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BrBRCVHe0034-71672004000600022

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variedadeBr
ano2004
fonteScielo

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A enfermagem e o cuidar na área de saúde mental REVISÃO/REVIEW/REVISIÓN

A enfermagem e o cuidar na área de saúde mental*

Nursing and caring for in the area of mental health

La Enfermería en el cuidar en el área de la salud mental

Sueli de Carvalho VillelaI; Maria Cecília Moraes ScatenaII IEnfermeira. Mestranda em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP IIEnfermeira. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP E-mail: sueli.vilela@unifenas.br

1 Introdução A assistência psiquiátrica, no Brasil, até a década de 70 pode-se considerar marcada pela qualidade de assistência aos portadores de doenças mentais, superlotação das instituições psiquiátricas, comercialização da loucura e cronificação do doente mental, tendo como vertente principal o modelo médico e hospitalocêntrico para essa prática(1-4).

No final da década de setenta do século passado, emergem movimentos que procuram denunciar tal situação na perspectiva de melhoria da qualidade de assistência à saúde mental, tendo como ator central o Movimento dos trabalhadores de Saúde Mental que se inicia(5). Esse movimento impulsiona a discussão a respeito da assistência psiquiátrica, que culmina na adesão de outras esferas sociais, tais como familiares de doentes mentais internados e da mídia, na luta por uma assistência mais humana e menos segregadora e violenta derivada do modelo hospitalocêntrico. Fato que repercute, dando origem ao movimento de reforma da assistência psiquiátrica.

A reforma psiquiátrica brasileira "é um movimento histórico de caráter político, social e econômico, influenciado pela ideologia de grupos dominantes" (6:49). Esse movimento teve suas raízes na concepção de desinstitucionalização dos Estados Unidos e da Itália e hoje é discutida como parte das políticas de saúde.

Os objetivos da reforma enfatizam a substituição dos aparatos manicomiais pelos serviços comunitários e normatizam as internações involuntárias.

Nesse contexto, fica clara a importância da mudança de conceito e atitude quanto à doença mental e, para que isso ocorra, é necessário que os profissionais de saúde mental se adaptem às novas concepções e assim possam efetivar a assistência pautada em uma ideologia de cidadania, ética, humanização e uma assistência integral.

Para isso, evidencia-se a necessidade da equipe interdisciplinar, na qual haja, entre seus integrantes, a coesão, a integração e o inter-relacionamento efetivo, buscando a aceitação, a reciprocidade e interação, tanto entre os técnicos, quanto entre eles e o sujeito de seu cuidado.

Nesse sentido, a equipe interdisciplinar deve quebrar a hierarquia e os limites técnicos de cada um. Assim,as competências diversas de cada profissional devem ser integradas a partir de valores éticos, assegurando um espaço de interconexão entre os saberes e práticas. No projeto terapêutico, a preocupação maior deve ser a sua construção numa dimensão participativa, "o que não significa a perda da identidade profissional, mas a relativização da competência específica do coletivo"(7:590). Nesses termos uma difusão de papéis seria terapeuticamente mais valiosa ao pólo central de atenção - o cliente e seu acolhimento.

2 Objetivo Objetiva-se, com este trabalho, analisar o processo de assistência de enfermagem ao doente mental por meio de serviços externos ao hospital.

3 Este estudo Este estudo foi realizado com o intuito de buscar, nos periódicos nacionais, por meio de revisão bibliográfica, compreendendo o período de 1999 a 2001, a atuação da enfermagem na assistência ao doente mental.

Os artigos foram escolhidos com base nessa temática, a Enfermagem Psiquiátrica em serviços extra-hospitalares de saúde mental, e que fossem publicados no período de 1999 a 2001. Posteriormente, novos artigos foram escolhidos, baseados em trabalhos e discursos, que envolvessem as novas propostas de assistência nos serviços externos, como mecanismo de comentar essas assistências pela visão de outros interlocutores da saúde mental, compreendendo o mesmo período de publicação.

