Relacionamento interpessoal dos internos de enfermagem no contexto hospitalar
PESQUISA
Relacionamento interpessoal dos internos de enfermagem no contexto hospitalar
Interpersonal relationship of nursing interns in the hospital context
Relación interpersonal de los interno de enfermería en el contexto hospitalario
Maristela Freitas SilvaI; Norma Valéria Dantas de Oliveira SouzaII
IEnfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora assistente da Faculdade de
Enfermagem da UERJ (DEMC). Chefe de enfermagem da Unidade Ambulatório Central
do Hospital Universitário Pedro Ernesto / UERJ
IIEnfermeira. Doutoranda em Enfermagem (UFRJ). Professora assistente da
Faculdade de Enfermagem da UERJ (DEMC)
E-maildo autor: librarj@terra.com.br
1 Introdução
O presente estudo tem como objeto de investigação o relacionamento interpessoal
dos internos de enfermagem com a clientela assistida, os docentes e a equipe
multidisciplinar em um hospital universitário do município do Rio de Janeiro. O
interesse em realizar esta pesquisa surgiu da nossa percepção de que, após a
introdução de uma nova concepção de ensino aprendizagem, fundamentada na Teoria
Crítica da Educação e implementada na graduação da Faculdade de Enfermagem da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FENF/UERJ), os internos de enfermagem
vêm apresentando uma mudança qualitativa em suas atitudes e relações
interpessoais com os vários atores envolvidos no campo de prática hospitalar.
Ao utilizar a Metodologia Problematizadora para embasar a Teoria em questão,
verificamos que ela agiu como terreno fértil no sentido de propiciar o respeito
às peculiaridades e aos limites de cada aluno, consequentemente ocorreu um
estreitamento de relações entre discentes, docentes e demais sujeitos presentes
no contexto do trabalho hospitalar. Assim, constatamos empiricamente a
estruturação de um modelo em que o aluno tem participação efetiva na construção
de seu conhecimento, e o professor passa a assumir um papel de facilitador de
experiências relevantes para a consolidação dos saberes da enfermagem no campo
da prática hospitalar.
Outro ganho percebido com a implantação desta Metodologia foi a desconstrução
do mito de que o aluno é um simples depositário do saber advindo do professor.
E é esse mito que legitima a construção ideológica do aluno como um indivíduo
(ser) passivo, mero reprodutor de antigos costumes, acrítico e com poucas
condições psico-cognitivas de promover mudanças que incrementem o crescimento
da profissão, devido à sua postura passiva. Verificamos preliminarmente uma
atitude crítica e reflexiva diante de situações presentes no contexto laboral e
a capacidade de promover mudanças. Assim, a Metodologia Poblematizadora
é a educação libertadora, problematizadora, que acredita no aluno,
não como recipientes passivos de conhecimentos, mas investigadores
críticos, que necessitam de situações-problemas, para que se sintam
desafiados e, quanto mais desafiados, mais se sentem obrigados a
responder ao desafio e assim vão crescendo e percebendo a realidade
criticamente e não de forma alienada(1:34).
Evidencia-se, então, que existe uma conjunção de determinantes que propiciam
mudanças qualitativas nos agentes envolvidos neste processo, quais sejam
transformações nas dimensões do saber, do saber-fazer e do saber-ser,
conduzindo, em última instância, à construção de relações interpessoais
positivas.
A Metodologia em tela foi implantada na FENF/UERJ em 1996 e "emerge da
abordagem histórico-crítica da educação e é inovadora por seus desafios,
caracterizada por integração, totalidade, interdisciplinaridade e nova
concepção de teoria/prática"(2:72).
Com base em uma avaliação empírica, podemos colocar em princípio que a
implantação dessa forma de ensinar resultou numa mudança significativa, desde a
estrutura curricular formal às concepções de ensino aprendizagem dos docentes
da FENF/UERJ, interferindo consequentemente nas atitudes interpessoais entre os
diversos sujeitos presentes no contexto educacional e laboral e conduzindo, em
última instância, a uma melhoria nas relações interpessoais no que concerne às
atitudes éticasnas relações sociais.
