Abordagem metodológica diferenciada em aulas práticas de administração de
enfermagem
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Abordagem metodológica diferenciada em aulas práticas de administração de
enfermagem*
Differentiated methodological approach in practical classes of nursing
mannagment
Abordaje metodológica diferencial en aulas prácticas de administración de
enfermería
Leonor GonçalvesI; Fabiane FerrazII;Ana Lúcia Cardoso KirchhofIII; Vânia Marli
Schubert BackesIIII
IEnfermeira do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais -
HC/UFMG. Mestre em Enfermagem pela UFMG. Doutoranda pela PEN/UFSC. Membro do
Grupo de Pesquisa PRAXIS/PEN/UFSC. Beneficiária de Auxílio Financeiro da CAPES/
Brasil
IIEnfermeira. Mestranda da PEN/UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa EDEN/PEN/UFSC.
Bolsista CNPq
IIIEnfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFSC. Professora Adjunta do
Departamento de Enfermagem da UFSC. Membro do Grupo de Pesquisa PRAXIS/PEN/UFSC
IVEnfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFSC. Professora Adjunta do
Departamento de Enfermagem da UFSC. Coordenadora do Grupo de Pesquisa EDEN/PEN/
UFSC. Pesquisadora CNPq e FUNCITEC
Correspondência
1 Introdução
A questão "prática profissional da(o) enfermeira(o)" tem merecido por parte de
muitos, um debate constante para a definição mais contundente desta prática.
Existem diferentes concepções de enfermagem e do papel da(o) enfermeira(o), que
só historicamente irão se definindo como expressões sociais consolidadas, e,
convém lembrar que, como uma prática social, o trabalho de enfermagem tende a
participar das evoluções próprias do "mundo do trabalho" na saúde(4).
Frente a essa questão, o presente trabalho apresenta a experiência de uma
proposta de aulas práticas em administração de enfermagem, com uma abordagem
metodológica diferenciada, elaborada e realizada por discentes do Programa de
Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (PEN/
UFSC), em estágio de docência.
Os discentes do mestrado e doutorado da PEN/UFSC, com bolsa do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), devem cumprir no mínimo,
quatro créditos de estágio de docência, atendendo a Resolução 10/CUN/97, e
divulgar as reflexões e os resultados obtidos. Optamos, então, por construir,
uma proposta de estágio conjunta entre mestranda, doutoranda e docentes
orientadoras, com o objetivo de fortalecer a integração entre a graduação e a
pós-graduação ao desenvolver, em aulas práticas junto as(os) acadêmicas(os) da
sétima fase do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSC, a capacidade de
desempenhar funções administrativas e assistenciais da(o) enfermeira(o),
previstas no objetivo do programa da disciplina de Administração de Enfermagem
(4), por meio de uma abordagem metodológica de planejamento, execução, reflexão
e avaliação da administração de enfermagem, com base na Lei do Exercício
Profissional de Enfermagem(1), Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem
(2), Resolução COFEN 189(3), Manual da Organização Nacional de Acreditação
(ONA)(5), Manual de Normas e Rotinas de Atribuições da Equipe de Enfermagem(6)
do local de desenvolvimento desta experiência, entre outros suportes teóricos.
Desse modo, buscando articular os conteúdos das aulas teóricas com as
atividades práticas, as discentes da pós-graduação, além de ministrarem alguns
conteúdos teóricos, participaram na organização e realização das aulas
práticas, que ocorreram com dois grupos distintos de acadêmicas(os) em dois
períodos, nos meses de março e abril de 2004, com uma carga horária total 84
horas, em cada período. Como local de atuação, elegeu-se a Clínica Cirúrgica I,
localizada no 4º Andar do Hospital Universitário da UFSC (HU/UFSC), em
Florianópolis/SC, a qual possui 30 leitos de internação adulto, assistindo a
sujeitos-do-cuidado no pré e pós-operatório, nas diversas patologias cirúrgicas
(6). A escolha do local e da área de administração em enfermagem ocorreu, por
representar área de interesse das discentes da pós-graduação, bem como por ser
o campo de aulas práticas das docentes orientadoras do estágio de docência.
2 Revisão de Literatura
A revisão da literatura contribuiu para a reflexão, discussão e análise dos
resultados observados e teve como base o programa da Disciplina de
Administração em Enfermagem da UFSC(4), a Lei do Exercício Profissional de
Enfermagem(1), o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem(2), a
Resolução COFEN 189(3), o Manual da Organização Nacional de Acreditação (ONA)
(5), e ainda, para nortear nossa prática, utilizamos os conceitos de diversos
autores.