De posse dos artigos selecionados, esses foram lidos, realizando uma ficha catalográfica de cada um. A partir da compreensão do material, foi realizada a discussão que se prolonga neste estudo.

4 A enfermagem psiquiátrica e o cuidar O princípio que rege a Enfermagem é a responsabilidade de se solidarizar com as pessoas, os grupos, as famílias e as comunidades, objetivando a cooperação mútua entre os indivíduos na conservação e na manutenção da saúde(8).

Sabe-se que os caminhos trilhados para alcançar esse princípio da Enfermagem foram e ainda são percorridos, sobre pedregulhos, exigindo esforços para conviver com o inacabado, com a multifinalidade, com as diferenças, com as ambigüidades e com as incertezas. Doar-se faz parte desta experiência, e cuidar faz parte da doação e da cientificidade que é esperada nesse caminhar.

Nesse contexto, insere-se a Enfermagem Psiquiátrica, que não foge às regras da exploração num caminho ainda mais inacabado.

Desde os primórdios da sua existência, a prática de Enfermagem Psiquiátrica esteve marcada pelo modelo controlador e repressor, tendo suas atividades realizadas pelos indivíduos leigos, ex-pacientes, serventes dos hospitais e, posteriormente, desenvolvidas pelas irmãs de caridade(9).

O cuidar significava a sujeição dos internos às barbaridades dos guardas e carcereiros. Os maus tratos, a vigilância, a punição e a repressão eram os tratamentos preconizados e, geralmente, aplicados pelo pessoal de "Enfermagem", que se ocupava do lugar das religiosas(10).

No século XVIII, a assistência de enfermagem se dava dentro da perspectiva do tratamento moral de Pinel e da Psiquiatria descritiva de Kraepelin. O papel terapêutico atribuído às enfermeiras treinadas, na época, era o de assistir o médico, manter as condições de higiene e utilizar medidas hidroterápicas.

Todavia o conhecimento de que se dispunha sobre os alienados era o do senso comum, ou seja, entendia-os como ameaçadores e, por isso, sujeitos à reclusão.

As práticas de enfermagem no interior das instituições asilares e, posteriormente, dos hospitais psiquiátricos constituíam-se de tarefas de vigilância e manutenção da vida dos doentes(11). As atividades de manutenção de vida envolviam "práticas de higiene, alimentação, supervisão e execução de tratamentos prescritos, como a isulinoterapia, entre outros"(11:188). Com a introdução dos tratamentos somáticos, como a isulinoterapia e outros, foi exigida da Enfermagem uma assistência mais qualificada, fazendo com que sua prática fosse desenvolvida com a utilização de habilidades médico-cirúrgicas, conferindo-lhe um caráter científico.

As transformações, no papel do enfermeiro psiquiátrico, ocorreram concomitantemente à evolução da assistência prestada no asilo, isto é, acompanharam as transformações ocorridas na prática médica e, paralelamente, às tentativas de incorporação de novas técnicas e políticas direcionadas ao tratamento do doente mental(12).

As novas técnicas que possibilitaram as transformações na assistência de Enfermagem, ocorridas entre os anos 30 a 50, para essas autoras, foram: a comunidade terapêutica de Maxwell Jones, a psicoterapia institucional, a psiquiatria de setor, a psicanálise, os conceitos de psiquiatria dinâmica, preventiva, e democrática italiana. Essas técnicas incorporaram uma assistência na abordagem psicológica e social.

Outra contribuição à assistência de enfermagem psiquiátrica ocorreu no fim da década de 40, do Século XX, nos Estados Unidos, quando uma enfermeira, Hildegar Peplau, formulou a Teoria das Relações Interpessoais. Para tal, usou, como instrumento, a observação sistemática das relações enfermeiro-paciente. No trabalho de Zanote(13), quando fala das teorias de Enfermagem, considera a teoria de Peplau como pioneira nesse campo e comenta, ainda, que, para Peplau, à medida que aumenta a interação entre paciente-enfermeiro, aumenta a compreensão de papéis mútuos em torno do problema. Nesse entender, Peplau buscou valorizar a singularidade, a reciprocidade e a ajuda mútua entre o enfermeiro e o paciente. Ela preconizava a utilização de um plano para a assistência, que deveria reconhecer, definir e compreender o que acontece quando estabelecem relações com o paciente.

