Vamos cuidar com brinquedos?
INTRODUÇÃO
A importância do brincar como pré-requisito para o desenvolvimento saudável tem
sido amplamente apontado na literatura, sendo, portanto, fundamental a criação
de espaços lúdicos onde as crianças e adolescentes hospitalizados possam
explorar o ambiente através das suas brincadeiras e da interação com outros(1-
5).
Nesse sentido, o brincar passa a ser visto como um espaço terapêutico capaz de
promover não só a continuidade do desenvolvimento infantil, como também a
possibilidade de, através dele, a criança hospitalizada melhor elaborar esse
momento específico em que vive(2).
A intervenção lúdica facilita a comunicação, possibilita a construção e
reconstrução da própria individualidade pela criança, aspecto este bastante
fragilizado pelo processo de hospitalização, constituindo-se como um recurso
autocicatrizante na infância. Nesta perspectiva, o brincar deve fazer parte da
prescrição médica e da enfermagem, ocupando um lugar de destaque no âmbito da
promoção da saúde e atendimento integral à criança(6).
Os brinquedos podem ser classificados em dois tipos: o normativo e o
terapêutico. Atividades espontâneas que levam ao prazer das crianças sem
quaisquer objetivos a alcançar, constituem o brinquedo normativo. Já o
brinquedo terapêutico tem uma atividade estruturada que necessita de
profissionais que conheçam a técnica de aplicação. Assim consegue-se promover o
bem estar físico-emocional da criança hospitalizada(7).
O direcionamento do brincar terapêutico dentro do ambiente hospitalar pode
ocorrer através de ações lúdicas e do brinquedo terapêutico. A primeira maneira
é uma técnica psiquiátrica, utilizada apenas por psiquiatra, psicólogos ou
enfermeiros psiquiátricos para tratamento de crianças com distúrbios
emocionais, neuróticos ou psicóticos. Já a segunda alternativa, possibilita a
diminuição da ansiedade da criança gerada por experiências atípicas de sua
idade, podendo ser feita pelo enfermeiro, através de um brinquedo estruturado
de acordo com o procedimento a ser realizado(8).
A brincadeira é um recurso muito valioso para a equipe de enfermagem, pois
através desta podem-se revelar necessidades e sentimentos do pequeno paciente,
uma vez que isso irá ajudá-lo a compreender as situações e os procedimentos
diagnósticos e terapêuticos pelos quais passará, favorecendo sua tranquilidade,
sua segurança e sua aceitação do tratamento, além de facilitar o convívio
harmonioso com os profissionais de saúde(8).
Devem-se valorizar sinais como irritabilidade, choro, medo, lamentos, gestos e
apatia demonstrados pelas crianças hospitalizadas. Estes podem ser indicativos
da necessidade de acolhimento e de segurança. Atualmente os enfermeiros das
unidades pediátricas, cada vez mais, têm investido em técnicas que minimizem os
traumas da internação(9).
Como a hospitalização interfere no aspecto emocional da criança, o brincar
surge então, como um instrumento utilizado para modificar o cotidiano dessa
internação, pois mexe com o mundo imaginário dela, fazendo com que haja uma
oscilação entre este mundo e o mundo real, superando, desta forma, as barreiras
da doença(1).
A relevância dos efeitos do brinquedo terapêutico sobre a criança hospitalizada
motivou a elaboração deste estudo, que teve como objetivos: descrever a
percepção da equipe de enfermagem quanto ao preparo de crianças e adolescentes
para procedimentos hospitalares; identificar o preparo técnico-científico da
equipe de enfermagem sobre a utilização do brinquedo terapêutico e averiguar o
uso do brinquedo terapêutico pelos profissionais de enfermagem durante a
hospitalização.
MÉTODO
Tratou-se de um estudo de caráter exploratório com abordagem qualitativa
desenvolvido na Unidade Pediátrica do Hospital Universitário (HU) de Aracaju-
SE, caracterizado como médio porte. A unidade pediátrica foi reinaugurada em
abril de 2009 e conta com cinco enfermarias e um isolamento, com o total de
vinte e um leitos, onde são atendidas crianças na faixa etária de dois meses a
quatorze anos.
