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BrBRCVAg0100-29452003000300035

BrBRCVAg0100-29452003000300035

variedadeBr
Country of publicationBR
colégioLife Sciences
Great areaAgricultural Sciences
ISSN0100-2945
ano2003
Issue0003
Article number00035

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Concentrações de ANA e BAP na micropropagação de abacaxizeiro L. Merrill (Ananas comosus) e no cultivo hidropônico das plântulas obtidas in vitro PROPAGAÇÃO

Concentrações de ANA e BAP na micropropagação de abacaxizeiro L. Merrill (Ananas comosus) e no cultivo hidropônico das plântulas obtidas in vitro1

The effect of ANA and BAP concentrations on the micropropagation and hydroponic cultures of pineapple

Cristiane Elizabeth Costa de MacêdoI; Marcela Gomes da SilvaII; Fabiana Silva da NóbregaII; Camila Pimentel MartinsIII; Paulo Augusto Vianna BarrosoIV; Magdy Ahmed Ibrahim AlloufaV IDepartamento de Biologia Celular e Genética - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Natal - RN, Campus Universitário, 59072-970; cristianemacedo.costa@bol.com.br IIEstudante de Graduação - Laboratório de Cultura de Tecidos - Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Natal - RN IIIBolsista PIBIC - CNPq - Laboratório de Cultura de Tecidos - Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Natal - RN IVEmbrapa Algodão, Caixa Postal 174, 58107-720 Campina Grande - PB, pbarroso@cnpa.embrapa.br VDepartamento de Botânica, Ecologia e Zoologia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Natal - RN, Campus Universitário, 59072-970; alloufa@digi.com.br

INTRODUÇÃO A cultura do abacaxi ocupa a sétima posição na produção agrícola do estado do Rio Grande do Norte, onde as perdas causadas por fusariose e pelo estresse causado pela alta salinidade do solo têm dificultado o aumento da produção desta fruta (Medeiros et al., 2001). Devido ao alto custo das práticas de recuperação de solos com problemas acentuados de sais, e do tempo exigido para suas execuções, torna-se necessário a identificação e seleção de culturas e cultivares tolerantes à salinidade a serem utilizados em programas de melhoramento genético. Técnicas de cultura de tecidos vegetais vêm sendo largamente aplicadas, não pela possibilidade de obter plantas mais resistentes a fatores de estresses bióticos (fusariose) e abióticos (salinidade), mas também pela rápida propagação clonal in vitro de plantas de novas variedades. No caso do abacaxizeiro, tais técnicas estão sendo utilizadas comercialmente visando a produção de novas cultivares e o aumento na quantidade de mudas (Albuquerque, 1998). A técnica de cultivo hidropônico de plântulas poderá ser utilizada na seleção ex vitro de somaclones de abacaxizeiro resistentes à salinidade, isoladamente ou em associação à seleção in vitro.

Como a hidroponia permite uma distribuição homogênea dos nutrientes e do agente seletivo (NaCl), pode constituir-se em uma ferramenta importante para a identificação e seleção ex vitro de somaclones mais tolerantes à salinidade.

Após os primeiros trabalhos de Aghion e Beauchesne (1960), a literatura mostra um número crescente de estudos, investigando aspectos como: sistema de micropropagação (cultura estacionária e imersão temporária), resposta de diferentes cultivares, tipo de explante, meio de cultura, tipos e concentrações de fitorreguladores (Mathews & Rangan, 1979; Cabral et al., 1984; Liu et al., 1988; Marciani-Bendezú et al., 1990; Roca & Mroginski, 1991; Ventura, 1994; Dalvesco et al., 1996; Teng, 1997; Guerra et al., 1999; Dalvesco et al., 2000; Feuser et al., 2001; , 2001).

Entretanto, apesar da técnica de micropropagação do abacaxizeiro (Ananas comosus (L.) Merrill) ter sido estabelecida, melhorias no protocolo regenerativo desta espécie ainda são necessárias, sobretudo no que se refere à utilização de concentrações adequadas dos reguladores de crescimento 6- benzilaminopurina (BAP) e ácido naftalenoacético (ANA), objetos deste trabalho.

Medeiros et al. (2001) mostraram que a utilização da associação das concentrações de 4 e 2 mg L-1 e 2 e 1 mg L-1 de BAP e ANA, respectivamente, no meio de cultura favorecem a multiplicação, entretanto, os brotos apresentam um alongamento da parte aérea muito pequeno e são de difícil individualização.

Na tentativa de otimizar o processo de micropropagação do abacaxizeiro para se obter um número suficiente de brotos com parte aérea mais alongada, permitindo sua melhor individualização e enraizamento, foi estudada a influência de diferentes concentrações dos fitorreguladores BAP e ANA na micropropagação do abacaxizeiro e no desenvolvimento das vitroplântulas em cultivo hidropônico, este último correspondendo à fase ex vitro.