Esse foi o primeiro modelo teórico sistematizado para a Enfermagem Psiquiátrica e fez com que a Enfermagem passasse a buscar explicações sobre a loucura por meio de dois discursos: o psiquiátrico, que é basicamente organicista, predominante até o momento, e o psicológico, com ênfase nos aspectos comportamentais das relações humanas, que acontece no final dos anos 60(12).

Nesse contexto de transformação sócio-política, o enfermeiro passou a ser reconhecido como elemento integrante da equipe psiquiátrica e a ser respeitado como profissional.

Os anos 70 foram marcados, na Enfermagem Psiquiátrica, pelo relacionamento terapêutico, pois surgiu, também nos Estados Unidos, Joice Travelbee, que consagrou a relação de pessoa a pessoa nessa profissão. Seus métodos foram combinações de teorias existencial-humanistas, focalizando a relação do homem como ser existencial, que busca significado na sua vida e sofre com isso.

No Brasil, nesse período, destaca-se uma enfermeira, Maria Aparecida Minzoni, que se preocupou com a humanização da assistência ao doente mental. Minzoni muito contribuiu para a Enfermagem Psiquiátrica neste país, com atuações nos vários campos da Enfermagem, como no ensino, na pesquisa e na assistência.

Peplau, Travelbee e Minzoni descrevem a práxis da Enfermagem Psiquiátrica baseadas no processo interpessoal, porém, preferiram nomenclaturas diferentes para tal processo. Peplau denominou-o de processo interpessoal de cunho terapêutico; Travelbee nomeou-o de relação de pessoa-a-pessoa e Minzoni preferiu a relação interpessoal terapêutica ou relação de ajuda. Essas relações interpessoais são permeadas pela relação enfermeiro-paciente, por meio do poder contratual, da possibilidade de troca e de crescimento.

O processo de busca que permeia a prática da Enfermagem Psiquiátrica "implica capacidade de observação disciplinada e o desenvolvimento de aptidões para aplicar os conhecimentos teóricos da relação interpessoal de ajuda"(8:96). E aponta como requisito básico para essa prática a capacidade de amar, a capacidade técnica e científica e a capacidade de consciência crítica. Com isso, as atividades da Enfermagem devem estar acima da cientificidade técnica; portanto o enfermeiro deve usar a autoconscientização e a sua pessoa como meio para a relação positiva com o sujeito. Assim, o enfermeiro não deve resolver os problemas do sujeito, mas sim trabalhar com ele, buscando encontrar a solução mais adequada para a sua condição, usando seus conhecimentos e habilidades profissionais.

As funções do enfermeiro estão focadas na promoção da saúde mental, na prevenção da enfermidade mental, na ajuda ao doente a enfrentar as pressões da enfermidade mental e na capacidade de assistir ao paciente, à família e à comunidade, ajudando-os a encontrarem o verdadeiro sentido da enfermidade mental. Para o enfermeiro realizar suas funções, deve usar a percepção e a observação, formular interpretações válidas, delinear campo de ação com tomada de decisões, planejar a assistência, avaliar as condutas e o desenvolvimento do processo. Essas ações fazem parte do processo de enfermagem, devendo direcionar o relacionamento interpessoal e terapêutico.

Nesse sentido, o processo de enfermagem de Irving foi aplicado num centro comunitário do Rio Grande do Sul, o qual mostrou-se operacionalizável dentro do novo paradigma da saúde mental e concluiu-se que é uma proposta de trabalho apropriada a equipes interdisciplinares (14). Nesse estudo, fica evidente que a observação não pode restringir-se à dicotomia corpo-mente, devem ser traduzidos para a inter-relação existente entre ambos, isto é, entre o corpo e a mente, pois a Enfermagem Psiquiátrica deve trabalhar todo o contexto do homem, em sua totalidade, sem fracioná-lo numa reflexão ética(14).