Com a finalidade de investigar o objeto de estudo proposto selecionamos como
questão norteadora o seguinte questionamento: a implementação da metodologia
problematizadora no currículo de graduação da FENF/UERJ vem favorecendo a
construção de atitudes interpessoais positivas no interno de enfermagem com os
sujeitos presentes no contexto hospitalar?
Com o fito de validar nossas observações acerca desta mudança na qualidade das
relações interpessoais, partimos para a investigação formal desta questão junto
aos internos de enfermagem do 9º período, que corresponde ao último semestre do
curso de graduação da referida Faculdade.
2 Metodologia
A proposta metodológica para esse estudo foi de uma pesquisa qualitativa,
descritiva, pois esta abordagem permite conhecer as pessoas pessoalmente e
verificar como elas desenvolvem suas próprias visões de mundo(3). Conceitos
como beleza, sofrimento, prazer, confiança, valores podem ser estudados a
partir desta metodologia.
O cenário para o desenvolvimento da pesquisa foi um hospital universitário no
município do Rio de Janeiro, especificamente em duas enfermarias de clínica
cirúrgica, onde ocorrem o Internato de Enfermagem da FENF/UERJ. Os sujeitos do
estudo foram os alunos que estavam cursando esta modalidade de ensino no
segundo semestre de 2002, perfazendo um total de 26 discentes.
O instrumento de coleta de informações foi um questionário composto de cinco
questões abertas no qual não existia espaço para dados de identificação, o que
nos permitiu obter respostas mais condizentes com a realidade vivenciada pelos
discentes no campo de prática. Assim, os nomes dos internos apontados no espaço
de análise das informações são todos fictícios. Também tivemos o cuidado de
desenvolver nosso estudo segundo a Resolução n. 196 do Conselho Nacional de
Saúde de 1996, que institui normas éticas para a pesquisa com seres humanos.
As informações coletadas foram tratadas à luz da análise temática de conteúdo
possibilitando, então, chegarmos a três categorias: relacionamento interpessoal
docente-discente; relacionamento interpessoal interno-clientela; e
relacionamento interpessoal interno-equipe multidisciplinar.
3 Análise e tratamento das informações
Antes de partirmos para a análise das categorias, consideramos apropriado
explicitar o que entendemos por relacionamento interpessoal. É ele o
estabelecimento de um processo comunicacional no qual os agentes envolvidos
estão cientes de suas atribuições e cuja meta é a troca de informações
individuais e pontos de vista particulares, fomentando um ajuste no
relacionamento de modo que ele se torne favorecedor de mudanças positivas no
contexto do trabalho(4).
3.1 Relacionamento Interpessoal Docente-Discente
Investigando o material coletado, pudemos constatar que o relacionamento
interpessoal entre docente-discente deu-se de forma ética, através de uma
comunicação eficaz, propiciando o processo de crescimento de ambas as partes e
aí também contemplado o processo de ensino aprendizagem para a formação
profissional do interno de enfermagem. Selecionamos algumas falas que
evidenciam esta análise:
Os professores procuraram criar situações de ensino aprendizagem a
todo o momento. Apoiaram o grupo na tomada de decisões e
posicionamento quanto a equipe, realização de cuidados, sendo
excelente a conduta dos professores (interna Amália)
O relacionamento docente-discente se deu de forma respeitosa de ambas
partes. Senti-me com autonomia e respeitada pelos professores. Os
professores foram bastante atenciosos e interessados em promover
nosso aprendizado. Os professores agiram de forma estimulante para
nós discentes (interna Carmela)
Foi bastante tranqüilo, e as professoras se mostraram bastante
disponíveis às minhas solicitações e dúvidas. Proporcionaram-me
liberdade em tomadas de decisões, tratando-me e questionando-me de
uma forma bastante madura, o que me garantiu confiança e
responsabilidade (interna Zilma)
Analisando os depoimentos acima, percebe-se que houve respeito à autonomia e à
individualidade dos alunos, bem como o favorecimento à tomada de decisões,
propiciando o alcance de um objetivo maior no processo ensino aprendizado, ou
seja, auxiliar na formação de cidadãos críticos, reflexivos e capacitados para
tomar decisões e promover mudanças. Também se pode constatar a existência de
atitudes éticas na dinâmica do relacionamento professor-aluno, as quais são
sabidamente fomentadas quando se utiliza a metodologia da problematização.