Assim, por compreendermos que a gestão de recursos humanos ocupa um espaço
importante no contexto da gestão global de um hospital, sendo que nenhum
projeto de desenvolvimento e melhoria de funcionamento pode ser implementado,
sem que venha afetar a gestão de pessoal das empresas hospitalares(7).
Acreditamos que um dos objetivos gerais da gestão de recursos humanos deve ser
o estabelecimento de pessoal em qualidade e quantidade ideais.
Sobre esta questão, são utilizados diferentes parâmetros, para o cálculo de
pessoal de enfermagem em diversas literaturas disponíveis, porém este deve
estar pautado em quatro dimensões, quais sejam, a avaliação das características
institucionais, do serviço de enfermagem, das unidades assistências, dos
sujeitos-do-cuidado e seus familiares(8). Sabe-se que o dimensionamento de
recursos humanos, em qualquer organização tem sido considerado um dos desafios
mais complexos, pois essa é uma condição imprescindível para a oferta de todos
os serviços institucionais(9).
O processo de enfermagem é a dinâmica das ações sistematizadas e inter-
relacionadas, visando a assistência ao ser humano, por meio de seis fases:
histórico, diagnóstico, plano assistencial, prescrição, evolução e prognóstico
de enfermagem(10). Porém, ao desenvolver tal processo, devemos realizar um
planejamento específico para o sujeito-do-cuidado, pois como um ser humano, ele
é um ser singular e complexo, que apresenta uma história própria de vida,
cabendo a ele, decidir pelo seu bem estar(11); e aos seres que desenvolvem as
atividades de enfermagem, respeitar o seu direito de escolha.
Ao falar em Enfermagem, não se pode esquecer de enfatizar que o cuidado ao "ser
humano", é a atividade central do enfermeiro, ou seja, todas as demais
atividades são importantes, mas existem para garantir o cuidado ao sujeito-do-
cuidado, sendo que o ato de cuidar constitui-se no processo de trabalho da
enfermagem. Desse modo o cuidado é uma ação terapêutica específica, cuja
finalidade é corresponder aos esforços das pessoas para dar sentido a sua saúde
ou a sua doença, mais do que curar(12).
Em todas as áreas do conhecimento, a busca por um processo educativo contínuo
tem sido uma constante. Na área da saúde, há essa preocupação, no sentido de
garantir uma assistência de qualidade à população, desse modo se compreende que
um dos componentes básicos para a promoção da saúde, é a qualificação do
profissional, sendo que em nossas vivências observamos que o cuidado ao
sujeito-do-cuidado só pode ser considerado de qualidade se o princípio de
processo contínuo de educação no trabalho for construído(11).
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem vem reforçar esta afirmação,
quando inclui a Educação Continuada no capítulo II dos direitos, e III das
responsabilidades(2). Assim, entendemos que é direito e dever do profissional
atualizar-se e manter-se atualizado em benefício do sujeito-do-cuidado, da
coletividade e do desenvolvimento da profissão.
Desse modo, acreditamos que a Educação Continuada refere-se a
um processo educativo formal ou informal, dinâmico, dialógico e
contínuo, de revitalização pessoal e profissional, de modo individual
e coletivo, buscando qualificação, postura ética, exercício da
cidadania, conscientização, reafirmação ou reformulação de valores,
construindo relações integradoras entre os sujeitos envolvidos, para
uma práxis crítica e criadora(13:201).
Ainda, cabe lembrar, que qualquer atividade que seja desenvolvida junto ao ser
humano, ou por ele, não pode prescindir dos aspectos éticos. Assim, a ética
aplicada se destina
a discutir as práticas individuais e corporativas nas múltiplas áreas
de atuação do ser humano em sociedade, visando determinar a atitude
correta relacionada a cada esfera da ação humana, buscando solucionar
os eventuais problemas morais que surgem no exercício profissional e
na vida social(14:159).
Assim, em nossa experiência, o princípio de ética deve ser respeitado, visto
que cuidamos de seres humanos, pois no nosso entendimento, a ética deve ser
aplicada, sempre que envolver um "ser humano" cuidando de outro "ser humano".
Convém destacar que este trabalho baseou-se também nas teorias contemporâneas
de aprendizagem, que partem da idéia de que as pessoas necessitam aprender
experimentando. Assim a aprendizagem por experiência em liderança e
gerenciamento é planejada para enfrentar problemas individuais, incidentes
isolados, problemas organizacionais e combinação de tipos de problemas, sendo a
realização de aulas práticas de administração de enfermagem uma estratégia para
este tipo de experiência(15).