Nas décadas de 80 e 90, do século anterior, com os movimentos da Reforma da Assistência Psiquiátrica, os enfermeiros passaram a atuar nas instituições extra-hospitalares, ou seja, em ambulatórios, NAPS/CAPS, oficinas terapêuticas, dentre outros. Então, a atenção do profissional de Enfermagem direcionou-se a novas formas de cuidar na saúde mental, buscando serviços extra-hospitalares (9,11,15).

Nesses serviços, a Enfermagem, direciona suas atividades de forma diferenciada no tratamento dos doentes mentais, implicando atitudes de respeito e dignidade para com o enfermo, ações voltadas às individualidades do sujeito e participação deste em seu processo de tratamento, valorizando e estimulando o auto-cuidado, bem como a reinserção em grupos sociais e comunitários. Para isso, o profissional deve buscar espaços de produção do acolhimento, isto é, espaços que possibilitem a solidariedade, a afetividade, a compreensão, a autonomia, a ética e a cidadania, enfim, espaços que promovam a atenção psicossocial e a reabilitação do indivíduo.

Atualmente, com a demanda do mercado de trabalho e com os desafios enfrentados, torna-se necessário superar a perspectiva separativista das profissões e elaborar uma abordagem conjunta com os demais profissionais, formando, assim, uma verdadeira equipe interdisciplinar, o que não é fácil de ser realizado utilizando-se a concepção única dos objetivos da própria profissão. Talvez, essa interação deixe o profissional inquieto, pois exige algo mais de cada um dos constituintes na equipe. Nessa concepção a nova visão de saúde mental exige superar obstáculos, recusa o determinismo e a cristalização de conhecimentos, devendo os profissionais comprometer-se com o projeto de transformação da assistência a partir da transformação de si mesmos e consolidar a prática em equipe, buscando a integração e a distribuição de poder(16).

Em estudo bibliográfico sobre a produção científica e a atividade administrativa do enfermeiro, o qual compreendeu o período de 1988 a 1997.

Nesse estudo, concluiu-se que os trabalhos realizados em instituições extra- hospitalares mostraram uma tendência de mudança nas práticas desses profissionais, os quais vêm desenvolvendo atividades terapêuticas e grupais, apresentando um espaço mais definido enquanto profissional e reconhecido na equipe de saúde mental(17).

Kantorski(18) quando relatou a experiência desenvolvida em um CAPS, no Rio Grande do Sul, centrou suas discussões nas premissas desse serviço, enfocando a liberdade de ir e vir do sujeito. Tal liberdade funde-se com o ato terapêutico, possibilitando a participação ativa do sujeito nas decisões pertinentes a sua vida. Em tal serviço, o acolhimento, a escuta, o responsabilizar-se pela trajetória do indivíduo e o plano terapêutico centrado na individualidade do sujeito, a inserção familiar e da comunidade constituem-se premissas das novas tecnologias de cuidado e, dessa forma, proporcionam práticas capazes de "desconstruir" os aparatos manicomiais.

No Estado do Espírito Santo, a atuação da enfermagem vem sendo implementada com melhorias na assistência integral do sujeito, conforme redimensionam as diretrizes da política nacional de saúde mental(19).

Miranda et alii(20) quando analisaram o cuidado da Enfermagem Psiquiátrica, colocaram que a sua qualidade deve estar em consonância com a ética e a prática social libertadora da Reforma Psiquiátrica. Não compartilham com a orientação de que o cuidado deve antecipar a demanda, ou seja, deve-se conhecer a necessidade do indivíduo para, a partir dela, promover o cuidado. Definem cuidar como "acolher o sujeito que se comporta de forma diferente, mover-se com ele no cotidiano e interagir, possibilitando alternativas de expressão da sua produção psíquica"(20:194), o que é fundamental na construção do processo de viver saudável(21).