Tratando desse tema, aplica-se:
ao trabalho pedagógico as características da consciência crítica,
compete ao educador conduzir o aluno à compreensão do mundo, através
de sua relação com ele, não como realidade estática, mas em constante
transformação. A ação docente, neste sentido, visa modificar no ser
humano aquilo que é suscetível de educação, considerando o aluno como
sujeito ativo do próprio conhecimento (...)(1:35).
Outro aspecto que se faz relevante enfatizar é que o domínio do professor, o
poder exercido por ele nos currículos embasados numa educação bancária, na qual
o docente é o dono do conhecimento e, portanto, não pode ser questionado ou
colocado em cheque, perde o sentido na Metodologia Problematizadora. Nessa
Metodologia o conhecimento se constrói justamente no intercâmbio dos sujeitos
envolvidos no processo, através de questionamentos contínuos advindos de uma
consciência coletiva que busca a investigação para cada vez melhor resolver os
problemas colocados pelo processo de ensinar e aprender. Assim, verifica-se que
o poder imaculado do professor dilui-se e este ganha um perfil mais humano e
por isso mais acessível ao aluno. A figura do professor é valorizada e
respeitada à medida que ele se posiciona como agente facilitador do crescimento
psico-cognitivo dos alunos, respeita as singularidades de seus discentes e
assume uma atitude ética.
Uma perspectiva possível para entender o relacionamento interpessoal
professor e aluno pode ser a da ética envolvendo questões de poder.
Ao falar de ética já está implícito o respeito que ambos os
envolvidos devem cultivar no relacionamento diário. A obrigação, o
dever e a obediência são comportamentos que devem estar presentes no
relacionamento interpessoal professor e aluno, porém só adquirem
sentido se também os direitos de ambos estiverem presentes na relação
(5:1).
Analisando a colocação acima, verifica-se que o relacionamento professor-aluno
deve ser mais equilibrado, no sentido de flexibilizar as relações de poder,
centrando-se em outros fatores, ou seja, nos deveres e direitos de cada um, na
ética das atitudes, no respeito ao ser humano, situação que a Teoria Crítica da
Educação busca desenvolver.
3.2 Relacionamento Interpessoal Interno-Clientela
Nessa categoria também verificou-se um padrão de relacionamento positivo entre
os internos e a clientela assistida. Os alunos investigados consideraram de
excelente qualidade a interação que se desenvolveu com os clientes, favorecendo
a construção de uma relação de ajuda, de um acolhimento terapêutico num momento
de crise como é a experiência cirúrgica. Por outro lado, ao perceberem que
estavam estabelecendo uma comunicação eficaz com as pessoas com problemas
cirúrgicos e, por conseguinte, construindo um bom relacionamento interpessoal,
ajudando-as no processo saúde-doença, os internos verificaram a relevância de
suas ações e obtiveram o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Essa
dinâmica de relações propicia o prazer no trabalho e a vontade de perpetuar
essa experiência. Através dos depoimentos selecionados a seguir, pode-se
constatar essa situação.
O relacionamento com os pacientes foi muito bom, pois trouxe
satisfação pelo reconhecimento oferecido por eles (interna Wilma).
Foi muito gratificante. Percebi como é importante nossa interação com
o cliente, tanto em nível de esclarecimento (orientações,
explicações, etc.) quanto em nível do emocional (os medos, as
ansiedades) num período estressante para este tipo de clientela
(interna Caterina).
Excelente; a relação com o paciente, auxiliando em seus cuidados /
recuperação, é sempre muito agradável quando ele nos percebe e
reconhece nossa função como participantes e cooperadores(interna
Valéria).
A troca é muito importante e necessária. A gente acaba deixando um
pouco de nós com a clientela e ela conosco. Foi um experiência muito
rica(interna Hilda).
