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BrBRCVAg0100-29452002000300033

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variedadeBr
ano2002
fonteScielo

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Comercialização de caju in natura na região noroeste do estado de São Paulo Comercialização de caju in natura na região noroeste do estado de São Paulo1INTRODUÇÃO O cajueiro é cultura de grande importância econômica, tanto pelo fato de ser consumida in natura como pela industrialização de seus frutos, resultando em sucos e outros produtos bastante consumidos nos mercados interno e externo.

Atualmente é cultivado em diversos países, destacando-se pela produção Índia, Brasil, Moçambique e Tanzânia (Nehmi et al, 1998).

No Brasil, os Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte produziram em 2000, aproximadamente, 166 mil toneladas de castanha de caju (100% da produção nacional) em uma área de 597 mil hectares. Em 1999, o Brasil exportou mais de 24 mil toneladas de castanha de caju, no valor aproximado de US$ 142 milhões.

Os Estados Unidos consomem 60 % de toda a castanha de caju negociada no comércio mundial, e o Brasil, por sua vez, coloca nesse país cerca de 25% de sua produção exportável (Nehmi et al, 2000).

A produtividade do cajueiro é expressiva na região Nordeste do Brasil, onde a EMBRAPA, através do Centro Nacional de Pesquisa em Agroindústria Tropical (CNPAT) localizada em Pacajus-CE, vem desenvolvendo várias pesquisas. A novidade é a variedade "anão-precoce" que deverá, ao longo do tempo, substituir o caju comum, que apresenta baixa produtividade e dificuldades na colheita, devido à multiplicação por sementes, à polinização cruzada, ao manejo inadequado da cultura e também por serem muito altos, podendo chegar a até 14 metros.

Além da EMBRAPA, algumas empresas do Nordeste também estão investindo em pesquisas para melhorar a produção de caju desta região, com o objetivo de direcionar a produção para a comercialização in natura. Atualmente, a produção vem para a região Sudeste, em caminhões-frigorífico, que fazem o percurso de mais de três mil quilômetros em três dias. A venda in natura reverte a tradição apontada nas estimativas oficiais de desperdício de mais de 95% da safra de pedúnculo do caju, em detrimento da castanha, que a indústria de suco não pode aproveitar (Araripe, 2000).

Com a difusão desta variedade ("anão precoce") outros Estados vêm interessando- se pela cultura, como Mato Grosso do Sul e São Paulo. Na região Noroeste do Estado de São Paulo, a empresa ASADA - Empreendimentos Agroindustrial- localizada no município de Mirandópolis, introduziu a cultura do cajueiro em 1994, quando trouxe o primeiro lote de mudas enxertadas produzidas no Ceará. O projeto CAJUNOR, denominação da ASADA para seu empreendimento com caju, tinha por objetivo implantar, até o ano 2003, mais de 1 milhão de pés de cajueiro- anão-precoce (em uma área aproximada de 2000 alqueires), estimativa esta que deverá ser alcançada somente em 2007. Nesse empreendimento, estão incluídos desde a produção de mudas até a instalação de indústrias para processamento da castanha, do caju em passas, sucos e ração.

Com relação à cultura do cajueiro no Estado de São Paulo, são poucos os resultados de pesquisa colocados à disposição dos agricultores, no que diz respeito à produtividade, comercialização e aos aspectos ligados à economicidade, como custo de produção e análise de investimentos. Esses indicadores são importantes subsídios na tomada de decisão pelos agricultores no planejamento da produção.

O objetivo geral do presente trabalho foi descrever e caracterizar a produção e o mercado interno da cultura do caju. São objetivos específicos: a) estimar os custos de comercialização; b) analisar o comportamento de mercado da fruta; e c) verificar a produção e a procedência em diferentes mercados.

