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BrBRCVAg0100-29452003000300034

BrBRCVAg0100-29452003000300034

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2003
Issue0003
Article number00034

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Século XXI: nova cultivar de goiabeira de dupla finalidade GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS

Século XXI: nova cultivar de goiabeira de dupla finalidade1

XXI Century: new cultivar of guava tree to double purpose

Fernando Mendes PereiraI; Celso Albano CarvalhoII; Jair Costa NachtigalIII IProf. Titular do Departamento de Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista (FCAV/UNESP), Câmpus de Jaboticabal. Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castelane, km5, CEP 14870-000, Jaboticabal, São Paulo IIAluno do Curso de Pós-graduação em Agronomia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Jaboticabal- SP IIIPesquisador da EMBRAPA/CNPUV, Estação Experimental de Jales. Aluno do Curso de Pós-Graduação em Agronomia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Jaboticabal

INTRODUÇÃO A goiabeira (Psidium guajava, L.) é originária da região tropical do continente americano, com centro de origem, provável, na região compreendida entre o sul do México e o norte da América do Sul. Hoje, esta espécie encontra-se amplamente difundida por todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo (Medina, 1988).

A goiaba apresenta lugar de destaque entre as frutas tropicais, principalmente devido ao seu valor nutritivo, com elevados teores de vitamina C, A e B, e ao sabor e aroma característicos, que lhe conferem excelente qualidade organoléptica (Pereira & Martinez Jr., 1986).

Em 1995, o Brasil apresentava uma área de 8.787ha, com uma produção de 255.984 toneladas. Atualmente, a região Sudeste é a maior produtora, com destaque para o Estado de São Paulo, com 4.084ha e uma produção de 151.285 toneladas (Agrianual, 1999).

No Estado de São Paulo, a produção de goiaba para processamento industrial localiza-se, principalmente, nos municípios de Taquaritinga, Ibitinga e Monte Alto. A goiaba para mesa é cultivada principalmente em municípios situados em um raio de 100km da Capital, destacando-se Atibaia, Mogi das Cruzes, Itu e Valinhos (Carvalho, 1996).

A valorização do produto como matéria-prima para a indústria e o aumento de consumo na forma de fruta para mesa têm proporcionado mudanças no sistema de produção e de comercialização. Com isso, torna-se necessário o uso de variedades que atendam às exigências do mercado, tanto para mesa quanto para a indústria (Tavares, 1993).

Um trabalho de melhoramento genético da goiabeira, por meio de seleção de plantas originadas por sementes, pode possibilitar a obtenção de cultivares com características adequadas para o consumo como fruta fresca e para a industrialização (Pereira, 1984).

Com esta finalidade, são selecionadas plantas vigorosas e produtivas, com boa adaptação, produtoras de frutos de boa aparência, com polpa vermelha, e que apresentem grande valor nutritivo, especialmente ricos em açúcares, sais minerais e vitaminas A e C (Pereira, 1995).

O presente trabalho teve por objetivo o desenvolvimento de novas cultivares de goiabeira, com características tais que permitam sua utilização tanto para a industrialização quanto para os mercados de frutas frescas.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Pomar Experimental da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Jaboticabal, localizado a 21o15'de latitude Sul, 48o18' de longitude Oeste e 595m de altitude. O clima da região, segundo a classificação de Köeppen, é do tipo CWa, ou seja, subtropical úmido com chuvas no verão e estiagem no inverno.

O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho-Escuro de textura argilosa.

Foram estudadas 219 plantas obtidas de quatro cruzamentos realizados por meio de polinização cruzada entre cinco variedades. Os cruzamentos foram os seguintes: 8501 - cultivares Rica x EEF-3; 8502 - cultivares Supreme-2 x Paluma; 8503 - cultivares Rica x Patillo 5, e 8504 - cultivares Paluma x Rica.

Com as sementes extraídas de frutos oriundos da polinização cruzada, produzidas nas plantas receptoras do pólen, procedeu-se a formação das mudas. O plantio para o local definitivo foi realizado em 1987, utilizando-se de 25 plantas do cruzamento 8501, 50 plantas do cruzamento 8502, 91 plantas do cruzamento 8503 e 53 plantas do cruzamento 8504.

Durante as fases de implantação e condução do pomar, foram realizados adubações, controle de pragas e doenças, controle das plantas invasoras e podas. Não foram utilizados irrigação e desbaste de frutos em nenhum dos anos de avaliação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO As avaliações foram iniciadas no ano de 1990, levando-se em consideração características da planta e dos frutos, individualmente em cada cruzamento (Tabelas_1, 2 e 3), conforme metodologia apresentada por Carvalho (1996). Nas safras 1996/97 e 1997/98, foi feita a caracterização tecnológica dos frutos dos melhores genótipos desenvolvidos, conforme metodologia apresentada por Lima (1999) (Tabela_4).

