Conhecimento e prática do auto-exame de mamas por enfermeiras
PESQUISA
Conhecimento e prática do auto-exame de mamas por enfermeiras
Knowledge and practice of breast self-examination by nurses
Conocimiento y practica del autoexamen de mama por enfermeras
Cleidiane Maria BritoI; Francisca Maria BezerraII; Inez Sampaio NeryIII
IEnfermeira do PSF de Parnaíba-PI. Professora do Curso de Graduação de
Enfermagem da UESPI. Especialista em Enfermagem Obstétrica da UFPI
IIEnfermeira. Professora do Curso Técnico em Enfermagem. Enfermeira
Especialista em Enfermagem Obstétrica da UFPI
IIIEnfermeira. Professora Adjunto Mestre e Livre Docente de Enfermagem. Doutora
em Enfermagem
E-mail do autor: nery@webone.com.br
1 Introdução
O câncer de mama é um grave problema de saúde pública em nosso país. Em países
desenvolvidos, a maioria dos casos de câncer de mama é detectado em estágios
iniciais. No Brasil, 70% das mulheres procuram os serviços de saúde quando a
doença já se encontra em fase avançada, o que determina tratamentos mais
agressivos e mutilantes com menos sobrevida. Sua incidência é relativamente
baixa antes dos 35 anos, porém cresce rapidamente após essa idade, atingindo
altos níveis de morbimortalidade ao longo da vida. Apesar do aumento em sua
incidência, não se observa em diversos países crescimento na taxa de
mortalidade. Essa estabilidade está ligada à melhora dos protocolos
terapêuticos, sobretudo, as múltiplas campanhas de detecção realizadas nesses
países(1).
Dentre os tumores malignos, o câncer de mama tem uma incidência e mortalidade
muito elevada. Alguns fatores são considerados como de alto risco para o
aparecimento da doença. O autor a seguir enfatiza que o aumento na incidência
do câncer de mama tem ocorrido devido a algumas alterações na população
feminina. A partir dos anos setenta, com o processo de urbanização, a mulher
brasileira se tornou mais exposta aos fatores que elevam o risco para o
desenvolvimento do câncer de mama, dentre eles: gravidez tardia, obesidade,
aumento da expectativa de vida da população e consequentemente, aumento do
contingente feminino em idades mais avançadas aumentando a incidência e
mortalidade nesta fase, representando a explicação para as estimativas de maior
número de casos novos em desenvolvimento(2).
O câncer de mama apresentará, segundo as estimativas do Instituto Nacional do
Câncer (INCA), 15, 45% das causas de óbito por câncer, sendo o que mais mata
mulheres no Brasil, seguido pelo câncer de pulmão. Estima-se que uma em cada
oito mulheres apresentará câncer de mama no decorrer das décadas, como
resultado da crescente exposição destas aos fatores de riscos, como por
exemplo: mãe ou irmã com câncer de mama, principalmente se ocorrer antes da
menopausa, menarca precoce (primeira menstruação) e menopausa tardia (última
menstruação), primeira gestação após os 30 anos(3).
Conforme o Ministério da Saúde, há uma necessidade de conhecimento e
redimensionamento da oferta real de mamógrafos, bem como de sua capacidade de
realização de exames, devido à desigualdade de acesso à oferta de tecnologia na
atenção ao câncer de mama e seu diagnóstico precoce(4).
Vale ressaltar que a enfermeira que participa da consulta ginecológica tem
condições de identificar aspectos da história de vida e saúde da família da
cliente, fazer orientação quanto à prevenção do câncer, envolver a família nos
cuidados da saúde da mulher, resgatar o equilíbrio da dinâmica familiar e
acompanhar e evolução da paciente(5).
Várias enfermeiras têm se dedicado ao rastreamento precoce do câncer de mama
através de campanhas de prevenção, apresentação e divulgação dos tratamentos
disponíveis(6).