3 Percurso metodológico
Para implementação da metodologia teórico-prática, previu-se a participação dos
grupos na passagem de plantão, e a seguir, leitura coletiva do livro de
registros da equipe de enfermagem. Ao final de cada dia, realizou-se avaliações
verbais pelo grupo de acadêmicas(os), discentes da pós-graduação e professora,
a respeito do trabalho desenvolvido, para críticas, sugestões e esclarecimentos
de possíveis dúvidas.
O planejamento das atividades práticas ocorreu em seis etapas, as quais foram
divididas no período de quatorze dias do estágio, conforme explicitado a
seguir:
Primeiro dia: inclusão do grupo de alunas(os) e professores na unidade, a
partir da proposta da disciplina; apresentação do projeto de estágio de
docência as(os) alunas(os) da graduação, solicitando sugestões a partir de uma
discussão crítico-reflexiva da proposta; realização de visita às dependências
da unidade; consulta aos prontuários dos sujeitos-do-cuidado e visita aos
mesmos, possibilitando a(o) acadêmica(o) o desenvolvimento da interação entre o
sujeito-cuidador e o sujeito-do-cuidado, permitindo aprimorar o relacionamento
interpessoais no trabalho.
Segundo ao sexto dia: as(os) acadêmicas(os) acompanharam por um dia, em esquema
de rodízio, a chefe de enfermagem, enfermeira(o) e demais membros da equipe de
enfermagem, sendo orientadas(os) a registrar suas impressões sobre estas
atividades em impresso próprio, e posteriormente, comparar as atribuições
observadas com as previstas na lei do exercício profissional de enfermagem,
dando ênfase aos aspectos éticos e técnicos, e também, visando levantar as
necessidades de educação continuada no trabalho, além de observar o
dimensionamento ideal de profissionais de enfermagem(1-3,13).
Posteriormente, deveriam comparar os dados obtidos e registrados, com a
Resolução COFEN-189(3), e, após reflexão crítica, sistematizar os achados
contendo: - a categorização da complexidade assistencial; - o referencial
mínimo para o quadro de profissionais de enfermagem; - horas de enfermagem por
leito; - jornada de trabalho e distribuição do total de profissionais de
enfermagem por categoria e turno. Os resultados foram apresentados ao grupo,
com posterior discussão coletiva e definição sobre o que seria elucidado como
sugestão ao serviço no relatório final.
Sétimo dia: dividiu-se em dois momentos, no primeiro momento, as(os) alunas(os)
foram divididas(os) em dois grupos: o primeiro analisou a experiência do
acompanhamento das atribuições da equipe de enfermagem com base na legislação
do exercício profissional(1), com vistas a apresentar uma sugestão de descrição
das atribuições da equipe de enfermagem na unidade. O segundo grupo, analisaria
a vivência do acompanhamento da visita diária ao sujeito-do-cuidado, para
definição do perfil de dependência de enfermagem dos sujeitos internados, com
apresentação de uma proposta de dimensionamento de recursos humanos, tendo como
base à Resolução do COFEN 189(3).
No segundo momento, os professores orientadores e discentes da pós-graduação,
desenvolveram um exercício de reflexão crítica junto as(os) acadêmicas(os),
sobre os resultados apresentados pelas(os) mesmas(os) de suas vivências, e
como, poderiam estabelecer conjuntamente um tema que seria apresentado como uma
proposta de intervenção a ser elaborada, executada e submetida a avaliação
pelos professores orientadores e discentes da pós-graduação, no décimo terceiro
dia de aulas práticas.
Oitavo ao décimo segundo dia: as(os) acadêmicas(os) deveriam reconhecer a
situação clínica dos sujeitos-do-cuidado, bem como desenvolver as atribuições
da(o) enfermeira(o) assistencial, no planejamento do cuidado, elaboração,
execução e avaliação do plano assistencial. Além de observar a infra-estrutura
física, de material, de equipamentos e as atividades necessárias de educação
continuada no trabalho para garantia da qualidade do cuidado de enfermagem.
Para atingir estes propósitos, assumiriam inicialmente o plano integral de
cuidados de no mínimo dois sujeitos-do-cuidado.
Décimo terceiro dia: as(os) acadêmicas(os) foram novamente divididas(os) em
dois grupos: o primeiro analisou a experiência de planejamento do cuidado ao
sujeito-do-cuidado internado por meio do plano assistencial, bem como os
recursos materiais, físicos e de equipamentos da unidade. O segundo grupo
analisou a implementação do plano assistencial tendo como base os aspectos
éticos e técnicos, com vistas à identificação das necessidades de educação
continuada no trabalho(1-3,13). Ambos os grupos, realizaram uma apresentação
dos resultados com análise crítica das atividades práticas vivenciadas.