Nessa perspectiva, além de acolher o sujeito com sua história de vida pautada em seu contexto psicossocial e político-cultural, a Enfermagem oferece uma intervenção terapêutica, pois sedia o acolher, o ouvir e intervir por meio de instrumentos e ações que possibilitam re-abilitar e, com isso, busca a construção de uma melhor qualidade de vida.

A reabilitação é considerada, nesse momento, como necessidade e exigência ética, num espaço de trocas por meio de um nível contratual, quer seja no aspecto de produto social e mercadológico, quer sob o ângulo psicossocial em que haja desabilidades.

O processo de reabilitação seria um processo de reconstrução, um exercício de cidadania e de contratualidade. A construção da cidadania é o ponto fundamental da reabilitação psicossocial, sendo necessário um vínculo efetivo e contínuo, do profissional com o paciente, bem como deste com o serviço de saúde(8).

Com base nesse recorte que entrelaça a história da loucura, da Psiquiatria e da Enfermagem, num contexto de evolução dos serviços e da assistência, buscando a reabilitação e reinserção do doente como cidadão ético e autônomo, pensa-se em como a Enfermagem está atuando nos novos serviços de saúde mental.

Na tentativa de inovar e cientificar as atividades da Enfermagem, vem sendo implantada, nos serviços extra-hospitalares, a consulta de enfermagem, o processo ou sistematização de enfermagem(14).

Nesses trabalhos, percebe-se que a enfermagem pode desenvolver ações de reabilitação que visam ajudar o doente a lidar com a realidade, compreender a dinâmica de suas relações, reconhecer e admitir suas habilidades, capacidades e potencialidades, bem como aceitar, enfrentar e conviver com suas limitações.

Com isso, a dinâmica da assistência de enfermagem passa a ser desenvolvida de maneira abrangente, consistente, qualificada, sistemática, dialética e ética.

A partir da década de 90, do século XX, a atenção do profissional de Enfermagem direcionou-se a novas formas de cuidar na saúde mental, buscando serviços extra-hospitalares. Nesses serviços, a Enfermagem direciona suas atividades de forma diferenciada no tratamento dos doentes mentais, implicando atitudes de respeito e dignidade para com o enfermo, ações voltadas às individualidades do sujeito e a participação deste em seu processo de tratamento, valorizando e estimulando o autocuidado, bem como a sua reinserção em grupos sociais e comunitários(9,11,15).

5 Considerações finais Ao se reavaliar a prática de Enfermagem, deve-se fazê-lo numa perspectiva humanista, criativa, reflexiva e imaginativa, considerando como categoria central da profissão o cuidar compreendido como processo dinâmico, mutável e inovador.

A valorização das influencias biopsicossociais no processo de adoecer tornou-se necessária frente à percepção do doente como ser humano e cidadão. A criação e a manutenção do ambiente terapêutico e da interação profissional-doente fazem- se constantes sendo de responsabilidade da equipe interdisciplinar que atende nos serviços extra-hospitalares.

Nesse contexto, a capacidade de empatia, de uso da sua pessoa como mediadora do cuidado exige auto-conscientização, desenvolvimento de auto-estima e habilidades políticas dos profissionais, de forma que possam assumir todos os papéis que a profissão solicita.

Conforme o referencial levantado, as ações de enfermagem devem adquirir uma postura que coadune com os objetivos da reforma psiquiátrica na inserção da comunidade na assistência ao portador de transtornos mentais. Desde a década de 70 , essa política vem sendo implementada nos diferentes serviços de saúde mental, embora em alguns ainda se presencie a tendência medicalocêntrica. A partir das décadas de 80 e 90 do século passado, muitos trabalhadores na área de saúde mental têm-se comprometido com a "desconstrução" dos aparatos manicomiais e a construção de novas formas de lidar com a loucura.

No enfoque da mudança de paradigma, fica evidente a modificação de postura do enfermeiro para uma abordagem holística, considerando a individualidade do ser humano, o contexto de saúde e doença em que ele está inserido, o relacionamento interpessoal, permeando a co-participação no processo da reabilitação e a promoção do autocuidado como forma de responsabilizar o sujeito pela sua saúde.


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