Os sujeitos da pesquisa foram quatro enfermeiros, sete técnicos de enfermagem e
seis auxiliares de enfermagem da Unidade Pediátrica do HU. Os critérios de
inclusão da pesquisa foram: os profissionais de enfermagem que estivessem
trabalhando no setor de pediatria em maio de 2009, que possuíssem tempo de
serviço superior a 1 ano de atividades desenvolvidas na unidade escolhida e os
que concordassem em participar do estudo com entendimento e assinatura do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
O instrumento de coleta utilizado foi baseado em um questionário validado(10) e
adaptado para esta pesquisa, o qual foi preenchido a próprio punho pelos
funcionários no próprio horário de trabalho. Foram contemplados dados de
identificação pessoal e profissional, como também questionamentos sobre o
brinquedo terapêutico, a importância no atendimento às crianças enfermas, os
tipos de instrumentos recreativos utilizados na instituição e como é realizada
a escolha desses objetos. Questionou-se, ainda, o envolvimento da família no
brincar terapêutico e como isso ocorre e se, porventura, é aplicada essa
terapia no setor em que trabalha. A coleta de dados foi realizada no mês de
maio de 2009 nos turnos matutino, vespertino e noturno. Apesar de esta unidade
conter 23 funcionários, os questionários foram aplicados a somente dezessete.
Para analisar os dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo de Bardin
(11). Esta se fez seguindo o instrumento de coleta onde após uma pré-análise,
foi realizada a exploração do material, o tratamento dos dados e, logo em
seguida, a análise e a discussão das categorias analíticas fundamentadas na
literatura pertinente ao tema.
Para manter o anonimato dos sujeitos da pesquisa e para melhor compreensão dos
resultados, foram utilizadas codificações e pseudônimos aos sujeitos
pesquisados. Sendo assim, as categorias dos profissionais foram classificadas,
denominando-se o termo "Avião" para as enfermeiras, "Boneca" para os técnicos
de enfermagem e "Pintura" para os auxiliares de enfermagem.
O projeto foi autorizado pela Direção Clínica do Hospital Universitário para
realização da pesquisa na instituição e aprovado com protocolo CAAE-
0035.0.107.000-09, pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de
Sergipe atendendo às recomendações da Resolução número 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O gênero feminino prevaleceu na totalidade sobre os sujeitos da pesquisa, a
faixa etária variou entre 25 e 45 anos. Quanto à categoria profissional quatro
eram enfermeiras, seis técnicas de enfermagem e sete auxiliares de enfermagem.
Das entrevistadas, nove trabalhavam no período noturno, três à tarde e cinco
pela manhã. O tempo médio de experiência profissional das enfermeiras foi de
doze anos, das técnicas de enfermagem onze anos e das auxiliares, dezesseis
anos. Quanto ao tempo de serviço na unidade de pediatria, a categoria das
técnicas de enfermagem tiveram média maior que as demais com 5,3 anos, seguido
das auxiliares de enfermagem (3 anos) e das enfermeiras (2, 5 anos).
Os sujeitos da pesquisa foram questionados em relação à escolha do local de
trabalho e aos seus sentimentos nesta unidade. Foi observado grande satisfação
ou identificação com a unidade entre os que foram lotados neste setor por
escolha própria, percebido pelas falas:
Sinto-me realizada. (Boneca 1)
Vim após limitação médica, mas sinto-me inteiramente feliz. (Avião 4)
Já os que foram direcionados pela Instituição acreditavam que seria um desafio
trabalhar na pediatria, mas logo se identificaram e adquiriram afinidade com
esta unidade, uma vez que citaram:
Por necessidade da Instituição, porém... afinidade total. (Avião 3)
... necessidade de troca de turno. Desafio. (Avião 1).
Foi percebido em uma das falas um sentimento negativo, que é a obrigação de ir
trabalhar, relatado pela seguinte fala:
Sentimento de dever a cumprir... (Pintura 6)
A partir destas falas, infere-se que a maioria dos funcionários da pediatria
estão motivados com o local de trabalho, mesmo aqueles que foram direcionados
pela instituição. Apenas Pintura 6 relatou que trabalha por obrigação, sendo
estas palavras confirmadas pelas expressões da entrevistada.
É importante ter motivação em um ambiente de trabalho, pois trazem resultados
surpreendentes na assistência prestada ao paciente, visto que os profissionais
trabalham com grande auto estima, refletindo assim no atendimento aos
hospitalizados(12).