MATERIAL E MÉTODOS Cultivo in vitro Os brotos de abacaxizeiros obtidos a partir de explantes (gemas latentes retiradas das bases de coroas) da variedade Pérola foram inoculados em meio de cultura básico constituído pelos sais e vitaminas de Murashige & Skoog (1962), suplementados com 2 mg L-1 de glicina, 100 mg L-1 de myo-inositol, 30 g L-1 de sacarose, 5,0 g L-1 de Ágar-Ágar, além dos fitorreguladores BAP (6- benzilaminopurina) e ANA (ácido naftalenoacético) em diferentes concentrações, estabelecendo-se assim três tratamentos (em mg L-1: T1= 1,0 de BAP + 0,5 de ANA; T2= 0,5 de BAP + 0,25 de ANA e T3= 0,25 de BAP + 0,12 de ANA). O pH do meio de cultura foi ajustado para 5,8, antes da autoclavagem. Para cada tratamento, vinte brotos foram inoculados e incubados em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 horas de luz e temperatura de 25 ± 2ºC. Os brotos foram subcultivados aos 30, 60 e 90 dias após a inoculação. Avaliações quinzenais baseadas no número de brotos produzidos por broto inicial inoculado, comprimento e número de folhas do broto inicial e produção total de matéria fresca foram feitas até 90 dias após a inoculação. Em seguida, os brotos iniciais foram isolados e colocados para enraizar em meio de cultura MS com a concentração dos micro e macronutrientes reduzidos à metade e sem adição de fitorreguladores durante 60 dias, sendo que a cada 30 dias os brotos foram subcultivados no mesmo meio e o número de raízes formadas determinado. O experimento foi conduzido no delineamento em blocos casualizados, com três repetições e vinte brotos por unidade experimental.

Cultivo hidropônico Após os 60 dias de enraizamento, as plântulas de abacaxizeiro que atingiram altura de 4 cm nos três tratamentos estudados (T1; T2 e T3) foram fixadas em placas de isopor ( 24 cm largura x 40 cm comprimento ) perfuradas (2 cm de diâmetro ). As placas com as plântulas foram colocadas sobre 1/5 da solução nutritiva de Hoagland e depositadas em bandejas plásticas (28 cm largura x 45 cm comprimento x 8 cm de profundidade ) com capacidade de 4 litros. A solução nutritiva de Hoagland teve seu pH ajustado para 5,7-5,8 e sua aeração feita manualmente pelo movimento da solução diariamente. A renovação ou troca da solução nutritiva de Hoagland foi feita a cada sete dias. As bandejas plásticas contendo as plântulas foram mantidas sob telado, durante os meses de janeiro a maio de 2002, em Natal, estado do Rio Grande do Norte (050 45'54"de latitude Sul, 350 12' 04" longitude Oeste e altitude de 20 metros) a uma temperatura média de 37 ± 3°C e fotoperíodo de 12/12 horas. O experimento foi conduzido no delineamento em blocos casualizados (DBC), com duas repetições e dez plântulas (1 bandeja) por unidade experimental. Aos 60 dias após o início da aclimatação foram determinados: número de folhas, altura da plântula, comprimento da raiz, comprimento e largura mediana da folha 'D'e o diâmetro da roseta central.

Os dados, coletados, nos dois experimentos, foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p<0.05). As barras apresentadas nos gráficos representam o desvio padrão (SD).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na literatura, é crescente o número de trabalhos publicados mostrando que o meio de cultura mais utilizado na micropropagação do abacaxizeiro é o MS adicionado de alguns reguladores de crescimento para promover o aumento na proliferação dos brotos. Neste trabalho, a adição de concentrações mais elevadas de BAP (1,0 mg L-1) e ANA (0,5 mg L-1) no meio de cultura determinou uma maior produção de brotos de abacaxizeiro e conseqüentemente de matéria fresca (Figuras_1A e 1B). O aspecto quase retilíneo da evolução do peso da matéria fresca (Figura_1B) mostra que os acréscimos no peso foram similares ao longo das avaliações. para o número de brotos, o aumento foi maior nos primeiros 45 dias para todos os tratamentos, exceto no tratamento T3, onde o número de brotos foi igual aos 45 e 75 dias, passando a ser quase linear a partir desta data. Resultados semelhantes, utilizando o mesmo meio de cultura MS e as mesmas concentrações de BAP e ANA, mas outras variedades de abacaxizeiro, foram obtidos por Guerra et al. (1999) e Dalvesco et al. (2000).

