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BrBRCVAg0100-29452002000300060

BrBRCVAg0100-29452002000300060

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2002
Issue0003
Article number00060

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Fósforo e zinco no desenvolvimento de mudas de aceroleira COMUNICAÇÃO CIENTÍFICAA aceroleira (Malpighia glabra L.), frutífera rústica e arbustiva, é originária das Antilhas, Norte da América do Sul e América Central(Simão, 1971).

Sua cultura vem expandindo-se em regiões tropicais brasileiras, provavelmente devido à demanda elevada e possibilidade de exportações (Andersen e Andersen, 1988; Lucas, 1993). Mesmo sendo a aceroleira uma planta rústica e facilmente adaptável aos mais variados tipos de solo, requer um manejo cuidadoso quanto à adubação e nutrição das plantas, principalmente de pomares para fins de exportação de frutos (Gonzaga Neto e Soares, 1994).

As primeiras pesquisas de nutrição mineral da aceroleira, principalmente referentes à interação entre o fósforo e o zinco, iniciaram-se em 1936. A deficiência de zinco nas plantas, induzida por fósforo, é em função da elevada disponibilidade de fósforo nos solos, decorrentes das adubações. Segundo Olsen (1972), isto ocorre provavelmente devido a: 1) combinação do zinco com o H2PO4, diminuindo a sua disponibilidade; 2) redução da disponibilidade do zinco por combinação com o cátion acompanhante do fosfato; 3) precipitação do fosfato de zinco na superfície das raízes; 4) redução na translocação do zinco das raízes para a parte aérea por causa do alto nível de fosfato nos tecidos condutores; e 5) diminuição no teor de zinco da parte aérea por um efeito diluição, isto é, devido ao maior crescimento por efeito da adubação fosfatada. Outros trabalhos realizados em diversos países relatam a interação fósforo-zinco, sendo que, para cada situação, uma hipótese é apontada como responsável pela explicação da referida interação (Oliveira, 2000).

O fósforo pode aumentar a absorção de zinco pelas plantas, mas a interação é negativa em condições de alta concentração de fósforo no meio, e baixa concentração de zinco; o mesmo não ocorre quando se aumenta o nível de zinco, pois, com altas doses de fósforo, a planta absorve mais zinco (Wallace, Mueller e Alexander, 1978). Na concentração de 450 mg de P.dm-3 de solo e diferentes doses de zinco, Barbosa (1994) descartou a hipótese de ocorrer interação fósforo-zinco no solo, sugerindo que esta interação parece ocorrer na raiz, diminuindo a translocação e acumulação de zinco, na parte aérea das plantas de aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva). Marques (1990), trabalhando com seringueira, também defendeu a mesma hipótese.

Em seringueira, a adubação fosfatada, nas doses de 600 e 1200 kg de P2O5. ha-1, induziu deficiências acentuadas de zinco, sendo que, nestas doses, a análise foliar das plantas revelou altos teores de P e baixos de Zn, confirmando a diagnose visual no campo (Pereira et al., 1986). A interação entre o fósforo e o zinco influenciou nas características de crescimento e na nutrição de mudas de maracujazeiro-amarelo e mamoeiro, proporcionando alterações na matéria seca da parte aérea e das raízes ( Machado, 1998 & Oliveira, 2000) O presente trabalho teve como objetivo estudar o efeito de diferentes doses de fósforo e de zinco no crescimento de mudas de aceroleira, em condições de casa de vegetação.

O experimento foi realizado em casa de vegetação, localizada no pomar do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras ' UFLA, no período de junho a setembro de 1996. O clima da região é temperado suave ( mesotérmico ), tipo Cwb. A região localiza-se a uma altitude de 913 metros, a uma longitude sul de 21°14' 06" e latitude oeste de 45° 00' 00", com temperatura média anual de 19,3°C e umidade relativa do ar de 80% (Castro netro & Silveira, 1981).