Décimo quarto dia: foi dividido em dois momentos, no primeiro foi apresentada a
finalização da proposta de intervenção construída no campo de atividade
prática, e, o segundo momento, se destinou as avaliações que ocorreram de modo
verbal, individual e coletivo, e, na forma escrita, por meio de impressos
próprios da disciplina de Administração em Enfermagem(4), bem como, realizaram
a avaliação do trabalho desenvolvido pelas discentes da pós-graduação.
4 Apresentação e discussão dos resultados
Como resultados, observamos que nesta experiência, em diversos momentos
percebíamos que alguns membros do primeiro grupo de alunas(os), apesar de terem
concordado inicialmente com o projeto de estágio, nos hostilizavam com atitudes
de desaprovação quando estávamos orientando-os em relação às atividades
didáticas. Apesar da resistência, persistimos procurando alternativas que se
adaptassem ao grupo para realização dos objetivos propostos.
Porém, somente no sétimo dia, quando ocorreu a discussão dos dados coletados na
fase de reconhecimento das atribuições da equipe de enfermagem com base na lei
do exercício profissional de enfermagem(1), por meio da oficina de atribuições
de enfermagem, é que o grupo foi capaz de refletir e assimilar a importância,
da estratégia metodológica adotada para abordar este conteúdo, no planejamento
da assistência de enfermagem em unidade hospitalar. Somente neste momento de
avaliação do primeiro bloco, emergiu nas(os) acadêmicas(os), a consciência da
necessidade de assimilação deste conteúdo expresso em suas avaliações
registradas conforme apresentado a seguir:
foi mostrado uma realidade que até então não tinha sido discutida,
como por exemplo, o que eu posso fazer? o que eu não posso fazer? o
que é exclusivo do enfermeiro e para que atividade posso designar
meus funcionários(G1-A1).
aprendi que como administradora de unidade hospitalar, bar ou
restaurante, devo estar ciente e aplicar as normas e leis previstas
por nosso país a fim de evitar transtornos e processos por simples
falta de conhecimento(G1-A2).
agradeço as discentes da pós-graduação, por incitar este senso
crítico em mim (G1-A5).
Percebemos que a partir do reconhecimento e percepção da nossa capacidade
teórico-prática, ou seja, profissional, as(os) acadêmicas(os) passaram a nos
ver como profissionais colaboradores na sua formação. Frente a isso, o grupo
sugeriu que o conteúdo do sétimo dia fosse ministrado para o segundo grupo no
primeiro dia.
Cabe ressaltar que este grupo desenvolveu com facilidade a sistematização da
assistência de enfermagem, com enfoque no plano de cuidados e perfil de
dependência do sujeito-do-cuidado, assumindo inclusive um número maior de
sujeitos internados do que o previsto na metodologia inicial, bem como buscaram
assumir todas as atividades da(o) enfermeira(o) assistencial na sub-unidade que
estava sob sua responsabilidade, uma vez que dividimos a unidade em cinco sub-
unidades, sendo que cada aluna(o) ficou com a responsabilidade de gerenciar uma
sub-unidade. Acreditamos que isto se deva ao fato de estar implantado há vários
anos nesta instituição, as rotinas do plano assistencial e grau de dependência
dos sujeitos-do-cuidado(6), uma vez que é campo natural de aulas práticas em
outras fases, assim esta etapa foi facilmente assimilada.
As etapas de dimensionamento de recursos humanos, físicos, materiais e de
equipamentos, não foram desenvolvidos pelo grupo 01, uma vez que o mesmo
priorizou o desenvolvimento do projeto de intervenção, com base no problema que
consideraram mais relevante no momento; o que foi discutido e revisto por nós
para o segundo grupo.
Na avaliação final, as(os) alunas(os) do referido grupo, foram unânimes em
afirmar que na vivência das atividades práticas, as discentes da pós-graduação
contribuíram muito, no crescimento profissional, ainda, um dos membros sugeriu
que no grupo seguinte, os objetivos do projeto fossem distribuídos juntamente
com os instrumentos propostos, para facilitar a compreensão e manuseio.
Para o segundo grupo de acadêmicas(os) (Grupo 2), as sugestões apresentadas
pelo primeiro foram absorvidas pelas discentes da pós-graduação e professora do
campo; sendo que a sugestão de introduzir a dinâmica de oficina de atribuições
de enfermagem no primeiro dia de estágio foi adequada, pois constatamos no
desenvolvimento das atividades de observações, que todas(os) acompanharam os
membros da equipe de enfermagem, registrando com facilidade no impresso, com
espírito crítico e com riqueza de conteúdo.