Por esta importância profissional, acredita-se que as enfermeiras, para
contribuírem com a mudança desta realidade da saúde da mulher acerca da
neoplasia de mama, necessitam, em primeiro lugar, de comprometimento com a
causa. Outras essenciais necessidades para o trabalho incluem o domínio
literário da temática, habilidade prática, amparo estrutural e técnico do
sistema de saúde, disposição para sobrepor entraves de forma inovadora, bem
como para a sensibilização da necessidade de condições adequadas para o
exercício profissional, frente aos problemas(7).
2 Justificativa e relevância da temática
A incidência do câncer de mama entre a população feminina encontra-se bastante
elevada. Nos últimos anos, tem-se observado com freqüência em enfermeiras.
Portanto, a relevância deste estudo é conhecer se enfermeiras estão praticando
os ensinamentos e repassando-os a clientela que busca ajuda no combate a esta
patologia tão freqüente entre as mulheres.
Assim, de acordo com a relevância da profissional enfermeira na atenção à saúde
da mulher e especialmente na prevenção do câncer de mama, esta pesquisa buscou
através das falas das depoentes saber qual o conhecimento e a prática do auto-
exame pelas protagonistas das informações.
Espera-se com este estudo trazer subsídios para as enfermeiras que exercem
atividades nos serviços de saúde, em especial no Programa Saúde da Família bem
como juntoàs educadoras em outras instituições de ensino no nível médio e
superior de enfermagem. Vale ressaltar ainda que através de informações
referentes às práticas junto à clientela assistida, durante a consulta de
enfermagem, esta pesquisa necessita ser ampliada de mais investigações e novos
conhecimentos.
3 Objeto, questões norteadoras e objetivos do estudo
O objeto deste estudo, diz respeito ao conhecimento e a prática do auto-exame
de mamas, realizado por enfermeiras que cursam especialização em enfermagem
obstétrica no Piauí.
Com base no objeto da pesquisa, elaboraram-se as seguintes questões
norteadoras: qual o conhecimento e prática das enfermeiras acerca das medidas
de controle do câncer de mamas? as enfermeiras estão realizando periodicamente
auto exames de mama?
A partir destes questionamentos definiu-se os seguintes objetivos do estudo:
descrever o conhecimento e prática das enfermeiras do estudo sobre as medidas
de controle do câncer de mama; e, discutir o conhecimento, e a prática do auto-
exame das mamas pelas enfermeiras.
4 Procedimentos metodológicos
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, considerando ser esta abordagem que mais
se aproxima do objeto de estudo. Este tipo de pesquisa não se preocupa em
quantificar, mas sim, em compreender e explicar a dinâmica das relações sociais
depositárias de crenças, valores, atitude e hábitos, através de um contato
direto do pesquisador com a situação estudada(8).
O estudo foi realizado com onze enfermeiras que estavam cursando Especialização
em Enfermagem Obstétrica, em Teresina-PI. A produção dos dados ocorreu em abril
de 2003, através da técnica de grupo focal, que consiste em um grupo de
discussão. O grupo focal é uma técnica qualitativa não diretiva cujo resultado
visa o controle da discussão de um grupo de pessoas, originado de técnicas de
entrevista não direcionada e de técnicas em grupos que apesar dos integrantes
não se conhecerem possuem características semelhantes, estabelecendo interação
grupal em que o papel do facilitador é coordenar e facilitar a discussão(9).
Ocorreram duas reuniões com duração de uma hora e trinta minutos cada, nos dias
24 e 25 de abril de 2003 em uma sala de aula na Universidade Federal do Piauí.
Antes de dar início à reunião da fase de exploração para a produção de dados da
pesquisa, as autoras deste trabalho entregaram às enfermeiras o termo de
consentimento esclarecido, de acordo com a resolução n. 196 do Conselho
Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996.
A primeira reunião realizou-se às 19h do dia 24/04/2003, contando com a
participação de doze depoentes. Nesta reunião foram feitos os seguintes
questionamentos: O que significa para você o câncer de mama?, Qual seu
conhecimento acerca das medidas usadas para o controle do câncer de mama?,
Quais são os tipos de exames das mamas?