As sementes, após retiradas dos frutos, foram lavadas e semeadas em canteiros com areia lavada. Posteriormente à emergência, as plântulas foram transplantadas para vasos com capacidade para 1 kg, contendo solo Latossolo coletado na camada de 0-20 cm no município de Lavras-MG, cuja análise química se encontra na Tabela_1. Após análise do solo, efetuou-se a correção do pH para 50% da saturação por bases, conforme descrito por Quaggio (1983), usando-se carbonato de cálcio e de magnésio PA, na relação 4:1. A calagem foi efetuada 20 dias antes da repicagem das mudas.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema fatorial 4 x 3, constituído de 2 plantas por parcela, com 4 repetições. Os fatores consistiram das seguintes doses de fósforo (0; 150; 300 e 450mg.dm-3), aplicados na forma de superfosfato triplo e de zinco (0; 5 e 10mg.dm-3), na forma de sulfato de zinco, assim distribuídos: T1= Testemunha; T2 = 0,0 mg de P dm-3 + 5 mg de Zn dm-3; T3= 0,0 mg de P dm-3 + 10 mg de Zn dm-3; T4=150 mg de P dm-3 + 0 mg de Zn dm-3; T5= 150 mg de P dm-3 + 5 mg de Zn dm-3; T6=150 mg de P dm-3 + 10 mg de Zn dm-3; T7= 300 mg de P dm-3 + 0 mg de Zn dm-3; T8= 300 mg de P dm-3 + 5 mg de Zn dm-3; T9= 300 mg de P dm-3 + 10 mg de Zn dm-3; T10= 450 mg de P dm-3 + 0 mg de Zn dm-3; T11= 450 mg de P dm-3 + 5 mg de Zn dm-3; T12 = 450 mg de P dm-3 + 10 mg de Zn dm-3. O superfosfato triplo foi finamente moído em grau e misturado ao solo, até completa homogeneização. O sulfato de zinco foi dissolvido na água e aplicado via solução.

Após o transplante das plântulas, efetuou-se uma adubação, baseada na análise de solo, com os seguintes nutrientes: N (400 mg dm-3 de solo); K (200 mg dm- 3 de solo); Mg (36,0 mg dm-3 de solo); Cu (1,5 mg dm-3 de solo); Mo (0,1mg dm- 3 de solo); e B (0,5 mg dm-3 de solo). Os nutrientes N e K foram aplicados parceladamente em 4 doses, sendo a primeira no plantio das mudas (28-06-96) e as demais aos 30; 45 e 60 dias após o plantio. Como fonte de N, foi utilizado o sulfato de amônio e uréia alternadamente, e como fonte de K foi usado o cloreto de potássio.

As avaliações referentes aos parâmetros de crescimento foram realizadas mensalmente, durante 3 meses. Na medição do diâmetro do caule, foi utilizado paquímetro metálico, numa altura de 5 cm do solo. A altura das mudas foi obtida medindo-se cada planta com régua graduada desde o nível do solo até a gema apical. O número de folhas foi obtido através de contagem em cada planta.

Os vasos receberam água desmineralizada de modo a manter a umidade em torno de 60 % do V.T.P. (volume total de poros), sendo o controle efetuado por pesagens diárias dos vasos.

A colheita das plantas foi realizada 100 dias após o plantio das mudas nos vasos e, em seguida, foram colocadas para secar em estufas a 60oC, até a obtenção do peso constante. Posteriormente, procedeu-se a pesagem da massa seca da raiz, caule e folhas e com moagem do caule e das folhas separadamente para serem submetidos à análise química. Os teores e acúmulos de P e Zn na folha e caule são apresentados na Tabela_2.

De maneira geral, o teor e acúmulo de P e Zn na folha e caule foram maiores em função das maiores doses destes nutrientes aplicados no solo, sendo o maior teor e quantidade acumulado de P apresentado na folha com valores de 0,23 e 7,64, respectivamente, ambos na dose de 450 mg de P dm-3. para o Zn, os maiores valores para teor foi de 70,69 no caule e a maior quantidade acumulada foi de 132,66 no caule obtida com a dose de 10 mg de Zn dm-3, e 5 mg de Zn dm- 3 respectivamente (Tabela_2).

A característica altura da muda, segundo Ferri (1985), é um parâmetro de grande importância morfofisiológica, pois além de se correlacionar diretamente ao diâmetro, reflete de modo prático o crescimento e a diferenciação do vegetal, favorecendo todo o processo relacionado no sistema solo-planta. Estas duas características foram bastante influenciadas pelas doses de fósforo aplicadas, uma vez que, sem aplicação deste nutriente e seu nível sendo baixo no solo, demonstrado pela análise química (Tabela_1), a altura, principalmente, e o diâmetro foram reduzidos.