MATERIAL E MÉTODOS A região de Mirandópolis, pertencente ao EDR de Andradina, destaca-se na produção de frutas, principalmente com goiaba, abacaxi e manga. Segundo dados apresentados por Mereti (2001), Mirandópolis apresenta o melhor desempenho na geração de renda, quando comparado com outros municípios desta região. A explicação está na composição da produção, o valor agregado pela exploração frutífera, com destaque para a produção de goiaba que, em 1999, apresentou o maior valor R$7.681.000,00, representando quase 26% do valor total das explorações em Mirandópolis. Nos últimos dois anos, os produtores, desestimulados com os preços recebidos pela indústria, estão abandonando e/ou erradicando a cultura da goiaba na região, e apostando em outras frutíferas, como, por exemplo, na cultura do cajueiro.

Segundo ASADA Empreendimentos Agroindustrial 4 (2002), a cultura do cajueiro-anão-precoce vem expandindo-se pela região Noroeste do Estado de São Paulo, onde o EDR de Andradina se destaca em termos de pés novos, com 14.377. Isto pode ser explicado pelo fato de o município de Mirandópolis fazer parte deste EDR, local onde foi introduzida a cultura pela empresa ASADA Empreendimentos Agroindustrial.

Para estimar e analisar os custos de comercialização, foram realizadas entrevistas com produtores, técnicos da extensão rural, agentes intermediários e pesquisadores de órgãos públicos. Também foram levantadas informações na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP).

O levantamento dos dados necessários à realização do trabalho, nos aspectos ligados à tecnologia, produção e preços, foi efetuado junto a dois produtores rurais do município de Mirandópolis, onde a cultura se encontra em produção.

Esses produtores podem ser considerados representativos dessa atividade na região por adotarem bom nível tecnológico e obterem produtividade e qualidade da fruta. Os custos de comercialização foram estimados até o centro atacadista do Entreposto Terminal do Jaguaré em São Paulo, não abrangendo, portanto, os segmentos pós-atacado da cadeia de comercialização, considerado o mercado mais significativo do Brasil, com grande movimentação comercial dos produtos hortifrutícolas brasileiros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A comercialização e seus custos As formas mais praticadas de comercialização da fruta na região Noroeste de São Paulo são a de preço em consignação e a de preço combinado, feitas com atacadistas diretamente na propriedade rural. A forma predominante é a do preço em consignação, em que o produto é enviado para empresas (atacadistas) localizadas nas CEASAs ou CEAGESP-SP, e que são responsáveis pela sua comercialização, repassando aos produtores como preço líquido o preço de venda recebido pela fruta, descontadas as despesas envolvidas. Nesse tipo de venda, o agricultor envia seu produto sem saber o preço que irá receber.

Outro tipo de comercialização, ainda pouco praticado na cultura do caju, é a venda através do preço combinado. Neste sistema, os produtores recebem a visita em sua propriedade de profissionais que trabalham com compra e venda de produtos, com os quais negociam o valor de venda da fruta, que é repassado ao produtor, geralmente após 30 dias.

O caju produzido nesta região pode ser destinado a: venda direta a atacadistas, atuando na CEAGESP (a maioria) ou em outras CEASAs venda direta na porteira para intermediários; venda direta para representantes de indústrias para produção de sucos e doces; ou, ainda, a venda direta a feirantes, supermercados e quitandas da região.

O caju in natura é comercializado em pequenas caixetas de papelão, com 4 bandejas de PVC, com capacidade média para 1,5 kg (Figuras_02 e 03). Depois, esta caixeta é revestida com filme plástico treta-pak, possibilitando uma maior conservação da fruta.

O transporte é feito por transportadoras da região de Mirandópolis-SP, até a cidade de São Paulo, e em função da distância do local de produção, neste caso de 600 km, o valor do frete é de R$ 0,55/cx ou US$ 0.27/cx5 por caixa.

Geralmente, estas transportadoras levam até o Entreposto Terminal da CEAGESP, em São Paulo, vários outros produtos além do caju. Com isto, o preço da caixa a ser transportada é sempre o mesmo, independentemente da quantidade.