Em relação ao preparo técnico-científico da equipe de enfermagem sobre a
utilização do brinquedo terapêutico, os participantes mostraram o seguinte
conhecimento sobre o assunto:
... uma recuperação mais rápida e satisfatória. (Avião 3)
... preparar as crianças para os diversos procedimentos... (Avião 14)
Incentiva ao desenvolvimento cognitivo... (Pintura 3)
Forma da criança de se comunicar... (Pintura 5)
Desvia a atenção do procedimento... (Boneca 5)
A brincadeira pode revelar necessidades e sentimentos do pequeno paciente e
ajudá-lo a compreender as situações e os procedimentos diagnósticos e
terapêuticos pelos quais passará, favorecendo sua tranquilidade, sua segurança
e sua aceitação do tratamento, além de facilitar o convívio com os
profissionais de saúde(1), corroborando com os depoimentos de Avião 3, Avião
14, Pintura 3 e Pintura 5.
O brinquedo terapêutico se constitui numa forma de brincar estruturada para
aliviar as tensões da criança e deve ser utilizado sempre que ela tenha de
lidar com uma situação atípica e ameaçadora para sua idade, como, por exemplo,
uma internação no hospital, divergindo desta forma com a fala de Boneca 5.
No questionamento sobre a importância da utilização do recurso lúdico, percebe-
se, pelas falas, que a equipe de enfermagem conhece a importância do brincar
para as crianças hospitalizadas, com exceção de Boneca 6.
Entender sua doença, aderir ao tratamento e interagir... (Avião 3)
Reduz o stress, a ansiedade e minimiza traumas... (Pintura 4)
Expressão de sentimentos... (Avião 2)
Esquecer a dor, o mal estar. (Boneca 6)
A utilização do brinquedo terapêutico é um valioso instrumento no preparo de
crianças para procedimentos, pois não só lhes permite extravasar seus
sentimentos e compreender melhor a situação, como subsidia a equipe para a
compreensão das necessidades da criança(7).
Observa-se que apesar de Avião 3 ter iniciado na unidade por necessidade da
instituição, desenvolveu realmente uma relação com o setor, sua fala reflete o
pensamento de Leite(7).
Durante a hospitalização, as crianças passam por diversos procedimentos que
podem gerar traumas e, de acordo com as falas dos respondentes, os mais temidos
são:
Procedimentos invasivos. (Pintura 5)
Sondagens e punção venosa. (Avião 4)
Um dos eventos mais ameaçadores para a criança são os procedimentos invasivos,
porque é percebida como uma invasão extremamente dolorosa em seu corpo, onde
revalida as falas de Pintura 5 e Avião 4, sendo a punção venosa a resposta mais
prevalente entre as entrevistadas(13).
Um estudo feito em 2001 demonstrou a importância do uso do brinquedo
terapêutico no preparo da punção venosa. As crianças apresentavam-se inquietas,
chorosas e pouco comunicativas antes do procedimento e, após ser aplicada a
técnica lúdica, elas tornaram-se cooperativas, comunicativas e até interagiram
com a equipe e com as outras crianças(14).
A hospitalização é uma experiência estressante que envolve profunda adaptação
da criança às várias mudanças que acontecem no seu dia-a-dia, levando a equipe
de enfermagem a incentivar a permanência de acompanhantes e familiares na
unidade. Na brinquedoteca, nas enfermarias ou nos corredores os acompanhantes,
as crianças, os recreacionistas e os demais profissionais transitam e
interagem, todos com o objetivo de melhor assistir à criança. Como se pode
observar nas falas a seguir:
A família está inserida no contexto da hospitalização. (Avião 4)
Evita o ócio e a ansiedade. (Pintura 6)
Traz autoconfiança. (Pintura 4)
Um outro estudo realizado sobre a participação ativa dos pais na hospitalização
afirma que essa prática transmite tranquilidade à criança, atenuando vivências
desagradáveis durante esse momento (15). Percebe-se, portanto, que mesmo não
tendo o preparo ideal, estes profissionais percebem a importância da família.
Os brinquedos são ótimos recursos pedagógicos e/ou terapêuticos, mas para isso
os enfermeiros precisam conhecê-los e refletir sobre os mesmos. Acerca deste
assunto, os respondentes foram questionados sobre a hospitalização infantil e o
preparo lúdico na sua formação profissional, os quais revelaram que:
A hospitalização infantil sim, a atividade lúdica não. (Pintura 6)
Superficialmente, pois a ênfase é dada na patologia. (Avião 3)
Não existiu no curso. (Boneca 2)
A assistência de enfermagem à criança não corresponde apenas à técnica e aos
conhecimentos relacionados às patologias, mas também aos cuidados como um todo,
contemplando o físico-emocional e a família (8). Por isso faz-se necessário a
abordagem do recurso lúdico na formação acadêmica e profissional, como pré-
requisito para a qualidade da assistência.