No primeiro trabalho, os autores testaram, além das variedades Pérola e Primavera, 17 acessos pertencentes a quatro grupos varietais diferentes e verificaram uma grande repetibilidade dos resultados com a micropropagação dos acessos testados, demonstrando assim a eficiência e a aplicabilidade do protocolo para a micropropagação de mudas de abacaxizeiro.

De acordo com Rocca et al. (1991), o BAP é uma das citocininas mais utilizadas na indução de brotos. Entretanto, a concentração recomendada varia consideravelmente entre os diferentes laboratórios que trabalham com micropropagação de abacaxizeiro. Liu et al. (1988), trabalhando com o cultivar Red Spanish, revelaram que a maior proliferação de brotos ocorreu em meio MS líquido suplementado com 0,3 mg L-1 de BAP, enquanto Marciani-Bendezú et al.

(1990) e Kiss et al. (1995) obtiveram as maiores taxas de multiplicação quando utilizaram respectivamente 4,5 e 5 mg L-1 do referido fitorregulador. Por outro lado, Calixto & Siqueira (1996) verificaram que não houve diferença significativa entre os níveis de BAP, que variaram de 0 a 14 mg L-1, na proliferação de brotos de abacaxizeiro. As discrepâncias entre os resultados obtidos pelos diversos autores e os obtidos neste trabalho devem-se provavelmente a diferenças varietais, bem como a diferentes protocolos utilizados.

O tratamento T1 proporcionou a maior taxa média de regeneração (5 brotos/broto inicial inoculado, aos 90 dias), entretanto a altura dos brotos foi maior nos tratamentos T2 e T3, mostrando que concentrações menores de BAP e ANA são mais favoráveis ao alongamento da parte aérea (Figura_1C). Para todos os tratamentos, o aumento da altura foi mais acentuado nos primeiros 30 dias, após os quais apresentou-se lento, principalmente no tratamento T1. Araújo et al.

(1996) verificaram que a maior proliferação de brotos foi obtida com 3 mg L- 1 de BAP, porém nos tratamentos com 1 mg L-1 de BAP os brotos apresentaram-se mais desenvolvidos e mais fáceis de serem subcultivados. Tal estudo, apesar de utilizar protocolo diferente, reforça os resultados obtidos neste trabalho.

Logo, para obtenção de brotos de abacaxizeiro com taxa de crescimento e de multiplicação in vitro equilibradas, isto é, uma quantidade de brotos que seja suficiente e ao mesmo tempo de fácil individualização, as concentrações intermediária (T2) e menor (T3) de BAP e ANA são as mais indicadas para serem adicionadas ao meio de cultura. O número de folhas cresceu pouco ao longo de 90 dias e não houve diferenças significativas entre os três tratamentos (Figura 1D). Neste trabalho, as raízes foram induzidas em meio MS básico sem adição de fitorreguladores e os brotos oriundos dos tratamentos (T2 e T3) foram os que produziram um maior número médio de raízes (Figura_1E). Tal aspecto é extremamente relevante, pois favorece uma redução no custo das mudas propagadas, o que também foi observado por Dalvesco et al. (1996).

As plântulas de abacaxizeiro obtidas no cultivo in vitro em meio MS (Murashige & Skoog, 1962), a partir dos tratamentos T1, T2 e T3 foram cultivadas em hidroponia durante 60 dias. Após este período, as plântulas submetidas ao tratamento T1 durante o cultivo in vitro apresentaram melhor desenvolvimento na fase hidropônica com valores médios superiores para todos os caracteres analisados, exceto para o número de folhas (Tabela_1). Isto indica que a concentração dos fitorreguladores ANA e BAP, usados durante a micropropagação, interfere no desenvolvimento das plântulas obtidas quando cultivadas em hidroponia, sendo este efeito cumulativo e residual e mais intenso para as concentrações mais altas dos referidos fitorreguladores.

CONCLUSÕES 1) Apesar do tratamento de maior concentração em BAP e ANA (1,0 mg L-1 e 0,5 mg L-1, respectivamente) apresentar vantagens como maior número de brotos e massa fresca, os tratamentos de concentrações intermediárias (BAP 0,5 mg L-1 + 0,25 mg L-1 de ANA) e menor (BAP 0,25 mg L-1 + 0,12 mg L-1 de ANA) são os mais indicados para serem adicionados ao meio de cultura devido a maior facilidade de individualização dos brotos.

2) As plântulas produzidas in vitro apresentam maior desenvolvimento ex-vitro, utilizando o sistema de cultivo hidropônico, quando submetidas a concentrações mais altas de BAP e ANA (1,0 mg L-1 e 0,5 mg L-1, respectivamente).


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