Para o descarregamento, é cobrado um valor de R$0,10/caixa ou US$0.05/caixa. A comissão do atacadista é de 17,50% sobre o preço médio da caixa de caju no atacado, e as despesas com a Seguridade Social (2,2%) estão embutidas no valor da comissão.

Os custos de comercialização pela venda em consignação da caixa de caju de 1,5 kg, pelos produtores da região de Mirandópolis-SP, em outubro de 2001, foi de R$1,53/caixa. Desse valor, 58% referem-se às despesas com comissão, 36% com frete e 6% com custo de descarga. Dessa forma, o produtor recebe pela caixa de caju R$3,50/caixa (US$1.70), que é obtido, descontando-se os custos de frete, descarga e comissão do atacadista, do preço médio da caixa de caju no atacado.

Deve-se ressaltar que o produtor é responsável por todas as despesas de produção, colheita, seleção e embalagem.

Considerando o custo total de produção obtido por Petinari (2002), verifica-se que os custos de comercialização representam cerca de 76% do custo total, valor este considerado elevado pelos produtores.

Comportamento de mercado Para a análise do comportamento de mercado do cajueiro, foram levantados dados referentes às quantidades e preços do kg de caju in natura comercializadas na CEAGESP de São Paulo, referentes ao período de 1992 a 2000.

Verifica-se que, de janeiro até a primeira quinzena de junho, as quantidades de caju (pseudofrutos) comercializadas na CEAGESP são menores, em virtude de corresponder ao período de entressafra nas grandes regiões produtoras do Nordeste do Brasil. A partir da segunda quinzena de junho, observa-se um aumento no volume comercializado, que tende a diminuir no final do ano.

Os preços recebidos pelos produtores rurais da região Noroeste do Estado de São Paulo são referentes à comercialização do caju in natura na CEAGESP de São Paulo, durante a safra 2000-01.

Observa-se claramente que os maiores preços ocorrem de janeiro até a primeira quinzena de julho, correspondendo à época de menor quantidade de frutos. Em janeiro, março, abril e maio, ocorre um grande aumento de preços, pelo fato de haver menor quantidade de frutos ofertados no mercado atacadista de São Paulo.

Atualmente, a utilização da irrigação vem permitindo a colheita por um período maior, cerca de 8 meses no ano, que, aliada a estudos de poda, poderá direcionar toda produção para o primeiro semestre, alcançando melhores preços.

Procedência e destino da produção Com a finalidade de determinar-se a procedência e o destino do caju in natura comercializado na CEAGESP, no ano de 2000, foram levantadas as regiões de procedência, suas quantidades e também a porcentagem com que cada região participa no volume comercializado na CEAGESP.

A maior parte da fruta do caju comercializada na CEAGESP, em engradados com capacidade para 3,0 kg, é originária do Estado do Piauí, com cerca de 75.313 kg (63%), seguido pelo Rio Grande do Norte (22%), do total comercializado6. O Estado de São Paulo aparece em terceiro lugar, com destaque para a região de Bauru, que é a principal produtora, porém outras áreas dentro do Estado vêm aumentando a produção, como é o caso da região Noroeste.

Em termos gerais, os destinos são os mais variados possíveis, com destaque para as feiras livres, CEASAs regionais, supermercados e sacolões, que comercializam, respectivamente, 29%, 19%, 17% e 13% do total comercializado na CEAGESP.

CONCLUSÕES 1 - Os custos incidentes na comercialização do caju na CEAGESP são altos, muito embora representem hoje a única forma de comercialização da fruta in natura.

2 - Em função da predominância da comercialização pelo sistema de preço consignado, fica evidente ao produtor que o ideal seria buscar caminhos alternativos visando a reduzir principalmente os custos com a comissão do atacadista, o que não é fácil.

3 - O início da operação de uma indústria na região que pretende processar a castanha e o pedúnculo do caju, deverá aumentar a competitividade pela fruta.

4 - Para o produtor da região Noroeste do Estado de São Paulo, o ideal seria direcionar sua produção para os meses de janeiro a junho, garantindo assim melhores preços.


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