É relevante destacar, que este grupo, principalmente na discussão do sétimo
dia, foi capaz de identificar quais atividades cabia a cada profissional de
enfermagem, a partir da legislação, atividade que o primeiro grupo teve certa
dificuldade. Assim, cientes do que é privativo a cada membro da equipe, as(os)
acadêmicas(os) conseguiram identificar as irregularidades que ocorreram na
unidade, bem como foram capazes de observar aspectos técnicos e éticos,
positivos e negativos por parte dos profissionais da equipe, e ainda, o perfil
de sujeito-do-cuidado da unidade.
Neste período, desenvolveram também o dimensionamento de pessoal de enfermagem,
quantitativo e qualitativo, concluindo que a unidade dispõe de recursos humanos
adequados ao perfil dos sujeitos-do-cuidado. Em relação ao diagnóstico de
recursos físicos, materiais e equipamentos, foi necessário acrescentar ao
planejado o roteiro de visita da ANVISA, pois as(os) acadêmicas(os)
apresentaram inicialmente dificuldades em estabelecer os parâmetros de
observação, provavelmente por desconhecimento das exigências legais para o
mesmo. Sendo que com este roteiro, foram capazes de se orientar e realizar um
diagnóstico completo da unidade; inclusive com sugestões de intervenção,
encaminhadas à unidade.
O segundo grupo, referiu que as atividades e objetivos propostos no projeto
foram atingidos, bem exemplificada pela fala a seguir:
O material entregue para nós, foi muito bom, permitindo avaliar as
questões sobre atribuições, definição do perfil do paciente da
unidade cirúrgica, possibilitando o desenvolvimento do
dimensionamento de recursos humanos desta. O material permitiu ainda
observar a sistematização da assistência de enfermagem, avaliar a
educação continuada na unidade, condições de recursos físicos,
materiais e de equipamentos. Os instrumentos ajudaram-nos a realizar
o diagnóstico da unidade com levantamento das irregularidades e
apresentação de sugestões para solucioná-los (G2-A3).
Conforme o relato acima, é possível constatar que o Grupo 02 conseguiu atingir
todos os objetivos previstos no projeto inicial, com um desempenho
satisfatório. Temos consciência, que isto foi possível, devido à experiência
vivenciada com o primeiro grupo e as sugestões apresentadas pelo mesmo, as
quais foram analisadas e incorporadas na prática do segundo grupo de acadêmicas
(os).
5 Considerações finais
A estratégia metodológica foi parcialmente atingida no primeiro grupo e a
partir da vivência e sugestões do mesmo, pode-se redimensioná-la, o que
possibilitou seu pleno desenvolvimento no segundo grupo. Sendo que, a abordagem
metodológica utilizada nas referidas aulas-práticas, permitiu as(os) acadêmicas
(os) a vivência de aplicação de instrumentos de planejamento, execução,
reflexão e avaliação da administração de enfermagem em uma unidade cirúrgica.
Pode-se ainda, verificar por meio das avaliações realizadas, que os discentes
da pós-graduação realizaram uma contribuição significativa no desenvolvimento
profissional das(os) acadêmicas(os), representadas pelas falas a seguir:
As discentes da pós-graduação se dispuseram a ajudar nas
dificuldades, no desenvolvimento dos objetivos do projeto e no meu
desempenho na unidade de internação em todos os momentos, associando
atividade prática com a teoria(G1-A3).
Foram motivadoras, esclarecedoras, flexíveis, atentas as nossas
dúvidas. Trouxeram literatura e outros materiais para facilitar e
aprofundar nosso conhecimento(G2-A1).
Portanto, pode-se concluir ainda, que a experiência profissional somada as
reflexões junto as(os) acadêmicas(os), foi de fundamental importância para que
atingissem os objetivos iniciais do projeto, mas principalmente, foi de grande
valor para reconhecerem o papel da(o) enfermeira(o) junto a equipe de
enfermagem em uma unidade de internação. Assim, reiteramos a importância para
os discentes da pós-graduação, realizarem estágio de docência no Curso de
Graduação de Enfermagem, uma vez que podem contribuir na construção de
conhecimentos teórico-práticos com as(os) acadêmicas(os), por meio do
compartilhar experiências, além de nos possibilitar, o desenvolvimento de
habilidades na área da docência e o exercício do registro desta vivência.