantas/ha, com um rebento por touceira em explorações perenes, ou as altas densidades no mesmo espaçamento (3.332 e 4.490 plantas/ha com duas e três plantas por touceira, respectivamente), em explorações anuais, são as mais recomendadas para obtenção de elevadas produções. No Brasil, em ensaio para definição de espaçamento, adubação e calagem da planta-mãe da bananeira- 'Comprida Verdadeira', Cavalcante et al. (1981) encontraram melhores resultados na distância de 3,0 x 2,0 m, entre três espaçamentos testados (3,0 x 2,0 a 4,0 m). Alves & Oliveira (1999) recomendam densidades de 1.111 a 3.333 plantas/ ha para as cultivares Terra e Maranhão, e 1.666 a 4.998 plantas/ha para 'd'Angola' e 'Terrinha', com dois seguidores.

O objetivo deste trabalho foi definir o melhor espaçamento no desenvolvimento e rendimento da bananeira-'Comprida Verdadeira' na Zona da Mata Sul de Pernambuco.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no Engenho Amorinhas, localizado no Município de Amaraji, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, que se situa a 8°22'45"S, 35°27'00"W e a uma altitude de 180 m. O clima da região é tropical quente e úmido, de transição entre As' e Ams' (classificação de Köppen), com pluviosidade e temperatura médias anuais de 2.007mm e 24°C, respectivamente. O solo é do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico. O material genético utilizado foi a bananeira tipo French 'Comprida Verdadeira' (Musa AAB, subgrupo Plátano), também conhecido como 'Samburá' ou 'Sete Palmas', sendo a cultivar desse subgrupo mais plantada no Estado. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com três tratamentos, constituídos por três espaçamentos (3,0 x 2,0 m, 2,5 x 2,0 m e 2,0 x 2,0 m) e três repetições. Cada parcela foi formada por 35 plantas (espaçamentos 2,5 x 2,0 m e 2,0 x 2,0 m) e 28 plantas (espaçamento 3,0 x 2,0 m), sendo 15 consideradas úteis no espaçamento 2,0 x 2,0 m, 10 no espaçamento 3,0 x 2,0 m e 12 no espaçamento 2,5 x 2,0 m, de modo que a área útil de cada parcela foi de 60 , independentemente do tratamento.

O plantio foi realizado em covas de 0,40 x 0,40 x 0,40 m e as mudas utilizadas foram do tipo pedaço de rizoma, com aproximadamente 1,0 kg. As plantas foram conduzidas sob regime de irrigação por aspersão sobcopa e submetidas aos tratos culturais e fitossanitários recomendados para a cultura (Alves & Oliveira, 1999). As fertilizações mineral e orgânica foram realizadas conforme recomendação de Gonzaga Neto et al. (1998) para uso em bananeira irrigada no Estado de Pernambuco. Foram avaliadas as seguintes características: altura da planta no florescimento; número de filhos e de folhas até a colheita; número de dias do plantio ao florescimento e à colheita; peso do cacho e das pencas, número de pencas e frutos por cacho; comprimento e diâmetro do fruto e espessura da casca. Os dados foram submetidos à análise estatística e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Com respeito ao número de dias do plantio à emissão da inflorescência e até a colheita, não houve diferença entre os tratamentos estudados (Tabela_1). Em relação à altura da planta, aquelas conduzidas no espaçamento 3,0 x 2,0 m alcançaram o maior porte (2,70 m), sem diferir daquelas cultivadas no espaçamento 2,5 x 2,0 m (2,67 m). no tratamento mais adensado, o porte foi mais reduzido (2,54 m). Comportamento semelhante foi observado para a circunferência do pseudocaule. As bananeiras conduzidas em espaçamentos maiores podem ter sofrido maior incidência de luz, o que promoveu mais desenvolvimento das plantas, sem que o crescimento estivesse associado a estiolamento, como pode ser comprovado pelos valores da circunferência do pseudocaule. Essa mesma explicação pode ser aplicada a algumas características de produção e físicas do fruto mencionadas adiante.

Não houve diferença para número de filhos emitidos até a colheita e de folhas em nenhum espaçamento. No que concerne às características de rendimento (Tabela 2), não houve diferença na produtividade, mesmo quando foi utilizado o sistema de condução mais adensado; entretanto, quando se avaliou a produção em peso de cacho por planta, observou-se que as plantas no espaçamento 3,0 x 2,0 m alcançaram o valor mais alto (17,8 kg), diferindo significativamente das plantas no espaçamento 2,0 x 2,0 m, que obtiveram uma produção de 14,4 kg. Esse mesmo comportamento foi observado para o peso das pencas. Em relação ao número de pencas e de frutos por cacho, não foi encontrada diferença entre os tratamentos. Resultados semelhantes também foram obtidos por Reyes & Armijos (1998) para o "plátano" 'Barraganete', no Equador, onde os cachos de menor peso também foram obtidos em plantios mais adensados. Em avaliações realizadas na Colômbia por Belalcázar Carvajal & Cayón Salinas (1998), verificou-se que, no primeiro ciclo de produção, o "plátano" 'Dominico Hartón' cultivado no espaçamento 3,0 x 2,0 m, com uma planta por touceira, alcançou uma produtividade de 23,2 t/ha, enquanto sob altas densidades registraram-se valores de até 51,8 t/ha, Os cachos obtidos em plantios muito adensados apresentaram menores pesos em todos os ciclos de produção.

Quanto às características físicas do fruto (Tabela_3), notou-se que, para o peso do fruto, as plantas conduzidas na distância 3,0 x 2,0 m obtiveram a maior média (208,50 g), que não diferiu das plantas no espaçamento 2,5 x 2,0 m (193,48 g), mas que foi sensivelmente maior que as do 2,0 x 2,0 m (170,68 g), havendo diferença entre os mesmos. Comportamento similar foi registrado para comprimento e diâmetro do fruto, para os quais as plantas do espaçamento 3,0 x 2,0 m alcançaram os maiores valores médios (23,34 cm e 39,15 mm, respectivamente), embora não tenham diferido das plantas na distância 2,5 x 2,0 m, que obtiveram para essas mesmas variáveis os valores de 22,70 cm e 36,60 mm, respectivamente. Os frutos avaliados nas plantas do espaçamento 2,0 x 2,0 m apresentaram os menores comprimento e diâmetro (21,34 cm e 36,67 mm, respectivamente), diferindo significativamente dos demais. A espessura da casca não apresentou diferença entre todos os tratamentos.

CONCLUSÃO Nas condições do presente estudo, os espaçamentos 3,0 x 2,0 m e 2,5 x 2,0 m promovem a produção de cachos maiores, bem como de frutos com melhores características físicas (maiores peso e tamanho) no primeiro ciclo de cultivo da bananeira-'Comprida Verdadeira', sem prejudicar a produtividade, quando comparados ao espaçamento 2,0 x 2,0m.


transferir texto