Pela análise estatística, verifica-se que as variáveis altura de planta e diâmetro do caule foram influenciadas somente pelas aplicações de fósforo, observando-se uma resposta linear positiva (Figura_1). Em seringueira, Marques (1990) também observou que a altura de porta-enxerto apresentou crescimento linear positivo em relação às doses de fósforo. Respostas também positivas da adição de fósforo sobre o crescimento e diâmetro de diferentes frutíferas foram relatadas por diferentes autores: Lira (1990), com mudas de citros, Oliveira (1986) e Rocha (1987), com mudas de mamoeiro.

Em relação ao diâmetro do caule, os resultados encontrados assemelham-se aos de Peixoto (1986) que, estudando o efeito da matéria orgânica, do superfosfato simples e o cloreto de potássio na formação de mudas de maracujazeiro, detectou aumento do diâmetro do caule em função dos incrementos nas doses de P em relação à ausência do mesmo.

Na característica número de folhas, observou-se, pela análise de variância, que tanto as doses de fósforo quanto a interação fósforo zinco apresentaram significância. Na interação, os melhores resultados para esta característica foram obtidos sem aplicação de Zn e 450 mg de P dm-3 de solo ou com a aplicação de 5 mg de Zn dm-3 e 300 mg de P dm-3, com a aceroleira apresentando número médio de folhas de 70 e 71, respectivamente. o menor número de folhas foi encontrado na dose de 5 mg de Zn dm-3 e 0 mg de P dm-3 (Figura_2). Em mudas de maracujazeiro-amarelo, Machado (1998) encontrou respostas diferentes para esta característica, porém deve levar-se em consideração que são espécies diferentes. Estas respostas positivas para a aplicação de P para todas as características de crescimento e desenvolvimento do vegetal refletem nitidamente um dos seus principais papéis, notadamente na formação das raízes (Malavolta, Vitti e Oliveira, 1997)

As equações de regressão para a massa seca das folhas e do caule são mostradas na Figura_3, na qual o comportamento do fósforo apresenta significância. Os maiores acréscimos de produção de massa seca, tanto das folhas como do caule, foram observados na dose de 450 mg de P dm-³. Tais dados indicam que, em futuros trabalhos, envolvendo a produção de mudas de aceroleira empregando o fósforo, maiores doses deste nutriente devem ser estudadas, uma vez que, até a dose de 450 mg dm-³, a resposta foi linear.

Assim como observado para altura e diâmetro, os aumentos na produção de massa seca das folhas e caule foram altamente dependentes do fósforo, não apresentando respostas à aplicação do zinco. Isto demonstra a importância do fósforo para o crescimento das mudas de aceroleiras, o qual participa da formação da parede celular e vários processos metabólicos, que são vitais ao desenvolvimento da planta ( Marschines, 1997).

Diferentemente da acumulação de massa seca no caule e folhas, onde houve respostas significativas para as doses de fósforo, a massa seca das raízes, além de apresentar respostas significativas para as doses de fósforo, também apresentou interação significativa para as aplicações de fósforo e zinco (Figura_4). Observou-se que, sem a aplicação de P e Zn, se obteve o menor valor para a massa seca, e com a dose de 300 mg de P dm-3 e 5 mg de Zn dm-3 houve a maior produção de raízes. Estas respostas assemelham-se às encontradas por Machado (1998), que também encontrou interação significativa tanto para P como para a interação P e Zn na matéria seca das raízes de mudas de maracujazeiro- amarelo e as encontradas por Oliveira (2000) em mudas de mamoeiro. Além disso, confirmam a quarta hipótese de Olsen (1972) e a proposta de Barbosa (1994), que relata a interação fósforo-zinco no solo em plantas de aroeira-do-sertão e sugere que esta interação ocorreria nas raízes, diminuindo a traslocação de zinco na parte aérea.

Com base nos resultados desta pesquisa, conclui-se que: As mudas apresentaram incremento linear para as características altura, diâmetro do caule, número de folhas e na massa seca das raízes e da parte aérea em função das doses de fósforo aplicadas.

A adição de fósforo na dose de 450 mg de P dm-3 pode melhorar o desenvolvimento das mudas de aceroleiras.


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