Pelos depoimentos destacadas anteriormente, percebe-se que os internos sentem-
se úteis e gratificados pelo reconhecimento da clientela, o que por sua vez
fortalece a auto-estima e os estimula a continuar estabelecendo uma atitude
ética no relacionamento com a clientela. Também verificou-se que eles
estabelecem uma relação dinâmica, de troca com os clientes e, portanto, de
transformação, propiciada inclusive pelas pessoas em situação cirúrgica. Essa
constatação de que existe troca entre clientes e internos de enfermagem é algo
extremamente positivo, pois desconstrói-se o mito de que detemos o saber e os
pacientes são apenas os receptores do cuidado, das orientações e do
conhecimento, sem nada a acrescentar nesse processo. Fica claro, então, que o
processo de assistir, de ensinar e de aprender é integrador, dialético e
ampliado, conforme defendido pela Metodologia Problematizadora.
A fim de fundamentar a análise pontuada acima apresentamos a seguinte
inferência:
Na Metodologia Problematizadora de Ensino estudar é um ato
intencional, consciente, metódico, organizado e dirigido no sentido
de resolver problemas. O conhecimento, por sua vez, não é um conjunto
de verdades prontas e escondidas pelo professor. (...) A participação
do aluno no processo de formação dar-se-á de modo ativo, crítico, num
exercício contínuo em que seja capaz de realizar análise,
interpretação e síntese do objeto a ser aprendido, tendo, também, o
compromisso com a sua formação(6:04).
Também evidenciou-se que um relacionamento interpessoal positivo com a
clientela propicia ao aluno acreditar no seu conhecimento, na sua capacidade e
em sua formação ao longo da graduação, servindo como fator de credibilidade
para o esforço empreendido ao longo de 9º períodos letivos.
Constatar que o paciente confia em você como profissional, requisita
sua presença, deseja ouvir suas orientações, valoriza o que você faz
é muito bom, dá a sensação de dever cumprido, de ser um bom
profissional(interna Fabíola).
3.3 Relacionamento Interpessoal Interno-Equipe Multidisciplinar
Apesar das lutas de poder que permeiam as relações no contexto hospitalar e que
tornam a convivência muitas vezes tensa nesse cenário, os internos consideraram
positivo o relacionamento com os demais profissionais que compõem a equipe
multidisciplinar de saúde. Revelaram que estabeleceram trocas com esses
profissionais, conquistaram credibilidade / respeito, foram acolhidos
afetuosamente e sentiram mudanças na forma como se relacionavam com alguns
membros dessa equipe.
Ainda em relação às questões de poder, que perpassa a profissão de Enfermagem,
tanto no seu interior, isto é, lutas veladas com operacionais de enfermagem que
tornam estressantes as relações e também com a hierarquia superior, na qual se
verificam disputas de espaço e de prestígio profissional, quanto externa à
profissão, principalmente com a figura do médico, profissional milenarmente
inserido no contexto da saúde e que "determina" esse processo de trabalho,
constatou-se que, de fato, tensões no que tange a esse ponto foram pouco
significativas.
Inferimos que esse relacionamento positivo deveu-se a uma postura mais crítica,
reflexiva, consciente e politizada dos internos, propiciando um entendimento
aprofundado das peculiaridades do trabalho no ambiente hospitalar, as
limitações em nível da organização e do processo laboral, evidenciando que eles
desenvolveram uma visão histórica e dialética do contexto. Também constatamos
que esse relacionamento positivo foi fruto do reconhecimento profissional
conquistado pelos internos nesse cenário, o que, por sua vez, fortaleceu a
auto-estima e propiciou acreditarem na relevância do trabalho deles.
Pelos depoimentos destacados abaixo, é possível constatar essa situação:
Houve uma boa interação, na qual tivemos muito respeito uns com os
outros. A equipe nas enfermarias em geral se mostrou receptiva
facilitando a realização de nosso estágio (interna Ana).
Não tive problemas com nenhum membro da equipe. Relacionei-me bem com
a enfermeira do setor, com os residentes e auxiliares. Interagi bem
com a equipe médica e de nutrição (interna Mariana).