Durante a segunda reunião, realizada às 19:30h do dia 25/04/03 contou-se com a
participação de onze enfermeiras. No final discutira-se as questões a seguir:
Que medidas pessoais são usadas no combate ao câncer de mama?, Qual a
freqüência e periodicidade que é realizado o auto-exame de mamas?, Quais são os
cuidados repassados à sua clientela?
Durante as reuniões, os depoimentos foram registrados em papel madeira por uma
das autoras, com prévia autorização dos sujeitos. As reuniões eram gravadas em
fita magnética para garantir a fidedignidade das falas e facilitar sua
posterior transcrição. Após cada reunião, fazia-se o relatório que era lido e
discutido com as depoentes para assegurar a veracidade das falas.
Após a transcrição das fitas, leitura e releitura das falas e por meio dos
relatórios das reuniões foi possível elaborar as categorias. Estas foram
analisadas a partir dos discursos verbalizados, por ser a forma que mais se
adequou ao estudo e com base no referencial teórico sobre a temática.
5 Resultados e análise
Para análise final, buscou-se, a partir do perfil dos sujeitos, fazer a
identificação de categorias, enfocando as falas mais representativas das
depoentes nos aspectos relativos ao câncer mamário e o auto-exame sob a ótica
das enfermeiras em estudo.
5.1 perfil dos sujeitos
Os sujeitos do estudo foram onze enfermeiras especializandas em enfermagem
obstétrica, na faixa etária entre 24 e 40 anos, das quais seis, são casadas,
quatro solteiras e uma separada judicialmente. A renda familiar média é de onze
salários mínimos. Quanto à religião, seis são católicas, quatro evangélicas e
uma optou por não responder este item. Dez enfermeiras são formadas pela
Universidade Federal do Piauí e uma pela Universidade Estadual da Paraíba,
variando de 01 a 14 anos de formadas. Dentre os sujeitos do estudo oito
trabalhavam no interior do estado do Piauí e três na capital, Teresina. Em
relação às funções exercidas, todas têm atividade de assistência, sendo nove no
Programa Saúde da família (não exclusivamente), cinco trabalhavam no ensino e
uma exerce atividades na administração, ensino e assistência.
5.2 Câncer mamário e o auto-exame sob a ótica das enfermeiras
O câncer de mama é um problema de saúde pública e tem sido bastante discutido
nos dias atuais. Através dos relatos das enfermeiras emergiram as cinco
categorias a seguir descritas: o significado do câncer de mama para as
enfermeiras; medidas conhecidas para controle do câncer de mama; o saber sobre
exames à clientela; cuidados repassados à clientela; medidas pessoais usadas no
combate ao câncer de mama.
5.3 O significado do câncer de mama para as enfermeiras
Nesta categoria, indagou-se sobre o significado do câncer de mama para as
enfermeiras, e constatou-se que cinco depoentes associam o câncer de mama à
idéia de morte e/ou mutilações; três delas relacionaram a doença a um
prognóstico ruim, duas associaram a uma luta pela vida, enquanto uma depoente
evidenciou a associação entre o significado do câncer de mama a uma negligência
profissional. É o que expressam nos depoimentos. [...] significa morte,
mutilação, tristeza, sofrimento para a mulher, família e amigos, é apavorante,
mas acima de tudo significa uma luta pela vida (D8). É uma doença muito triste
com prognóstico ruim (D11). [...] o câncer de mama significa uma doença com
prognóstico ruim, mas que se for detectado precocemente pode ter um prognóstico
bom (D 10).