Após dez anos de sucessivas avaliações, chegou-se à seleção da planta 8502-01, que recebeu a denominação de Século XXI, e que apresenta as características de planta e de frutos mais adequadas à utilização como fruta fresca, podendo ser amplamente aproveitada para a industrialização.

As plantas da cultivar Século XXI são tão ou mais produtivas que a cultivar Paluma (acima de 30 ton.ha-1), com ramificações de crescimento predominantemente horizontal e de médio vigor, o que pode permitir a implantação dos pomares utilizando-se de espaçamento menor do que o comumente recomendado para a cultivar Paluma, que é de 7 x 6m.

A cultivar Século XXI apresenta maturação precoce (Tabela_1), com ciclo de cerca de 130 dias desde a floração até a maturação dos frutos, comparado com a cultivar Paluma, cujo ciclo é de cerca de 158 dias (Pereira, 1995).

Uma das principais características desta cultivar é o grande tamanho de seus frutos (Tabelas_2 e 4), principalmente se considerarmos que, na planta em estudo, não são realizados tratos culturais, como o desbaste de frutos e irrigações, normalmente utilizados em pomares comerciais de goiabas para mesa.

O tamanho dos frutos, o ótimo sabor e o bom aspecto são algumas características mais importantes para o mercado de fruta fresca, pois goiabas maiores e saborosas são preferidas pelo consumidor e, por isso, alcançam melhores preços no mercado (Kavati, 1997).

Os frutos apresentam rendimento de polpa firme de 76% (Tabela_3), o que está acima de 70%, mínimo considerado para a seleção de frutos de goiabeira (Lima, 1999), e espessura do pericarpo acima de 160 mm, que confere não apenas boa resistência ao fruto, mas principalmente ótima aparência.

O formato do fruto é ovóide e com pescoço de tamanho reduzido (Tabela_2). Estas características foram alcançadas durante o processo de seleção, a fim de obter um fruto mais resistente aos danos mecânicos, principalmente durante as fases de colheita, classificação, embalagem e comercialização. Segundo Kavati (1997), o formato da fruta pode determinar melhor aspecto visual ao conjunto embalagem/ fruta.

A cultivar Século XXI apresenta poucas sementes e com tamanho reduzido (Tabelas 2 e 4). Esta característica aumenta seu valor na indústria, pois possibilita um maior rendimento industrial, bem como qualifica sua apreciação para consumo na forma de fruta fresca, porque as sementes tornam-se menos perceptíveis durante a mastigação.

Durante os anos de avaliação, esta cultivar apresentou mais de 80% dos frutos com ausência de manchas no pericarpo e sem células pétreas, responsáveis por prejuízos na aparência interna dos mesmos. Tais características são de ordem fisiológica e estão associadas ao desenvolvimento do fruto, portanto sua eliminação é bastante difícil de ser realizada.

Com relação à coloração externa (cor da epiderme), os frutos apresentam-se verde-amarelados, com intenso brilho, contrastando com a coloração rosa, intensa e brilhante, da parte interna, o que lhes confere ótima aparência.

Com relação à composição química (Tabelas_3 e 4), os frutos apresentam teores de sólidos solúveis totais próximos a 10oBrix, considerados como padrão, e acidez titulável de 0,474g de ácido cítrico.100g de polpa-1, o que resulta numa relação SST/AT próximo a 20,0 (18,6), que confere aos frutos sabor bastante adocicado. Segundo Pereira (1995), teores de sólidos solúveis entre 8 e 12oBrix e acidez titulável em torno de 0,8g de ácido cítrico.100g de polpa-1 são considerados satisfatórios para as diferentes cultivares de goiabeira.

Nos quatro anos de avaliação, o teor de vitamina C encontrado ficou próximo a 100mg de ácido ascórbico.100g de polpa-1, índice superior ao encontrado na cultivar Paluma, utilizada como padrão de seleção para esta característica.

Convém salientar que os teores de SST, AT e vitamina C podem variar de acordo com diversos fatores, principalmente com o grau de maturação utilizado durante as análises. Para fazer a caracterização físico-química da cultivar Século XXI, foram utilizados frutos no ponto de colheita comercial, que é caracterizado pela mudança de coloração da epiderme (casca).

CONCLUSÃO A cultivar Século XXI, graças às boas características de sua planta e de seus frutos, apresenta amplas possibilidades de cultivo comercial como goiabeira de dupla finalidade.


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