Em momento algum tive problemas com a equipe, todos foram sempre
atenciosos às nossas solicitações e pela primeira vez consegui
desenvolver e conhecer a importância do trabalho em equipe, uma vez
que a equipe estava sempre disponível, mantendo uma boa relação de
trabalho(interna Beatriz).
Não tive dificuldades de relacionamento. É claro que algumas pessoas
da equipe eram mais difíceis, mas consegui me adaptar e desenvolver o
meu trabalho(interna Cristiana).
Através desse último relato, constata-se que o relacionamento interpessoal é
visto pelos alunos como algo subjetivo, que não está dado, pronto ou acabado
pelo professor, mas construído coletivamente a partir do entendimento das
diferenças humanas, respeitando-se as peculiaridades individuais. O papel do
docente nessa questão é evidenciar as diferenças subjetivas dos seres humanos,
estimular e primar por uma postura ética, destacar a importância e os ganhos
dessa postura para o discente como pessoa e como profissional e, igualmente,
enfatizar a relevância da referida postura para a qualidade da assistência como
um todo. No entanto, o estabelecimento de um relacionamento interpessoal
positivo deve ser um esforço conjunto a partir da compreensão da complexidade
da questão.
A Metodologia da Problematização, fundamentada na Teoria Crítica da Educação,
busca construir no discente uma capacidade reflexiva, criativa, crítica, que o
instrumentalize para realizar análise, interpretação e, a partir daí, promover
transformações de realidades obsoletas. Por sua vez, espera-se que o professor
apresente
Uma atitude orientadora, condutor do processo, provocador de dúvidas,
autoridade competente, sendo de fato responsável pelas tarefas de
ensino, explicação de matéria, orientação das atividades, colocação
de exercícios, controle e verificação da aprendizagem(6:08).
Observa-se, então, que, nesta concepção de ensino aprendizagem, os papéis são
distintos, porém têm importância equivalente, diferente, portanto, do modelo
bancário de educação, que aliena, engessa e reproduz posturas por meio de
reforço de ideologias e de utilização de uma hegemonia docente equivocada e
distorcida.
4 Considerações finais
De acordo com os resultados obtidos através das análises, verificamos que a
Metodologia da Problematização constitui-se numa concepção de ensino
aprendizagem que possibilita, entre outras questões, a construção de atitudes
interpessoais positivas, fundamentada na ética das relações humanas.
Através desse trabalho foi possível constatar os ganhos obtidos com a opção de
adotar a Teoria Crítica da Educação no currículo da FENF/UERJ. Formou-se um
corpo discente mais reflexivo, crítico, consciente das possibilidades e dos
limites que o contexto impõe aos seres humanos, e, a partir dessas novas
características desenvolvidas, alavancou-se uma série de transformações no
cenário do ensino e do trabalho. Mencionamos, por exemplo, a atuação de
docentes sensíveis às limitações e às potencialidades dos alunos, por
conseguinte, evidenciamos discentes mais receptivos a forma de saber, saber-
fazer e saber-ser dos professores. Também depreendemos que a equipe
multiprofissional desenvolveu um olhar diferenciado com relação aos discentes,
pois estes passaram a assumir uma postura amadurecida acerca da realidade que
se descortina no trabalho hospitalar. Segundo o que pudemos apreender, os
internos adotaram uma atitude aglutinadora, contribuindo para o somatório de
esforços na resolução dos problemas emergentes da prática em saúde, colocando-
se como sujeito participativo nesse contexto, e isso fomentou a credibilidade e
o respeito por parte da equipe multidisciplinar acerca dos internos de
enfermagem.
Todas essas transformações conduziram ao estabelecimento de relacionamentos
interpessoais profícuos, resultando no crescimento pessoal e profissional dos
sujeitos envolvidos no processo ensino aprendizagem e no mundo do trabalho.
Dessa forma, consideramos que a FENF/UERJ, ao implementar um currículo
problematizador, deu um passo relevante no sentido de contribuir para a
construção de uma Enfermagem desejada pelo seu coletivo profissional.