Observa-se nos depoimentos das enfermeiras, que elas associaram o câncer de
mama a um significado que assusta muito as mulheres, por ser uma doença que
causa dor, medo, ansiedade e sendo geralmente fatal. Ligaram a patologia à
mutilação das pacientes com perdas significativas para a pessoa, família e
sociedade. Evidenciaram que é uma constante luta pela vida e que os
profissionais demoram no diagnóstico pois muitas vezes detectam o caso somente
em estágios avançados, dificultando o prognóstico da doença e piorando a
qualidade de vida das mulheres com câncer de mama.
É importante ressaltar que, diante de toda e qualquer situação, o ser humano
tem como elemento básico o seu universo simbólico, as suas vivências e,
principalmente, a sua forma singular de viver a experiência, a doença, a
internação e o tratamento, determinados pela sua história, pelo seu mundo
circundante e pelas suas relações com as outras pessoas. Dessa forma, a pessoa
não se preocupa somente consigo mesma, mas também com sua família(10).
5.4 Medidas conhecidas para controle do câncer de mama
Ao indagar as depoentes acerca das medidas de controle do câncer das mamas,
observou-se que oito das depoentes se referiram aos hábitos saudáveis
associados a exames. Durante a discussão duas relataram somente a educação em
saúde e uma delas referiu-se exclusivamente aos exames, é o que expressa os
depoimentos a seguir: Estimular e ensinar o auto-exame e também orientar com
relação aos riscos, por uma boa qualidade de vida(D 01). Agente pode controlar
através do auto-exame, da ultra-sonografia, da mamografia e da educação que
parte do ensino na orientação e na prática(D 7). Além do auto-exame tem também
a ultra-sonografia e a mamografia a partir dos 40 anos de idade(D 6).Êh! As
medidas para controle é a realização de palestras, educação em saúde em todo o
momento, em especial no momento da coleta citologia, pré-natal [...](D10).
Na fala das entrevistadas, estas apontaram orientação com relação aos riscos,
reforçaram a importância das palestras em todos os momentos, incentivando a
amamentação exclusiva e o auto-exame das mamas especialmente durante a coleta
citologia, pré-natal e visita domiciliar para que esse exame seja feito
mensalmente no próprio domicílio, acrescentaram o exame clínico da mama da
cliente, a ultra-sonografia e a mamografia. Tais relatos apontaram que a
maioria das profissionais segue as orientações advindas da literatura
especifica sobre a temática que indicam a necessidade de adotar assomadamente a
prevenção primária e a secundária, por ambas se complementarem.
A Organização Mundial de Saúde _ OMS recomenda para a prevenção primária do
câncer de mama, o estímulo de hábitos alimentares saudáveis, prática de
atividade física regular, manutenção do índice de massa corporal abaixo de 30
por constituírem importantes fatores de proteção, devendo ser adotados pelo
indivíduo e estimulados nas rotinas de consultas realizadas pelos profissionais
de saúde e nas ações de comunicação social pública. Convém desestimar o consumo
de bebidas alcoólicas, valendo mencionar ainda, que o conhecimento científico
atual aponta para o uso de fármacos como o tamoxifeno, em mulheres com situação
de alto risco. Para a prevenção secundária menciona três estratégias
complementares entre si, que são: auto-exame das mamas, o exame clínico e a
mamografia(4).
5.5 O Saber sobre exames de mama
Quanto ao saber sobre exames de mama, houve unanimidade em citar o auto-exame
das mesmas, onde cinco depoentes acrescentaram a periodicidade e data certa
para realização do mesmo. Todas as entrevistadas citaram a mamografia, sendo
que três delas acrescentaram ser um exame doloroso, realizado a partir dos 40
anos, por suspeição ou mesmo de rotina. Dez enfermeiras citaram a ultra-
sonografia mamária e o exame clínico, devendo atentar este último para as
etapas de avaliação estática e dinâmica. Apenas uma entrevistada se referiu à
biópsia na confirmação da malignidade. As depoentes assim se expressaram:
Sei que tem o auto-exame das mamas, a mamografia, ultra-sonografia
mamária e o exame clínico feito no consultório tanto por enfermeiro
como pelo médico e é importante ter a avaliação estática e dinâmica
(D2).