As falas das participantes da pesquisa revelaram que a abordagem do brinquedo
terapêutico, em sua formação, foi bastante deficiente, visto que todas
responderam que nunca estudaram este tema. Essa abordagem deficiente leva a
compreender melhor algumas divergências entre respostas, como o fato dos
sujeitos de conhecerem a importância da utilização do lúdico na hospitalização,
porém não aplicam em suas atividades diárias.
Quando questionadas sobre o uso do Brinquedo Terapêutico nas atividades
profissionais, os sujeitos da pesquisa demonstraram conhecimento sobre diversos
brinquedos que poderiam ser utilizados, mas 100% das respondentes não souberam
responder qual o tipo de brinquedo seria adequado para a criança enferma de
acordo com a faixa etária, tipo de procedimento ou cuidados com a manutenção
dos mesmos. Podem-se utilizar bonecas, pinturas, desenhos, massa de modelar,
jogos, revistas em quadrinhos e dramatização com fantoches com os infantes
enfermos(16).
Alguns respondentes afirmaram possuir videogame, computador e urso de pelúcia
no espaço da brinquedoteca. As autoras, ao visitarem este espaço, notaram que
não existem tais equipamentos. Ademais bichos de pelúcia não são brinquedos
indicados, por acumular ácaros, serem de difícil higienização e, assim,
promover processos alérgicos. Em casos de se utilizar, é necessário normatizar
uma rotina de limpeza e desinfecção.
Quanto à existência de alguma rotina para a utilização da brinquedoteca e por
quem foi elaborada, as funcionárias responderam da seguinte forma:
Não existe rotina. (Pintura 2)
Sim. Por professores e alunos do curso de pedagogia da UFS. (Avião 3)
Sim. Coordenação da terapia ocupacional. (Pintura 5)
Existe sim, mas não sei por quem é elaborada. (Boneca 4)
Ficou claro pelos depoimentos que a brinquedoteca não possui uma rotina para
sua utilização, e, pelo que foi observado pelas autoras, essas crianças não têm
horários fixos e nem tão pouco o acompanhamento dos profissionais destinados a
tal finalidade, contradizendo a informação transmitida.
Foram identificadas, também, divergências nas falas de Avião 3 e Pintura 5,
pois ambas afirmaram que há uma rotina na brinquedoteca, porém divergiram
quando disseram por quem foi elaborada, demonstrando assim que a equipe de
enfermagem não participa das atividades deste setor e não tem conhecimento
sobre a rotina do mesmo.
A brinquedoteca é um espaço especialmente preparado para que a criança seja
estimulada a brincar, através do acesso a uma variedade de brinquedos, dentro
de um ambiente lúdico, sendo de grande importância para a compreensão e
aceitação da doença e para a evolução do tratamento. Pode ser coordenada por
diversos profissionais de saúde, dentre eles o enfermeiro(17).
Os instrumentos recreativos realizadas com crianças restritas ao leito
hospitalar são descritas pelas profissionais de enfermagem da seguinte forma:
Pinturas e desenhos. (Avião 1)
Aquelas que se adaptam às restrições físicas... (Avião 4)
Nenhuma. (Boneca 3)
Não sei. Porque quem faz esse trabalho é o pessoal de psicologia.
(Boneca 6)
O brinquedo terapêutico pode ser utilizado para todas as crianças
hospitalizadas, sem restrições físicas ou da própria enfermidade. Aquelas
crianças restritas ao leito também podem participar das atividades lúdicas, com
a visita diária de ludoterapeutas que levam alegria através de materiais
lúdicos conforme a idade e faixa etária(18), ratificando as falas de Avião 1 e
Avião 4.
Pode-se perceber no discurso de Boneca 6 a falta de conhecimento sobre o
assunto, pois a ludoterapia também é realizada pela equipe de enfermagem,
durante a internação do infante. Já na resposta de Boneca 3 foi identificado
que não há nenhuma atividade lúdica às crianças prostradas no leito. Durante a
coleta de dados, as autoras observaram que os profissionais da saúde não
utilizavam nenhuma técnica lúdica nos procedimentos com as crianças,
contradizendo a fala de algumas entrevistadas e confirmando a de Boneca 3.
Das dezessete entrevistadas, nove referiram que as brincadeiras que elas usavam
nas crianças acamadas eram: a pintura e o desenho, todavia, fica em dúvida a
qualidade destas ações, já que se percebeu nas falas anteriores um
desconhecimento sobre a aplicação destes recursos.
Na hospitalização, o brinquedo terapêutico é direcionado pela equipe de
enfermagem que tem como objetivo promover o bem-estar físico e psíquico da
criança, sendo importante a sua utilização nas atividades diárias dos
profissionais de enfermagem. Diante deste questionamento os sujeitos
ressaltaram:
Sim. Uso na administração de medicação, para a criança aceitar...
(Pintura 1)
Sim... para confortar a criança... explicar o procedimento... (Avião
3)
Sim... após procedimentos invasivos. (Pintura 5)
Não utilizo. (Boneca 4)
Estas falas divergem quando todos os sujeitos referem não saber quando utilizar
e o tipo de brinquedo a escolher em cada situação.
Das dezessete participantes da pesquisa, onze referiram que não utilizam o
recurso lúdico em suas atividades diárias, por isso é ideal que haja uma
capacitação e sensibilização destes profissionais da importância do uso desta
técnica para uma melhor assistência de enfermagem, visando suprir as
necessidades cognitivas e emocionais das crianças.
O uso do brinquedo terapêutico no preparo de crianças que necessitam submeter-
se a procedimentos invasivos mostrou-se eficaz, favorecendo a compreensão e o
controle das reações da criança decorrentes desta situação(13), condiz com as
falas de Pintura 1 e Avião 3. O discurso de Pintura 5 é contraditório, pois a
técnica é realizada antes dos procedimentos e não após.
A participação da família nas atividades lúdicas também é bastante importante,
visto que traz autoconfiança para a criança e aumenta o vínculo de afetividade.
Dos dezessete entrevistados, sete afirmaram que há o envolvimento da família
nas atividades com o brinquedo terapêutico, seis mencionaram que não há e três
não responderam. Com isso percebe-se que há controvérsias entre as afirmações
dos respondentes, onde não se consegue identificar a existência ou não desse
envolvimento dos familiares.
CONCLUSÃO
Na percepção sobre o brinquedo terapêutico, a maioria dos entrevistados
concorda que o brincar é uma atividade essencial para a vida da criança e
importante para seu desenvolvimento motor, emocional, mental e social, e o meio
de comunicação que ela possui para expressar seus sentimentos, suas ansiedades
e suas frustrações.
Apesar disto ficou claro que a equipe de enfermagem não possui o preparo
técnico-científico para utilizar o brinquedo terapêutico na prestação de
assistência de enfermagem, visto que além de desconhecerem o conceito e as
técnicas aplicadas à ludoterapia, esse tema teve escassa ou nenhuma abordagem
na formação acadêmica ou profissional de todos os entrevistados.
Foi constatado que os profissionais de saúde da unidade pediátrica desta
instituição não executavam as técnicas com os brinquedos em suas atividades
diárias, embora conheçam a importância da implementação de tal recurso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na instituição estudada, apesar de haver local destinado a esta prática, a sala
de brinquedoteca não tem sido explorada em todo o seu potencial, ficando muitas
vezes restrita para as crianças e para suas mães assistirem a programas de
televisão, sem orientação das atividades que lá poderiam ser desenvolvidas.
Portanto, torna-se imprescindível que a brincadeira seja utilizada como
instrumento essencial no dia-a-dia da enfermagem, e que o enfermeiro lidere
este setor, realize planos terapêuticos com sua equipe, sendo uma excelente
forma de humanizar o cuidado de enfermagem na criança hospitalizada.
Enfim, há uma necessidade do desenvolvimento da prática do brincar nos cursos
de graduação, bem como os de nível técnico, possibilitando aos estudantes a
capacitação necessária para o reconhecimento desta prática na assistência às
crianças e desenvolvimento de habilidade para o seu uso e que a prática do
brinquedo terapêutico seja inserida no plano de assistência de enfermagem
pediátrica. Cuidar com brinquedos é um dos meios mais eficientes de assistir
uma criança hospitalizada.