Sei do auto-exame, mamografia a partir dos 40 anos, a ultra-
sonografia quando houver detecção de nódulos ou suspeita de algo e a
biópsia para confirmar se é maligno ou não(D5).
Observou-se que para o auto-exame das mamas deve-se ter periodicidade, fazer
parte da rotina da mulher para que possa reconhecer suas mamas e perceber
alguma mudança precoce. É o método mais simples, barato e eficaz para a
detecção de câncer de mama, a ultra-sonografia é indicada para mulheres mais
jovens em que as mamas são mais densas para detectar alterações e a mamografia
meio de diagnóstico com boa margem de segurança deve ser feita a partir dos 40
anos.
Com relação aos exames, temos o exame clínico, obedecendo às etapas de
inspeção, palpação e expressão maxilar, bem como, o auto-exame das mamas. E
exames instrumentais não invasivos da mama, mamografia e ecografia mamária e os
exames instrumentais invasivos, destacando a citopunção mamária e a biópsia
mamária(11).
5.6 Cuidados repassados à clientela
As enfermeiras ao serem questionadas acerca dos cuidados repassados para a
clientela, apresentaram-se unânimes quanto ao incentivo à prática do auto-
exame. Seis profissionais acrescentaram a prática da alimentação saudável e
duas também orientavam a prática de atividades físicas e o afastamento de
vícios, conforme os depoimentos:
Oriento através de palestras conscientizando para o auto-exame,
mostrando como se faz e pedindo que elas demonstrem, falo para ter
alimentação saudável e para se afastarem de fatores de risco,
principalmente do fumo(D6).
Oriento para realizar o auto-exame mensal e observar sinais de
alerta, oriento alimentação à base de vitaminas, proteínas, fibras e
com o mínimo de química e incentivo a atividade física(D7).
Na análise das falas verificou-se que através das palestras coletivas ou
individuais, houve preocupação em constatar se a cliente estará realizando o
auto-exame das mamas corretamente, orientando para evitar gorduras, aumentar
ingestão de fibras, frutas e verduras, aconselhando uma caminhada regular e
orientando suas clientes a se afastarem principalmente do tabagismo e álcool.
Para o Ministério da Saúde, os profissionais que realizam a atenção primária
nas Unidades Básicas de Saúde, devem proceder ao exame clínico das mamas,
aproveitando o momento para estimular e ensinar a cliente na realização do
auto-exame, bem como ser esclarecida da importância de adotar hábitos
saudáveis. As mulheres com exames clínicos anormais devem ser avaliadas por
profissionais médicos treinados quanto à abordagem das patologias mamárias,
onde irão avaliar a necessidade de se realizar outros exames(12).
Ao adquirirem o conhecimento e as habilidades necessárias para educar a
comunidade sobre o risco de câncer, as enfermeiras, em todos os ambientes,
desempenham uma função-chave na prevenção do câncer. Ajudar os pacientes e
evitar os carcinógenos conhecidos é uma maneira de diminuir o risco de câncer.
Outro meio envolve a adoção de vários estilos de vida e de dieta apontados
pelos estudos epidemiológicos e laboratoriais como capazes de influenciar o
risco de câncer. As enfermeiras podem usar suas habilidades de ensinamento e
aconselhamento para facilitar a participação do paciente nos programas de
prevenção de câncer e para promover estilos de vida saudáveis(13).
5.7 Medidas pessoais usadas no combate ao câncer de mama
Quanto às medidas pessoais adotadas, sua freqüência ou periodicidade,
constatou-se que sete enfermeiras realizavam o auto-exame sem freqüência ou
periodicidade, três depoentes relataram o auto-exame e o uso de alimentação
saudável e uma entrevistada referiu não usar medidas de controle. Como descrito
a seguir: Faço o auto-exame de mama, não tenho uma data certa (D 6).Realizo o
auto-exame de mamas na primeira semana após a menstruação e evito na medida do
possível alimentos condimentados(D 2).Não uso medida nenhuma(D.10).
Constatou-se que as enfermeiras foram unânimes no repasse da correta prática do
auto-exame das mamas para suas clientes, no entanto a grande maioria não o
praticam de forma regular ou periodicamente e apenas uma pequena parcela das
depoentes fazem uso da alimentação saudável. Observou-se uma resistência delas
no hábito de se auto-examinar regularmente, seja pelo medo de encontrarem
alterações que as leve a suspeitar de câncer ou mesmo pelo fato de esquecerem
que são mulheres estando assim predispostas à doença tanto quanto sua
clientela.
A prevenção ainda é a melhor maneira de combater este tipo de câncer, pois só
assim a doença adquire melhores chances de cura. O encontro de uma lesão
palpável na mama determina a necessidade de um adequado diagnóstico para que se
possa estabelecer a conduta a ser seguida, considerando a relevância da
realização de exames complementares para esclarecer a sua natureza, se benigna
ou maligna(14).
Apesar desta neoplasia maligna apresentar-se como uma das principais causas de
mortalidade em mulheres, a sua detecção no estágio inicial de desenvolvimento
aumenta as chances de cura e torna possível minimizar os efeitos da doença,
aumentando, assim, as possibilidades e opções cirúrgicas com melhores
resultados. Portanto, a luta de combate à patologia mamária concentra sua força
na busca do diagnóstico precoce(7).
6 Considerações finais
As mamas são órgãos que têm funções de destaques na vivência das mulheres. A
ocorrência do câncer de mama traz modificações tanto para a mulher como para
todos os que convivem com ela. Analisar o conhecimento e a prática do auto-
exame por enfermeiras representa a inquietação das outras diante da
problemática, uma vez que esta medida contribui efetivamente para prevenção e o
diagnóstico precoce do câncer de mama.
No que refere ao significado do câncer de mama para as enfermeiras constatou-se
que assusta muito às mulheres, por ser uma doença que causa dor, medo,
ansiedade, mutilações seguida pelo prognóstico desfavorável.
Nas falas das depoentes evidenciou-se como medidas conhecidas para controle de
câncer de mama a orientação com relação aos riscos, importância das palestras
educativas, incentivando a amamentação exclusiva e o auto-exame das mamas
especialmente durante a coleta citológica, pré-natal e visita domiciliar.
Acrescentaram, ainda, o exame clínico das mamas da cliente, a ultra-sonografia
e a mamografia.
O auto-exame das mamas deve ter periodicidade, fazer parte da rotina da mulher
para que possa reconhecer suas mamas e perceber alguma mudança precoce; a
ultra-sonografia para mulheres mais jovens em que as mamas são mais densas para
detectar alterações e a mamografia, meio de diagnóstico com boa margem de
segurança, a partir dos 40 anos.
As enfermeiras ao serem questionadas acerca dos cuidados repassados à clientela
referiram que o repasse ocorre através das palestras coletivas ou orientações
individuais, há preocupação em constatar se a clientela está realizando o auto-
exame das mamas corretamente, orientação para evitar alimentos gordurosos,
aumento da ingestão de fibras, frutas e verduras, uma caminhada regular e a não
utilização do tabagismo e o álcool, dentre outras.
As enfermeiras foram unânimes no repasse da correta prática do auto-exame das
mamas para suas clientelas, entretanto, como medidas pessoais no combate do
câncer de mama a grande maioria não o praticam de forma regular ou
periodicamente e apenas uma pequena parcela das depoentes fazem uso da
alimentação saudável. Constatou-se ainda a resistência das enfermeiras no
hábito de se auto-examinar regularmente.
Portanto, as enfermeiras têm demonstrado segurança no domínio do conhecimento e
da prática do auto-exame das mamas, revelaram o cuidado dispensado a sua
clientela, na atenção à promoção da saúde e prevenção da doença, no entanto
houve negligência com a sua própria saúde no que se refere ao auto-exame de
mama.